Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A VIRGEM COM O GLOBO, A VIRGEM PODEROSA OU VIRGO POTENS – UM SEGREDO AINDA A REVELAR – PARTE I


Ilustração da 1ª Fase da Aparição de 27 de Novembro de 1830. A Virgem Imaculada
com o globo nas mãos e à altura do peito.
               “Foi o martírio de minha vida... Palavras de Santa Catarina Labouré à sua Superiora, Irmã Jeanne Dufès, ao expressar o sofrimento que a acompanhava desde a segunda Aparição da Santíssima Virgem, em novembro de 1830, trazendo um globo nas mãos e à altura do peito, representando o mundo.

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Desde o começo do ano de 1876, a Irmã Catarina anunciava sua morte. À medida que iam passando as festas da Liturgia ou da Comunidade, dizia: “É a última vez que assisto esta festa.” Aos que julgavam infundada este predição, assegurava com firmeza que ela não veria o ano seguinte.

Era grande seu pesar, vendo a devoção à Imaculada Conceição menor e menos geral do que no tempo do Padre Aladel; e lastimava que o seu diretor espiritual, tão cedo colhido pela morte, não tivesse podido realizar todas as recomendações deixadas pela manifestação da Santíssima Virgem, a 27 de Novembro de 1830.
Padre Aladel, primeiro confessor de
Santa Catarina Labouré, faleceu em
25 de Abril de 1965
 

Sentindo-se, por sua vez, perto de morrer, viu-se constrangida a revelar ao seu último confessor certas particularidades, que sem isso ficariam enterradas para sempre com o Padre Aladel.

Corria o fim do mês de Maio e começo de Junho de 1876. O Padre Chinchon, nomeado diretor do seminário interno da Congregação da Missão, com o qual a Irmã Catarina se confessava desde muitos anos, deixara de ir a Reuily e a Enghien para exercer seu ministério. Entretanto, a ele só é que a Vidente queria confiar os últimos segredos e as apreensões que lhe enchiam a alma.

Para este fim, ela, que nunca saia de casa, foi à Casa-Mãe dos Lazaristas, à rua de Sèvres, com a permissão da sua Superiora, e pediu ao Padre Eugênio Boré, Superior Geral dos Padres e das Irmãs de S. Vicente, a autorização excepcional de se dirigir ainda com o Padre Chinchon sobre assuntos de sua consciência. O Superior Geral não conhecia os fundamentos desse pedido, e recusou conceder essa exceção.

A Irmã Catarina obedeceu; voltou humildemente para casa, mas sofreu uma angústia cruel. Procurou a Superiora e, sem poder conter as lágrimas, que lhe brotavam dos olhos, disse:
Irmã Jeanne Dufès (foto de ABIM)

"Minha Irmã, sinto que estou perto de morrer; como não posso falar ao meu antigo confessor, preciso falar-vos. Sabeis a que respeito?

Irmã Catarina respondeu a Irmã Dufès (a quem o Padre Etienne dera informações sobre a Vidente) – sei que recebestes a Medalha Milagrosa da nossa Imaculada Mãe. Nunca vos falei disto, para não parecer indiscreta.

Pois bemreplicou a santa Irmã, mais animada com este começo de confidência – Amanhã consultarei a Santíssima Virgem, durante a oração. Se ela me disser que devo falar. Se ela me disser que devo falar, contarei tudo. Ao contrário, se disser que devo calar-me, nada direi a ninguém. Se a Virgem permitir que eu fale, virei procurá-la às dez horas. Conversaremos no parlatório de Enghien; ali estaremos tranquilas”.

A Superiora ouviu estas palavras, ditas entre lágrimas, com comoção extraordinária e aperto do coração. Foi a primeira vez que tomou em consideração o que lhe dizia a Irmã Catarina. Prometeu ir a Enghien. Nessa mesma noite contou à sua auxiliar o que se passara e acrescentou: Imaginai a minha ansiedade até amanhã às dez horas.

No dia seguinte, um pouco antes da hora marcada, a Irmã Catarina chamou a Superiora, que logo atravessou o jardim e penetrou no parlatório de Enghien, onde o colóquio começou. Duas horas durou a audiência. Só o toque do Angelus, ao meio-dia, pôs termo à conferência. No entanto, durante todo esse tempo, as duas irmãs se conservaram de pé, como para uma conversação de poucos minutos.
Imagem existente no jardim do Hospício
de Enghien, perante a qual Santa Cata-
rina fazia diariamente uma breve oração
quando passava para seu ofício

Que declarações fez a Vidente à sua superiora?

A Irmã Catarina, escreve a Irmã Dufès, durante a nossa conversa, repetiu todas as particularidades das visões da Santíssima Virgem. Num dado momento, disse que a Virgem tinha aparecido com o globo nas mãos, à altura do peito, e viu que a divina Mãe oferecera esse globo a Nosso Senhor, enquanto os seu lábios se lhe moviam. A Irmã compreendeu que a Virgem rezava pelo mundo inteiro.

“Eu objetei o seguinte: nunca se falou desse globo nas mãos da Santíssima Virgem; se falarmos nisto agora, todos dirão que estais ficando louca. Ela respondeu: Não será a primeira vez que me chamam de doida, mas eu direi até meu último suspiro que a Santíssima Virgem, quando me apareceu, tinha o globo do mundo nas mãos.

Que dizia a Santa Virgem ao oferecer o globo?

Ah! Irmã, eu não ouvia, mas compreendi perfeitamente que ela rezava pelo mundo inteiro.

E depois, que foi feito do globo, oferecido pela Virgem?

Irmã, eu não sei. E fez o gesto de estender os braços e as mãos, mas acrescentou: Não vi mais senão raios que caiam sobre outro globo, que a santíssima Virgem pisava, principalmente num ponto onde estava escrita a palavra França.

Mas repliquei, pode prejudicar a Medalha Milagrosa falar-se agora deste globo.

Não, não, Irmã, não se deve tocar na Medalha. Faça-se uma estátua com o globo, e erija-se um altar no mesmo lugar onde a Virgem me apareceu. Esta estátua tem sido o martírio de minha vida; eu não queria comparecer diante da Santíssima Virgem sem que esta estátua estivesse feita”.

A Irmã Catarina indicou duas Irmãs de Caridade, das mais notáveis pelas suas virtudes e pelas relações imediatas com o Padre Aladel, as quais poderiam confirmar a verdade de suas palavras: a Irmã Pineau, primeira sacristã da Rue du Bac, e a Irmã Maria Grant, antiga secretária geral no tempo do Padre Aladel.

A Irmã Dufès estava admiradíssima, ouvindo a Vidente contar com tanta naturalidade e facilidade os favores que havia recebido de Maria Imaculada. Perguntava a si própria se era aquela mesma Irmã tão calada e considerada incapaz de exprimir de modo claro as próprias ideias, e que nem sabia defender-se quando acusada injustamente.

Mais de uma vez, no correr da conversa, a Superiora teve vontade de cair de joelhos aos pés da humilde e santa Vidente; ao menos, pediu-lhe perdão por tê-la tratado com tanto desprezo. A mensageira de Maria humilhou-se também e só exigiu da Superiora que fizesse construir o altar e erigi-se a estátua da “Virgem da Humanidade”, Advocata nostra, chamada hoje de Virgo Potens[1].

Continua....



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[1] Collete Yver, “La vie secrète de Catherine Labouré, p. 239.



FONTE: CASTRO, Pe. Jerônimo Pedreira de, C.M., “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, 2ª edição/1951, Cap. VIII, pp. 222 a 226 – O texto foi revisto e atualizado, sendo que o título e os destaques são nossos. 

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