Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

VIRGO POTENS: A VIRGEM PODEROSA


Imagem da Virgo Potens, na lateral do altar, local da Aparição da Virgem Ima-
culada, na Capela Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, Rue du Bac

140, Paris.
Este grande universo, que contemplamos dia e noite, o qual chamamos mundo, está governado por leis fixas que o Criador lhe deu e, por meio dessas leis maravilhosas, está defendido de qualquer degeneração substancial. Pode ocorrer que uma parte desse mundo se rebele contra outra, pode também suceder que se produzam mudanças internas, porém, visto em seu conjunto, está constituído assim para durar indefinidamente. Por isso, o salmista diz: “O mundo está firme, jamais tremerá” (Sl 92,1).

Assim é o mundo da natureza; existe outro mundo todavia mais maravilhoso. Existe uma força, um poder, que altera e domina esse mundo visível, que suspende e altera suas leis; é o mundo dos anjos e dos santos, da Igreja santa e de seus filhos; e a arma da qual se vale para dominar essas leis é o poder da oração.

Por meio da oração se pode fazer tudo o que de maneira natural é impossível. Noé orou e Deus disse que nunca mais haveria outro dilúvio que submergisse a raça humana. Moisés orou e então caíram sobre a terra do Egito a dez pragas. Josué orou e o sol se deteve em seu caminho. Samuel orou e retumbou o trono e a chuva caiu nos campos de trigo. Elias orou e caiu fogo do céu. Eliseu orou e o morto voltou à vida. Ezequiel orou e o numeroso exército dos assírios foi derrotado e pereceu.
Antiga gravura da invocação da
Ladainha Lauretana: Virgo Potens

 (Virgem Poderosa). 


Por isso a Santíssima Virgem é chamada poderosa e, às vezes, também Toda-Poderosa, porque possui, mais que ninguém, mais que todos os anjos, mais que todos os santos, esse grande, esse poderoso dom da oração. Ninguém tem o acesso ao Toda-Poderoso tanto quanto sua Mãe; ninguém tem tanto mérito como Maria. Seu Filho não pôde negar nada do que Ela lhe pedia; daí vem o poder que possui. Sendo a defensora da Igreja, nem de cima e nem de baixo, nem de homens nem de espíritos, nem de grandes monarcas, nem das más intenções, nem da violência dos povos, algo pode chegar a nos fazer mal; a vida humana é curta, e Maria reina no alto; é Rainha para sempre.




Vide nossas duas publicações do início deste mês de Outubro, sob o título “A Virgem com o globo, a Virgem Poderosa ou Virgo Potens – Um Segredo ainda a Revelar”, Parte I e Parte II, pelas quais apresentamos a Virgem Imaculada em sua Aparição a Santa Catarina Labouré, na tarde do dia 27 de Novembro de 1830.



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FONTE: Livro “Reflexões sobre a Virgem Santíssima”, Cardeal Newman (John Henry Newman), tradução Rodrigo Matsuki, Editoras Formato Livros de Formação e Factash Editora, São Paulo/2006, Cap. XXVII, pp. 94-96. O título é nosso.  

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A FIGURA DE NOSSA SENHORA NA MEDALHA


Anverso da Medalha Milagrosa representando a
Virgem Imaculada com os braços estendidos,
desde sua primeira cunhagem.
 
A propósito da figura de Nossa Senhora, com as mãos e os braços estendidos, tal como aparece na Medalha Milagrosa, levanta-se uma delicada e controvertida questão.

Dos manuscritos de Santa Catarina pode-se inferir que Nossa Senhora lhe apareceu três vezes, duas das quais oferecendo o globo a Nosso Senhor. Em nenhum desses numerosos autógrafos há qualquer menção ao momento em que a Mãe de Deus teria estendido seus braços e suas virginalíssimas mãos, como se vê na Medalha Milagrosa e nos primeiros quadros representativos das aparições.
Essa divergência entre as descrições de Santa Catarina e a representação da Medalha Milagrosa foi logo apontada pelo biógrafo da vidente, Monsenhor Chevalier, ao declarar em 1896 no processo de beatificação: "Não chego a compreender por que o Padre Aladel suprimiu o globo que a Serva de Deus sempre afirmou a mim ter visto nas mãos da Santíssima Virgem. Sou levado a crer que ele agiu assim para simplificar a medalha".
Porém, se lamentável é esta "simplificação" feita pelo Padre Aladel, ela não deve causar a menor perturbação. Sobre a Medalha Milagrosa, tal qual é conhecida e venerada hoje no mundo inteiro, pousaram as bênçãos da Santíssima Virgem. É o que, indubitavelmente, se deduz das incontáveis e insignes graças, dos fulgurantes e inúmeros milagres que tem ocasionado, bem como da reação de Santa Catarina ao receber as primeiras medalhas cunhadas pela Casa Vachette, dois anos depois das aparições: "Agora é preciso propagá-la!", exclamou ela.
Ilustração da Aparição da Virgem Imaculada
com o globo nas mãos, derramando graças.

Ainda acerca do globo que não figura na Medalha, uma decisiva confidência afasta qualquer dúvida. Em 1876, pouco antes de falecer, sendo interrogada pela sua Superiora, Madre Joana Dufès, Santa Catarina respondeu categoricamente:

- Oh! Não se deve tocar na Medalha Milagrosa!






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FONTE:A Medalha Milagrosa: História e celestiais promessas” - Livro Mons. João Clá Dias, texto obtido em http://www.media.arautos.org.br/artigo/226/A-figura-de-Nossa-Senhora-na-Medalha.htm.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

MARIA, FONTE DE NOSSA CONFIANÇA


Na primeira Aparição da Santíssima Virgem a Santa Catarina
Labouré, na noite do dia 18 para o dia 19 de julho, após anun-
ciar as tragédias que viriam, conforta-lhe dizendo:  "... Tende
confiança! Não percais a coragem. Eu estarei convosco...
".
 
Nosso Senhor, conforme narrado no evangelho de São João (Jo 19, 27), se dirige à sua Santíssima Mãe dizendo «Mulher, eis aí o teu filho!» e, logo em seguida, voltando-se ao discípulo amado, complementa «Eis aí tua mãe». Jesus Cristo, em sua bondade infinita, pouco antes de morrer, nos deixou uma mãe espiritual. Por isso, diz Santo Afonso de Ligório, não é por acaso que todos que possuem devoção à Santíssima Virgem Maria não conseguem chamá-la de outro modo senão de “mãe”.

Essa preciosa Mãe que nos foi entregue no calvário, nos ama tanto que pediu a Deus a nossa salvação desde o momento em que ela consentiu que o Verbo Eterno se fizesse seu Filho. Vendo a Santíssima Virgem o amor do Eterno Pai para com os homens, em querer seu Filho morto pela nossa salvação, e o amor do Filho em querer morrer por nós, Maria, consentiu, com toda Sua vontade, que seu filho morresse pela salvação da humanidade. Assim, quando Nosso Senhor disse à sua Mãe «mulher, eis aí teu filho» pode ser interpretado, conforme ensina Santo Afonso, como se o Salvador dissesse: Mulher, eis aí o homem que em consequência da oferta que tu fazes de minha vida pela sua salvação, já nasce para a graça; eu te declaro sua mãe. Maria é, portanto, nossa mãe.
Nossa Senhora Medianeira de Todas as
Graças.

É por meio dela que alcançamos as graças necessárias para nossa salvação. Foi no calvário, entre tantas dores, que a Mãe de Deus ofereceu seu Divino Filho a nós. Foi no calvário que nossa Santa Mãe nos gerou para a vida na graça. Depois do amor de Deus, pode existir amor maior que o de Maria? Diz Santo Afonso que se o amor que todas as mães têm aos filhos, todos os esposos às suas esposas, e todos os santos e anjos a seus devotos, se unissem em um só amor, não chegariam a igualar o amor que Maria tem a uma só alma. Felizes são aqueles que são filhos de Maria! E, como filhos, depositamos total confiança nela. Devemos ter uma esperança convicta de que nossa boa Mãe vai nos dar tudo que é necessário para nossa salvação.

Nossa Senhora é a estrela que devemos seguir para não afundarmos nas tempestades da vida. Confiando em nossa amabilíssima Mãe evitamos o naufrágio e chegamos ao seu Divino Filho, nosso Salvador. Durante a vida, continuamente estamos expostos às tentações pecaminosas que o demônio põe em nossos caminhos para perder nossas almas. Por muitas vezes nos encontramos em situações de tristeza ou desânimo, além de muitos pecados, como a inveja e o orgulho. Se, diante de uma tentação, buscarmos sozinhos enfrentar o pecado que o demônio nos apresenta, certamente perderemos essa luta, mas, se acompanhados de Nossa Mãe, que nos toma pela mão nas situações difíceis da vida, venceremos. Na luta contra a tentação, nossa principal arma é a devoção na Rainha dos Céus.
São Bernardo de Claraval com a Virgem Maria e
o menino Jesus.

É preciso invocá-la sempre e confiar que ela cuidará de nós. Nesse sentido, diz São Bernardo, em um belíssimo sermão: “Quando te assaltarem os ventos das tentações, quando vires aparecer os escolhos da desgraça, olha para a estrela, invoca a Maria. Se és sacudido pelas ondas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria. Se a cólera, a avareza, as seduções carnais vierem sacudir a leve barca de tua alma, levanta os teus olhos, olha para Maria. Se, perturbado pela lembrança atroz de teus crimes, envergonhado pela vista da imundice de tua consciência, aterrorizado pela ameaça do juízo de Deus, começas a submergir no remoinho da tristeza e no abismo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca a Maria...”. A confiança em Nossa Senhora é nosso meio mais eficaz contra as tentações do mundo e contra as adversidades da vida.

A Virgem Maria, ao aparecer para o jovem Juan Diego em Guadalupe, nos ensina, dentre outras coisas, que devemos ter absoluta confiança em sua proteção. Disse nossa doce Mãe: “Escuta e entende bem, meu pequeno filho, que nada te assuste, que nada te aflija. Não deixes teu coração perturbado. Não temas esta ou qualquer outra enfermidade ou aflição. Não estou aqui, eu que sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção? Não sou a fonte de tua alegria? Não estás sob o manto, na cruz dos meus braços? O que mais podes querer? Que nenhuma outra coisa te perturbe ou aflija...”.
Nossa Senhora de Guadalupe, de-
clarada "Padroeira de Toda Amé-
ca" pelo Papa Pio XII.

O que mais podemos querer, tendo Maria por Mãe? Estando junto a Nossa Senhora, não há motivo para tristeza, desespero, desânimo, ou qualquer outra inclinação negativa. Junto da Santíssima Virgem estamos amparados, pois estamos com nossa Mãe, que nos conduz ao Céu.

Devemos, portanto, nos recomendar continuamente à Santíssima Virgem, para que ela nos tenha sempre sob sua proteção: “Sub tuum praesidium confugimos, sancta Dei Genitrix!” (Sob tua proteção nos refugiamos, ó santa Mãe de Deus). Também São Luís Maria Grignon de Montfort, em uma de suas canções, nos convida a cultivar a confiança em nossa Doce Mãe. Diz a canção de São Luís:


Eu coloco minha confiança,
Virgem, no vosso socorro;
Servir-me de defesa,
Cuidai dos meus dias;
E, quando minha última hora
Vier determinar minha sorte,
Obtenha que eu morra
Da mais santa morte.

Ah! Seja-me propícia
Antes de morrer,
Apaziguai sua justiça
Receio o sofrimento;
Mãe cheia de zelo,
Protegei vossa criança
Eu vos serei fiel
Até o último momento

Olhai correr minhas lágrimas,
Mãe do belo Amor
Ponde um fim aos meus medos
Neste lance mortal
Vinde romper minhas cadeias
Para me aproximar de vós
Amável soberana,
Que minha sorte será doce!

Santa Virgem Maria,
Asilo dos pecadores,
Tomai parte, eu vos suplico,
Aos meus reais temores:
Vós sois meu refúgio,
Vosso Filho é meu Rei,
Mas ele será meu juiz,
Intercedeis por mim.

Desejando-vos agradar
Ó Rainha do meu coração
Eu prometo nada fazer
Que fira vossa honra
Eu quero que, por homenagem,
Aqueles que me estão sujeitos
Em todos os lugares, de todas as idades
Sirvam a vossos interesses.

Vós sois Virgem Mãe,
Depois de Deus meu apoio;
Eu sei que ele é meu Pai,
Mas vós sois o meu forte:
Fazei que na glória,
Entre os bem-aventurados,
Eu cante a vitória
Do Monarca dos céus.

No reverso da Medalha Milagrosa,
vê-se unidos os Corações de Jesus
e Maria.
Coloquemos, portanto, toda nossa esperança no doce coração de Maria! Que ela cuide de todos nossos interesses, até o último momento de nossas vidas! Que nossos atos, ainda que miseráveis, sejam entregues às mãos de Deus pela Virgem Maria, que é pura misericórdia. Invoquemos sempre essa estrela de graça, para nos manter firmes na fé Católica, guiando-nos ao porto da Salvação! Que a Virgem Maria, nossa Soberana Mãe, nos guie para a vida eterna, para que possamos, juntos, cantar a vitória do Monarca dos Céus!

Doce Coração de Maria, sede nossa salvação!






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FONTE: Excertos de artigo, sob o mesmo título, de autoria de Rafael Acácio, obtido em "Maria, fonte de nossa confiança", MONTFORT Associação Cultural, http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/maria-fonte-de-nossa-confianca/ - Texto revisto por nós.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A SANTÍSSIMA VIRGEM, ÚNICA MÃE DE [SANTA] LUÍSA DE MARILLAC


Com toda a probabilidade, Santa Luísa não conheceu a sua mãe, mas sempre confiou na Virgem Maria, a Mãe de Deus. Nos seus escritos, Santa Luísa menciona com frequência a Virgem Maria, invocando-a nas mais diversas circunstâncias; apresenta-a como modelo para si mesma e para as suas filhas; consagra-lhe a Companhia das Filhas da Caridade e, até a sua imaginação e a sua arte fazem Maria o motivo da sua pintura.

Santa Luísa nas suas orações, costumava invocar a intercessão da Santíssima Virgem: “Pelos méritos da Santíssima Virgem e o amor que lhes tendes”. (E. n. 260).

À Santíssima Virgem, Santa Luísa confiou o que mais amava neste mundo: o seu filho sob a proteção de Maria:


Santíssima Virgem,dignai-vos tomar o meu filho e a mim sob a vossa proteção e consenti, na opção que dessa proteção faço para servir-me de guia; recebei os meus votos e súplicas junto com o meu coração que vos entrego todo inteiro, a fim de glorificar a Deus pela escolha que a sua bondade fez de vós, para ser mãe do seu Filho…SL, E.5, pág. 783

No seu Regulamento de vida no mundo, Santa Luísa enumera várias práticas de devoção em honra da Virgem Maria. No catecismo, composto por Santa Luísa, ela explica e recomenda a Ave Maria e o terço. Contudo esta devoção de Santa Luísa perdurou na oração das Filhas da Caridade entre os mistérios do terço:

Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem pela pureza virginal, conceição imaculada, e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado filho, a humildade, a Caridade, grande pureza de coração e de espirito, a perseverança na minha Santa Vocação o dom da oração uma Santa vida e uma boa morte(E. n. 260).

Santa Luísa quis que a Companhia estivesse consagrada a Maria e a escolhe como sua Única Mãe (Cf. C. 120, 121, 281, 657, 662. SVP IX, 1148. E. n. 123). Em várias ocasiões, à Santíssima Virgem Única Mãe: Para melhor Honrar a Santíssima Virgem e renovar-lhe nossa dependência, a da Companhia em geral, como suas piores filhas, porém, vendo-a também como nossa muito digna e única Mãe” (E. 123).

a Santíssima Virgem, nossa única e verdadeira Mãe” (C. 281).
como verdadeira Filha da Caridade, tomeis tudo o que vos for dito, para àquela a quem, na terra representais, a verdadeira (mãe) do céu…” (C. 657).
A frase do “Testamento espiritual”:

Peçam muito à Santíssima Virgem que seja vossa única Mãe”, e é a síntese final, o testemunho solene de toda uma vida de reconhecimento de Maria, como Única Mãe.

Os seus escritos pessoais e a troca de correspondências com São Vicente mostram bem a sua vontade e as suas convicções. Santa Luísa pede permissão a São Vicente para fazer uma peregrinação a Chartres:

“...suplico-vos humildemente permite-me ir a Chartres, durante vossa ausência, para recomendar à Santíssima Virgem todas as nossas necessidades e as propostas que vos fiz. Já é bem tempo de pensar em mim e diante de Deus, eu vos asseguro crer que nisso está, igualmente, o bem de nossa pequena Companhia” (C. 120).


Santa Luísa relata a [São] Vicente sua peregrinação a Chartres:

…Segunda-feira, (17 de Outubro de 1644) dia da Dedicação da Igreja de Chartres, empreguei-a em oferecer a Deus os desígnios de sua providência sobre a Companhia das Filhas da Caridade, oferecendo-lhe a Companhia inteira e pedindo-lhe fosse destruída antes que subsistisse contra a sua vontade; supliquei para ela, por intercessão da Santíssima Virgem, Mãe e guardiã da referida Companhia, a pureza de que necessita. E, vendo na Santíssima Virgem a realização de todas as promessas feitas por Deus aos homens e, no mistério da Encarnação cumprido o voto da Santíssima Virgem, pedi para a Companhia esta fidelidade, pelos méritos do Sangue do Filho de Deus e de Maria. Que Ela e Ele fossem o laço forte e suave dos corações de todas as irmãs para honrar a união das três divinas pessoas. E pelo que a mim pessoalmente se refere, coloquei nas mãos da Santíssima Virgem, conforme as anotações enviadas a meu honorável pai espiritual, a resolução a ser tomada…” (C. 121).

Luísa pede a [São] Vicente que a Companhia se consagre a Maria e a tome como Única Mãe:

Meu Honorável Pai, não ousei manifestar à vossa Caridade, em nome de toda a Companhia de nossas irmãs, que nos consideraríamos muito felizes se nos colocardes amanhã, no santo altar, sob à proteção da Santíssima Virgem. Não ousei suplicar à vossa Caridade que nos alcançasse a graça de fazer por nós o que teríamos de realizar e faremos, se vossa caridade o aprovar e no-lo ensinar.(C. 662).

Na Conferência de 8 de Dezembro de 1658, [São] Vicente de Paulo cede ao desejo de Santa Luísa, pronuncia esta oração:

Já que a Companhia se fundou sob o vosso estandarte e proteção e vos invocamos como nossa mãe, pedimos que recebais a oferta que dela fazemos em geral e de cada uma em particular. E porque permitis que vos chamemos Mãe e sois a Mãe de misericórdia, o canal de onde ela brota, que obtiveste de Deus, como é de crer, o estabelecimento desta Companhia, tomai-a sob a vossa proteção” (SV conf. De 8 de Dezembro de 1658, pág.854.)
No dia 12 de março, ela pede a Comunhão e se prepara com grande fervor e alegria para a receber no dia seguinte. O pároco de Saint Laurent, que administrou o sacramento, pediu-lhe que abençoasse as suas Filhas.

Então, a Senhora Le Gras pronunciou estas palavras, que lhes deixou como testamento e a sua última vontade:

Minhas queridas irmãs, continuo pedindo a Deus por vós e rogo-lhe que vos conceda a graça de perseverar na vossa vocação para que possais servi-lo no modo como ele vos pede.
Tende grande cuidado do serviço dos pobres e sobretudo de viver juntas numa grande união e cordialidade, amando-vos umas às outras, para imitar a união e a vida de Nosso Senhor... Peçam muito à Santíssima Virgem que seja vossa única Mãe” (E. n. 302).

Conclusão

Assim, no dia no dia 15 de Março de 1660, Luísa de Marillac não morreu, mas nasceu para a plenitude da sua vida. O seu primeiro biógrafo constatou um fenômeno produzido ao redor da sepultura de Luísa de Marillac, na Paróquia de Saint Laurent:
Detalhe do corpo intacto de Santa Luísa de Marillac exposto
em uma urna na Capela da Medalha Milagrosa, Rue du Bac,
140, Paris.

Do seu túmulo sai, de tempos em tempos, como um suave vapor que espalha um aroma suave semelhante ao da violeta e do lírio, do que há grande número de pessoas que podem dar testemunho; e o que é mais surpreendente, é que as filhas da caridade, que vêm fazer as suas orações sobre o seu túmulo, voltam às vezes tão perfumadas com esse cheiro, que o levam com elas às irmãs doentes na enfermaria da casa. Eu poderia acrescentar o testemunho da experiência que fiz várias vezes, se isso fosse de alguma consideração nesta circunstância e poderia dizer que, depois de ter tomado todas as precauções possíveis para examinar se não seria efeito de qualquer causa natural, não pude encontrar nenhuma a que isso se pudesse atribuir”.

Depois, Nicolas Gobillon nos convida a compreender o alcance e o significado deste fenômeno:

Mas seja qual for a qualidade do odor que se exala do sepulcro desta serva dos pobres, dele sai um, todo espiritual, dos exemplos da sua, mais precioso do que todos os perfumes, que é um milagre da graça e a marca mais gloriosa da sua santidade: é esse verdadeiro perfume, que penetra o coração das suas filhas, e que é para elas um atrativo tão suave e tão poderoso para as exorta à sua imitação. É aquele aroma que embalsama todas as paróquias e todos os pastores para lhes inspirar o amor e a solicitude pelos pobres. É, finalmente, aquele perfume que não só se espalhou sobre a terra na Igreja de Deus, mas subiu até ao seu trono, e que ele recebeu como um agradável sacrifício ” (N. GOBILLON, o.c., p. 185-186).

O perfume das violetas e dos lírios perdura e se prolonga nas Filhas da Caridade. Luísa promoveu a formação integral de todas as que chegaram à Companhia. Ela as ajudou a discernir a autenticidade da sua vocação; a entregar-se totalmente a Deus e servi-lo nos pobres; animou a sua vida de oração; sustentou a sua entrega a Deus quando apareceram as dificuldades no serviço dos pobres; criou um clima verdadeiramente fraterno entre as irmãs; interveio decisivamente para que a Companhia tivesse um marco jurídico apropriado, insistindo, sobretudo, que a direção fosse da competência do Superior Geral da Congregação da Missão e, sobretudo, inculcou nas suas filhas o verdadeiro espírito da Caridade, insistindo na excelência do serviço dos Pobres.

Escutemos o testemunho de Vicente de Paulo falando-nos sobre Santa Luísa como se nos falasse diretamente a nós:

“Que belo quadro pôs diante dos nossos olhos para imitarmos! Devemos considerá-lo como o protótipo que nos impele a fazer o mesmo…E como ela em todas as ações, só procurarmos a Deus. Fazia o que disse São Paulo: 'Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim'. Tinha grande preocupação de se parecer com o seu Mestre pela imitação das suas virtudes. Que belo quadro! Que fareis com ele minhas irmãs? Imitai-o na vossa vida! Meu Deus, que belo quadro! Que humildade, que fé, que prudência, que bom critério e desejo de conformar as suas ações com as de Nosso Senhor”.
Parece-me sempre atual o convite do padre Vicente: “Resta-nos, agora, fazer dela um modelo”. SV, conf. 24 de Julho de 1660, sobre as virtudes de Luísa de Marillac, pag.917




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FONTE: Excertos de artigo publicado pelo periódico “Eco – Nov-Dez 2014 – Santa Luísa: 'Continuo a pedir a Deus para vós a sua benção'”, Padre Corpus Delgado, cm, capturado em: http://filles-de-la-charite.org/pt/focus-on-2/focus-on-archives/2017-05/ – Texto revisto e adaptado por nós ao português do Brasil.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A MEDALHA MILAGROSA” - UMA HISTÓRIA CONTADA POR SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE (Zakopane, 2/15-V-1939)



A Medalha da Imaculada Conceição, chamada também "Medalha Milagrosa", é conhecida em todo mundo.

Qual é a sua origem?

"Era 27 de novembro de 1830 – escreve Santa Catarina Labouré – … enquanto o segundo estava traspassado por uma espada” (ps. 72-76)[1]".

Esta narração foi escrita mais tarde por ordem do seu diretor espiritual. No princípio, com efeito, o prudente confessor Dom Aladel não acreditava na autenticidade da aparição. Ele mesmo confessa: "A pessoa que havia tido a visão... que a Igreja chama Refúgio dos pecadores" (ps. 122-123).

Em outro lugar, ele mesmo escreve como conseguiu aquele projeto[2]: "Tive a ocasião de me encontrar com o Arcebispo de Paris, Mons. Jacinto Ludovico Quelen... decidi pôr mãos a obra" (p. 118).

Assim, pois, até junho de 1832 não apareceram as primeiras medalhas. A primeira conversão extraordinária obtida por meio da Medalha foi a do apóstata Pradt, da qual foi testemunha direta o Arcebispo Mons. Quelen, que havia autorizado a cunhagem da medalha.

A esta se acrescentaram outras inumeráveis conversões: tanto é assim que em pouco tempo se acrescentou à medalhinha o atributo de “milagrosa”. Já nos primeiros meses se difundiram por todo mundo milhões de exemplares da medalha até o ponto em que a produção não era suficiente para satisfazer os pedidos a tempo. Também a mim, no ano de 1920, me sucedeu um caso bastante peculiar.


No hospital de Zakopane, onde passei um tempo como paciente e capelão ao mesmo tempo, havia uma senhora estava já a ponto de morrer. Enquanto se preparava para a morte, falava com muita dor de seu esposo, cuja conversão já não esperava. Ele chegou ao hospital. Quis sugerir-lhe uma leitura adequada, conversar com ele sobre assuntos religiosos, porém ele me respondeu: "Eu necessito de provas mais claras"; embora não se preocupasse absoluto em ler livros mais sérios. Quando foi se despedir de mim, antes de ir embora, fiz a última tentativa. Entreguei-lhe a Medalha Milagrosa e ele a aceitou. Depois, lhe propus que se confessasse: "Não estou preparado, não, absolutamente não!", foi sua resposta, porém... caiu de joelhos e se confessou entre lágrimas.


_________
[1] Nesse ponto e nos demais, o taquígrafo, Fr. Pelagio Poplawski, deveria ter transcrito a parte indicada do volume de EDMUNDO CRAPEZ: Chwalebna Katarzyna Labouré [A Venerável Catarina Labouré].
[2] Cunhar a medalha.



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FONTE: livro “Rainha do Céu e da Terra”, São Maximiliano Maria Kolbe, organizadores: Frei Paulo Maria Noronha, OFMConv. e Rita de Sá Freire, Petrus Editora, 1ª edição, São Paulo/2012, pp. 38/39 – O título é nosso.