Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019


A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA E O MUNDO



A Imaculada Conceição

A esta criatura dileta entre todas, superior a tudo quanto foi criado, e inferior somente à Humanidade Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus conferiu um privilégio incomparável, que é a Imaculada Conceição.
Em virtude do pecado original, a inteligência humana se tornou sujeita a errar, a vontade ficou exposta a desfalecimentos, a sensibilidade ficou presa das paixões desregradas, o corpo por assim dizer foi posto em revolta contra a alma.
Ora, pelo privilégio de sua Conceição Imaculada, Nossa Senhora foi preservada da mancha do pecado original desde o primeiro instante de seu ser. E, assim, nela tudo era harmonia profunda, perfeita, imperturbável. O intelecto jamais exposto a erro, dotado de um entendimento, uma clareza, uma agilidade inexprimível, iluminado pelas graças mais altas, tinha um conhecimento admirável das coisas do Céu e da terra. A vontade, dócil em tudo ao intelecto, estava inteiramente voltada para o bem, e governava plenamente a sensibilidade, que jamais sentia em si, nem pedia à vontade algo que não fosse plenamente justo e conforme à razão. – Imagine-se uma vontade naturalmente tão perfeita, uma sensibilidade naturalmente tão irrepreensível, esta e aquela enriquecidas e super-enriquecidas de graças inefáveis, perfeitíssimamente correspondidas a todo o momento, e se pode ter uma ideia do que era a Santíssima Virgem. Ou antes se pode compreender por que motivo nem sequer se é capaz de formar uma ideia do que a Santíssima Virgem era.

Inimicitias ponam

Dotada de tantas luzes naturais e sobrenaturais, Nossa Senhora conheceu por certo a infâmia do mundo em seus dias. E com isto amargamente sofreu.
Pois quanto maior é o amor à virtude tanto maior é o ódio ao mal.
Ora, Maria Santíssima tinha em si abismos de amor à virtude, e, portanto, sentia forçosamente em si abismos de ódio ao mal. Maria era pois inimiga do mundo, do qual viveu alheia, segregada sem qualquer mistura nem aliança, voltada unicamente para as coisas de Deus.
O mundo, por sua vez, parece não ter compreendido nem amado Maria. Pois não consta que lhe tivesse tributado admiração proporcionada à sua formosura castíssima, à sua graça nobilíssima, a seu trato dulcíssimo, à sua caridade sempre exorável, acessível, mais abundante do que as águas do mar e mais suave do que o mel.
E como não haveria de ser assim? Que compreensão poderia haver entre Aquela que era toda do Céu, e aqueles que viviam só para a terra? Aquela que era toda fé, pureza, humildade, nobreza, e aqueles que eram todos idolatria, ceticismo, heresia, concupiscência, orgulho, vulgaridade? Aquela que era toda sabedoria, razão, equilíbrio, senso perfeito de todas as coisas, temperança absoluta e sem mácula nem sombra, e aqueles que eram todos desmando, extravagância, desequilíbrio, senso errado, cacofônico, contraditório, berrante a respeito de tudo, e intemperança crônica, sistemática, vertiginosamente crescente em tudo? Aquela que era a fé levada por uma lógica adamantina e inflexível a todas as suas consequências, e aqueles que eram o erro levado por uma lógica infernalmente inexorável, também a suas últimas conseqüências? Ou aqueles que, renunciando a qualquer lógica, viviam voluntariamente num pântano de contradições, em que todas as verdades se misturavam e se poluíam na monstruosa interpenetração de todos os erros que lhe são contrários?
"Imaculado" é uma palavra negativa. Ela significa etimologicamente a ausência de mácula, e pois de todo e qualquer erro por menor que seja, de todo e qualquer pecado por mais leve e insignificante que pareça. É a integridade absoluta na fé e na virtude. É portanto a intransigência absoluta, sistemática, irredutível, a aversão completa, profunda, diametral a toda a espécie de erro ou de mal. A santa intransigência na verdade e no bem é a ortodoxia, a pureza, enquanto em oposição à heterodoxia e ao mal. Por amar a Deus sem medida, Nossa Senhora correspondentemente amou de todo o Coração tudo quanto era de Deus. E porque odiou sem medida o mal, odiou sem medida Satanás, suas pompas e suas obras, o demônio, o mundo e a carne. Nossa Senhora da Conceição é Nossa Senhora da santa intransigência.
Postal do Primeiro Centenário do Dogma da
Imaculada Conceição de Maria

Verdadeiro ódio, verdadeiro amor

Por isto, Nossa Senhora rezava sem cessar. E segundo tão razoavelmente se crê, Ela pedia o advento do Messias, e a graça de ser uma serva daquela que fosse escolhida para Mãe de Deus. Pedia o Messias, para que viesse Aquele que poderia fazer brilhar novamente a justiça na face da terra, para que se levantasse o Sol divino de todas as virtudes, espancando por todo o mundo as trevas da impiedade e do vício. Nossa Senhora desejava, é certo, que os justos vivendo na terra encontrassem na vinda do Messias a realização de seus anseios e de suas esperanças, que os vacilantes se reanimassem, e que de todos os países, de todos os abismos, almas tocadas pela luz da graça levantassem voo para os mais altos píncaros da santidade. Pois estas são por excelência as vitórias de Deus, que é a Verdade e o Bem, e as derrotas do demônio, que é o chefe de todo erro e de todo mal. A Virgem queria a glória de Deus por essa justiça que é a realização na terra da Ordem desejada pelo Criador. Mas, pedindo a vinda do Messias, Ela não ignorava que este seria a Pedra de escândalo, pela qual muitos se salvariam e muitos receberiam também o castigo de seu pecado. Este castigo do pecador irredutível, este esmagamento do ímpio obcecado e endurecido, Nossa Senhora também o desejou de todo o Coração, e foi uma das conseqüências da Redenção e da fundação da Igreja, que Ela desejou e pediu como ninguém, "Ut inimicos Sanctae Ecclesiae humiliare digneris, Te rogamus, audi nos", canta a Liturgia. E antes da Liturgia por certo o Coração Imaculado de Maria já elevou a Deus súplica análoga, pela derrota dos ímpios irredutíveis.
Admirável exemplo de verdadeiro amor, de verdadeiro ódio.

Onipotência Suplicante

Deus quer as obras. Ele fundou a Igreja para o apostolado. Mas acima de tudo quer a oração. Pois a oração é a condição da fecundidade de todas as obras. E quer como fruto da oração a virtude.
Rainha de todos os apóstolos, Nossa Senhora é entretanto principalmente o modelo das almas que rezam e se santificam, a estrela polar de toda meditação e vida interior. Pois, dotada de virtude imaculada, Ela fez sempre o que era mais razoável, e se nunca sentiu em si as agitações e as desordens das almas que só amam a ação e a agitação, nunca experimentou em si, tampouco, as apatias e as negligências das almas frouxas que fazem da vida interior um para-vento a fim de disfarçar sua indiferença pela causa da Igreja. Seu afastamento do mundo não significou um desinteresse pelo mundo. Quem fez mais pelos ímpios e pelos pecadores do que Aquela que, para os salvar, voluntariamente consentiu na imolação crudelíssima de seu Filho infinitamente inocente e santo? Quem fez mais pelos homens, do que Aquela que conseguiu se realizasse em seus dias a promessa do Salvador?
Mas, confiante sobretudo na oração e na vida interior, não nos deu a Rainha dos Apóstolos uma grande lição de apostolado, fazendo de uma e outra o seu principal instrumento de ação?

Aplicação a nossos dias

Tanto valem aos olhos de Deus as almas que, como Nossa Senhora, possuem o segredo do verdadeiro amor e do verdadeiro ódio, da intransigência perfeita, do zelo incessante, do espírito de renúncia completo, que propriamente são elas que podem atrair para o mundo as graças divinas.
Estamos numa época parecida com a da vinda de Jesus Cristo à terra. Em 1928 escreveu o Santo Padre Pio XI que “o espetáculo das desgraças contemporâneas é de tal maneira aflitivo, que se poderia ver nele a aurora deste início de dores que trará o Homem do pecado, elevando-se contra tudo quanto é chamado Deus e recebe a honra de um culto (Enc. Miserentissimus Redemptor, de 8 de maio de 1928).

Que diria ele hoje?

E a nós, que nos compete fazer? Lutar em todos os terrenos permitidos, com todas as armas lícitas. Mas antes de tudo, acima de tudo, confiar na vida interior e na oração. É o grande exemplo de Nossa Senhora.
O exemplo de Nossa Senhora, só com o auxílio de Nossa Senhora se pode imitar. E o auxílio de Nossa Senhora só com a devoção a Nossa Senhora se pode conseguir. Ora, a devoção a Maria Santíssima no que de melhor pode consistir, do que em Lhe pedirmos não só o amor a Deus e o ódio ao demônio, mas aquela santa inteireza no amor ao bem e no ódio ao mal, em uma palavra aquela santa intransigência, que tanto refulge em sua Imaculada Conceição?


_________Plinio Corrêa de Oliveira


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FONTE: excertos do artigo publicado na revista Catolicismo n. 54 - Setembro de 1954, sob o título “A Santa Intrangigência: Um Aspecto da Imaculada Conceição” – O título é nosso. Texto revisto e atualizado, com destaques acrescentados.


quinta-feira, 28 de novembro de 2019


28 DE NOVEMBRO – FESTA DE SANTA CATARINA LABOURÉ, A VIDENTE DA MEDALHA MILAGROSA

Santa Catarina Labouré (fotografia com seu autógrafo)

Catarina Labouré era uma mulher muito humana, uma santa próxima de nós. Sua vida foi ao mesmo tempo extraordinariamente simples e extraordinariamente notável. Ela tem verdadeira paixão por Deus, pela Santíssima Virgem, por São Vicente e pelos Pobres. Sua personalidade é excepcionalmente rica por sua simplicidade e humildade.
- (Cronologia)
1806, 2 de maio - nascimento em Fain-les-Moutiers
1815 - morte de sua mãe
1830, 21 de abril - entrada no Seminário das Filhas da Caridade, em Paris
1830, 19 de julho e 27 de novembro - principais aparições da Santíssima Virgem
1831 - Início de sua missão no asilo de Enghien, em Paris
1876, 31 de dezembro - morte de Catarina Labouré
1933 - transferência de seu corpo à Capela da Casa Mãe
1933, 22 de maio - beatificação
1947, 27 de julho - canonização pelo Papa Pio XII
28 de novembro dia da festa
Catarina era uma camponesa da Borgonha, a oitava filha de uma família de 10 filhos. Órfã aos 9 anos, ela decide substituir a mãe que acabava de perder por nossa Mãe do céu: Maria. Este gesto de fé será o acontecimento fundamental de sua relação privilegiada com o “Céu”.
Catarina fez sua primeira comunhão em 25 de janeiro de 1818, na igreja de Moutiers-Saint-Jean e tornou-se “muito mística” de acordo com a percepção de Tonine, sua irmã. Desde a idade de 12 anos de idade, ela é a colaboradora mais próxima de seu pai na fazenda. Sobrecarregada de ocupações, trabalha sem descanso, fortificando assim, seu temperamento ativo e sua capacidade de suportar o cansaço. Todos os dias, Catarina reza longamente. Antes de começar o dia, encontra uma maneira de participar da missa na igreja de Moutiers-Saint-Jean. Aos 13 anos, Catarina é tão “contemplativa” quanto “dona de casa”.
Santa Catarina distribuindo as Medalhas
Milagrosas

Por volta dos 15 ou 16 anos, ela tem um sonho estranho, um desses sonhos que no Evangelho chama-se visão, e não compreende o seu significado a não ser mais tarde. Catarina foi visitada por São Vicente de Paulo que a convidou a segui-lo.
Aos 18 anos ela expressa ao pai seu desejo de entrar para as Filhas da Caridade. Este não aceita e pretende fazê-la mudar de ideia enviando-a para Paris como cozinheira e criada no restaurante popular de seu irmão.
Quando Catarina completa 22 anos, o pai acaba cedendo ao seu desejo vocacional. Em abril de 1830, ela entra no Seminário, na Casa Mãe de Paris, rua du Bac. Admira muito São Vicente de Paulo e busca na oração força, paciência e orientação. Sorridente e alegre está sempre pronta a acolher as pessoas e procura realizar bem o trabalho cotidiano.
Desde sua chegada ao Seminário, Catarina é beneficiada, primeiro, com visões pessoais (do coração de São Vicente e de Nosso Senhor na Eucaristia), depois com duas aparições marianas que são uma mensagem de evangelização para a Igreja e o mundo. Essas duas aparições de 18 de julho e 27 de novembro são inseparáveis: a primeira prepara a segunda que, certamente, é de uma importância capital – Maria Imaculada confia ao mundo sua Medalha. Por este sinal, Maria revela sua Conceição Imaculada; o reverso da Medalha apresenta símbolos que mostram Maria intimamente ligada aos mistérios da Encarnação e da Redenção.
Para Catarina, Deus não é uma ideia, mas uma presença: Jesus Cristo, Deus feito homem entre os homens e entre os pobres. No final de janeiro de 1831, enviada ao serviço dos idosos do asilo de Enghien, dos pobres do bairro, dos aflitos, dos enlutados, dos marginalizados… ali serve incansavelmente durante 46 anos. Ela é para todos um oásis de paz, tratando seus idosos, particularmente, os mais desagradáveis, com delicadeza e bondade raras. Dá também atenção privilegiada aos doentes e agonizantes os quais vela habitualmente e nos quais reconhece o rosto de Cristo. Catarina não é somente uma “vidente”, mas também e, sobretudo, uma “mulher de fé”, revelando-se heroica em situações imprevistas e difíceis, principalmente durante a Comuna: tudo por Deus.
Corpo incorrupto de Santa Catarina Labouré,
 sob o altar da Virgo Potens (a Virgem do Globo)
Nos primeiros dias do ano de 1877, Irmã Catarina é enterrada sob a casa de Reuilly. Foi canonizada 70 anos após a sua morte. Em 1933, o corpo de Catarina é transferido para a Capela da rua du Bac e colocado sob o altar da Virgem com o globo. Assim, ela aparece como a primeira testemunha de um novo tipo de santidade, sem glória nem triunfos humanos, que o Espírito Santo começava a suscitar para os tempos modernos.


NOTA: Para saber mais sobre a vida e obra de Santa Catarina Labouré, e orações a ela dedicadas, VIDE AQUI.




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FONTE: Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo (texto revisto).

quarta-feira, 27 de novembro de 2019


NOVENA DA VIRGEM IMACULADA NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA

(de 19 a 27 de Novembro)

NONO E ÚLTIMO DIA
MARIA, CORREDENTORA DA HUMANIDADE


1. SINAL DA CRUZ


EM NOME DO PAI DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO AMÉM

  1. ATO DE CONTRIÇÃO:

Senhor meu, Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, Criador e Redentor meu. Por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, Vos ter ofendido, e pesa-me também por ter perdido o Céu e merecido o Inferno. Mas proponho firmemente, com o auxílio de Vossa divina graça e pela poderosa intercessão de Vossa Mãe Santíssima, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão de minhas culpas, por Vossa infinita misericórdia. Assim seja.

Rezar três vezes a jaculatória: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!

  1. ORAÇÃO INICIAL:

Ó Virgem Imaculada, Mãe de Deus e nossa Mãe, com a mais viva confiança na vossa poderosa intercessão, tantas vezes manifestada por meio da Medalha, nós, humildemente Vos suplicamos, alcançar-nos as graças que vos pedimos através desta novena. Pedir a graça…

Ó Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa que aparecestes a Santa Catarina Labouré, na atitude de medianeira do mundo inteiro e de cada alma em particular, colocamos entre vossas mãos e confiamos ao vosso Coração nossas súplicas. Dignai-vos apresentá-las ao vosso Divino Filho e no-las conceder se forem conformes à sua Vontade Divina e para o bem de nossas almas.

Depois de ter elevado a Deus vossas mãos suplicantes, descei-as sobre nós e cobri-nos com os raios de vossas graças, iluminando nossos espíritos, purificando nossos corações, a fim de que, sob vossa proteção, cheguemos um dia à bem-aventurada eternidade. Amém.

Rezar 3 Ave-Marias....

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós.



  1. MEDITAÇÃO DO DIA:
Ó Mãe Imaculada, fazei com que a cruz de vossa medalha brilhe sempre diante de meus olhos, suavize as penas da vida presente e me conduza à vida eterna.

Breve pausa para meditação ...

Rezar três Ave-Marias, seguida cada uma da invocação: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!
  1. ORAÇÃO FINAL:

Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por Vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de Vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém




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FONTES:

https://www.nospassosdemaria.com.br/Textos%20Rita/18-A%20Medalha%20Milagrosa.pdf


27 DE NOVEMBRO – FESTA DA VIRGEM IMACULADA DA MEDALHA MILAGROSA


27 DE NOVEMBRO DE 1830
A SEGUNDA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM A SANTA CATARINA LABOURÉ


Já se passavam mais de quatro meses daquela ditosa noite que a Santíssima Virgem Imaculada havia se manifestado à Irmã Catrina Labouré, e logo no início do colóquio tido com a Noviça, sua vidente e confidente, lhe anunciara: «Minha filha, Deus quer confiar-vos uma missão.» Diante de um anúncio desta natureza, Irmã Catarina passava os dias, semanas e os meses que se seguiram à espera da missão a ser revelada, e assim expressava sua expectativa:Eu tinha a convicção de que ela voltaria, assim escreveria em 1841, e que A veria no esplendor de sua beleza1.

Bela, de uma beleza que só ela possui, é assim que vai se revelar à sua filha Aquela que a Igreja chama: Mãe admirável e “uma terra bendita e sacerdotal, santa e isenta de mancha original”2.

- Narração escrita pela própria Vidente, em 1841.

A Irmã Catarina, por ordem do diretor espiritual, teve de escrever, em 1841, várias narrações sobre a aparição de 27 de Novembro de 1830. Eis a mais completa:

Hoje é dia da Assunção da Santíssima Virgem (15 de Agosto de 1841). Oh! Rainha que vos assentais perto de Deus, ouvi favoravelmente as minhas súplicas; é por vós e para maior glória vossa que vos peço esclarecer o meu espírito e dar-me a força e a coragem necessárias de tudo fazer por vosso amor. Perece que estou vivendo aquele momento, para mim tão caro, – aquele sábado, véspera do primeiro domingo do Advento.

Jesus, Maria, José.

O dia 27 de Novembro de 1830 era o sábado antes do primeiro domingo do Advento. As cinco e meia da tarde, depois da leitura da meditação, pareceu-me ouvir um ruído do lado da tribuna3, perto do quadro de S. José, como o fru-fru de um vestido de seda4.

Tendo eu olhado para esse lado, percebo a Santíssima Virgem na altura do quadro: estava de pé, vestida de branco-aurora, feito à moda que ordinariamente chamam à la vierge, de mangas compridas, com um véu branco, que lhe descia até a orla do vestido; por baixo do véu percebi os seus cabelos, separados em bandós, sob uma renda de três centímetros de largura, mais ou menos, sem pregas, pousando ligeiramente sobre os cabelos. Tinha o rosto bastante descoberto; os pés apoiavam-se sobre uma esfera, ou antes, sobre a metade de uma esfera, pois só se via a metade5.

Além disto, ela segurava nas mãos uma bola, que penso representar o globo terrestre, e levanta-a com ambas as mãos, sem nenhum esforço, até a altura do peito. Tinha os olhos voltados para o céu … o seu rosto era de tão pura beleza, que nem ouso tentar descrever.

A Virgem Imaculada com o globo nas
mãos

De repente, percebi anéis nos seus dedos, engastados de pedras brilhantes, uma maiores e mais belas do que as outras, das quais saiam raios que eram, também, uns mais belos do que os outros. Das pedras maiores saiam raios mais intensos do que os das menores. Esses raios iam-se alargando, à medida que desciam, a ponto de não me deixarem mais ver os pés da Virgem.

Enquanto eu me embevecia em contemplá-la, a Santíssima Virgem abaixou os olhos, fixando-os sobre mim. Ouvi uma voz que me disse: «Este globo, que vedes, representa o mundo inteiro, particularmente a França ...(Aqui eu não sei exprimir o que senti, nem como eram belos e deslumbrantes os raios, que via …)  Estes raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem.»

A Santa Virgem fez-me compreender quanto lhe são agradáveis as orações dos que a invocam, e quanto é generosa em conceder o que lhe pedem. – Nesse momento não sei onde eu estava, nem onde eu não estava …

Formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, de forma oval, no alto do qual estavam escritas, com letras de ouro, estas palavras: «Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!»

Ao mesmo tempo, uma voz me disse: «Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão muitas graças. As graças serão mais abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança.»

Poucos instantes depois, pareceu-me que o quadro girou sobre si mesmo, e vi o reverso da medalha. Fiquei inquieta por saber o que deveria colocar no dito reverso. Um dia, durante a meditação, ouvi uma voz que dizia: «O M e os dois corações dizem o bastante.»6

Detalhe dos raios que emanavam das mãos
da Santíssima Virgem

Como é possível notar-se, o relato feito pela Irmã Catarina e transcrito acima, embora seja o mais completo, ainda restam alguns pormenores que foram sendo revelados em outras narrativas, nas quais forneceu maiores detalhes, como: A Santíssima Virgem apresentava altura mediana, o vestido subia até o pescoço, o véu cobria a cabeça e descia, de cada lado, até os pés; sobre os cabelos trazia uma espécie de touca margeada de pequena renda de, mais ou menos, dois dedos de largura; o rosto não só estava bastante descoberto, mas inteiramente descoberto; havia sob os pés um globo branco;os olhos ora estavam erguidos para o céu, ora baixos. – A voz que falava à Vidente, fazia-se ouvir no fundo do coração. E a Irmã Catarina termina sua declaração deste modo: Tudo desapareceu como alguma coisa que se esvai. Fiquei cheia, não sei, não sei de que, de bons sentimentos, de alegria, de consolação.

Interrogada mais se não havia outro emblema sob os pés da Santíssima Virgem, além da metade da esfera citada no texto, a Vidente respondeu: Havia também uma serpente de cor esverdeada com manchas amarelas.7

Sobre a posição das mãos o manuscrito diz que estavam à altura do peito, segurando o globo; mas, repetidas vezes, a Vidente declarou que, quando o globo desapareceu, os braços da Virgem se estenderam e as mãos se abriram, como na Medalha Milagrosa8.

Havia três anéis em cada dedo das mãos: o mais grosso perto da mão, o médio na segunda falange, e o menor na extremidade do dedo; e cada anel estava enriquecido de pedras cintilantes, de grossura proporcional9.
A Medalha Milagrosa


A jaculatória: Ó Maria concebida sem pecado, formava um semi-círculo, começando à altura da mão direita, passando por cima da cabeça da Virgem, e terminando na altura da mão esquerda.

Uma pequena cruz de ouro, terminada por um pequeno traço na base, estava por cima da letra M; e por baixo da letra viam-se os dois corações de Jesus e de Maria, os quais a Vidente reconheceu bem, porque: um estava cercado por uma coroa de espinhos e o outro trespassado pela espada.10

As doze estrelas, que sempre figuraram na Medalha Milagrosa, a Irmã Catarina afirmou muitas vezes, oralmente, tê-las visto durante as aparições. É, portanto, um fato moralmente certo.11

A manifestação da Santíssima Virgem, tal qual descrevemos acima, renovou-se muitas vezes, com o mesmo conjunto de circunstâncias, em datas indeterminadas.
Síntese das Aparições de 1830


Portanto, assim se deu a Segunda Aparição da Virgem Imaculada a Santa Catarina Labouré no dia 27 de Novembro de 1830, talvez, a mais importante das aparições, pois foi nesta que lhe foi revelada a grande Missão que Deus lhe confiava: ser a Mensageira da Medalha Milagrosa para o mundo.


Neste dia que a Igreja celebra a Festa da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa ou, como também é conhecida, Nossa Senhora das Graças, queremos terminar esta postagem renovando a nossa consagração à Santíssima Virgem, com a oração de consagração recitada nos dias de sua Novena Perpétua.

Ó Virgem Mãe de Deus, Maria Imaculada, nós vos oferecemos e consagramos sob o título de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, o nosso corpo, o nosso coração, a nossa alma, e todos nossos bens, espirituais e temporais. Fazei que esta Medalha seja para cada um de nós um sinal certo de Vosso afeto para conosco, e uma recordação contínua dos nossos deveres para convosco. E ao trazer a vossa Medalha, guie-nos sempre a vossa amável proteção, nos conserve na graça de vosso Divino Filho. ó Poderosíssima Virgem, Mãe de Nosso Salvador, conservai-nos unidos a Vós em todos os momentos de nossa vida. Alcançai a todos nós, os vossos filhos a graça de uma boa morte, a fim de que juntos convosco possamos gozar um dia da celeste beatitude. Amém.
Reza-se três Ave Marias …
3x: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!




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1 A expressão francesa é belíssima e inimitável: “J'avais la conviction que je l'a verrais belle dans son plus beau.”.

2 “Terra es benedicta et sarcerdotalis, sancta et imunis culpae originalis.” (Hino da Sexta, no peq. Ofício da Im. Conc.).

3 A mesma tribuna do lado da epístola, perto do quadro de S. José. Na primeira aparição foi desse lugar que a Santíssima Virgem desceu e se assentou nos degraus do altar na cadeira do Padre Diretor.

4 O dicionário ortográfico de língua bras., de H. Lima e G. Barroso aceita este neologismo (na linguística, é a utilização de novas palavras a partir de outras já existentes, num mesmo idioma ou não - “aplicativo Dicio”).

5 Não há tradução para esta expressão francesa: “à la vierge”. Damos em grifo, como um título a esse feito de vestido.

6 Esta é a segunda narrativa da Irmã Catarina, em 1841.

7 “La Médaille miraculeuse”, p. 82.

8 Inquérito canônico, p. 10.

9 “La Médaille miraculeuse”, p. 75.

10 Deposição do Padre Aladel, Inquérito, p. 2.

11 “La Médaille miraculeuse”, p. 76.







FONTE: CASTRO, Padre Jerônimo Pedreira de. “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, 2ª edição/1951. pp. 87 a 95 – Título e destaques são nossos.