Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A SANTÍSSIMA VIRGEM, ÚNICA MÃE DE [SANTA] LUÍSA DE MARILLAC


Com toda a probabilidade, Santa Luísa não conheceu a sua mãe, mas sempre confiou na Virgem Maria, a Mãe de Deus. Nos seus escritos, Santa Luísa menciona com frequência a Virgem Maria, invocando-a nas mais diversas circunstâncias; apresenta-a como modelo para si mesma e para as suas filhas; consagra-lhe a Companhia das Filhas da Caridade e, até a sua imaginação e a sua arte fazem Maria o motivo da sua pintura.

Santa Luísa nas suas orações, costumava invocar a intercessão da Santíssima Virgem: “Pelos méritos da Santíssima Virgem e o amor que lhes tendes”. (E. n. 260).

À Santíssima Virgem, Santa Luísa confiou o que mais amava neste mundo: o seu filho sob a proteção de Maria:


Santíssima Virgem,dignai-vos tomar o meu filho e a mim sob a vossa proteção e consenti, na opção que dessa proteção faço para servir-me de guia; recebei os meus votos e súplicas junto com o meu coração que vos entrego todo inteiro, a fim de glorificar a Deus pela escolha que a sua bondade fez de vós, para ser mãe do seu Filho…SL, E.5, pág. 783

No seu Regulamento de vida no mundo, Santa Luísa enumera várias práticas de devoção em honra da Virgem Maria. No catecismo, composto por Santa Luísa, ela explica e recomenda a Ave Maria e o terço. Contudo esta devoção de Santa Luísa perdurou na oração das Filhas da Caridade entre os mistérios do terço:

Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem pela pureza virginal, conceição imaculada, e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado filho, a humildade, a Caridade, grande pureza de coração e de espirito, a perseverança na minha Santa Vocação o dom da oração uma Santa vida e uma boa morte(E. n. 260).

Santa Luísa quis que a Companhia estivesse consagrada a Maria e a escolhe como sua Única Mãe (Cf. C. 120, 121, 281, 657, 662. SVP IX, 1148. E. n. 123). Em várias ocasiões, à Santíssima Virgem Única Mãe: Para melhor Honrar a Santíssima Virgem e renovar-lhe nossa dependência, a da Companhia em geral, como suas piores filhas, porém, vendo-a também como nossa muito digna e única Mãe” (E. 123).

a Santíssima Virgem, nossa única e verdadeira Mãe” (C. 281).
como verdadeira Filha da Caridade, tomeis tudo o que vos for dito, para àquela a quem, na terra representais, a verdadeira (mãe) do céu…” (C. 657).
A frase do “Testamento espiritual”:

Peçam muito à Santíssima Virgem que seja vossa única Mãe”, e é a síntese final, o testemunho solene de toda uma vida de reconhecimento de Maria, como Única Mãe.

Os seus escritos pessoais e a troca de correspondências com São Vicente mostram bem a sua vontade e as suas convicções. Santa Luísa pede permissão a São Vicente para fazer uma peregrinação a Chartres:

“...suplico-vos humildemente permite-me ir a Chartres, durante vossa ausência, para recomendar à Santíssima Virgem todas as nossas necessidades e as propostas que vos fiz. Já é bem tempo de pensar em mim e diante de Deus, eu vos asseguro crer que nisso está, igualmente, o bem de nossa pequena Companhia” (C. 120).


Santa Luísa relata a [São] Vicente sua peregrinação a Chartres:

…Segunda-feira, (17 de Outubro de 1644) dia da Dedicação da Igreja de Chartres, empreguei-a em oferecer a Deus os desígnios de sua providência sobre a Companhia das Filhas da Caridade, oferecendo-lhe a Companhia inteira e pedindo-lhe fosse destruída antes que subsistisse contra a sua vontade; supliquei para ela, por intercessão da Santíssima Virgem, Mãe e guardiã da referida Companhia, a pureza de que necessita. E, vendo na Santíssima Virgem a realização de todas as promessas feitas por Deus aos homens e, no mistério da Encarnação cumprido o voto da Santíssima Virgem, pedi para a Companhia esta fidelidade, pelos méritos do Sangue do Filho de Deus e de Maria. Que Ela e Ele fossem o laço forte e suave dos corações de todas as irmãs para honrar a união das três divinas pessoas. E pelo que a mim pessoalmente se refere, coloquei nas mãos da Santíssima Virgem, conforme as anotações enviadas a meu honorável pai espiritual, a resolução a ser tomada…” (C. 121).

Luísa pede a [São] Vicente que a Companhia se consagre a Maria e a tome como Única Mãe:

Meu Honorável Pai, não ousei manifestar à vossa Caridade, em nome de toda a Companhia de nossas irmãs, que nos consideraríamos muito felizes se nos colocardes amanhã, no santo altar, sob à proteção da Santíssima Virgem. Não ousei suplicar à vossa Caridade que nos alcançasse a graça de fazer por nós o que teríamos de realizar e faremos, se vossa caridade o aprovar e no-lo ensinar.(C. 662).

Na Conferência de 8 de Dezembro de 1658, [São] Vicente de Paulo cede ao desejo de Santa Luísa, pronuncia esta oração:

Já que a Companhia se fundou sob o vosso estandarte e proteção e vos invocamos como nossa mãe, pedimos que recebais a oferta que dela fazemos em geral e de cada uma em particular. E porque permitis que vos chamemos Mãe e sois a Mãe de misericórdia, o canal de onde ela brota, que obtiveste de Deus, como é de crer, o estabelecimento desta Companhia, tomai-a sob a vossa proteção” (SV conf. De 8 de Dezembro de 1658, pág.854.)
No dia 12 de março, ela pede a Comunhão e se prepara com grande fervor e alegria para a receber no dia seguinte. O pároco de Saint Laurent, que administrou o sacramento, pediu-lhe que abençoasse as suas Filhas.

Então, a Senhora Le Gras pronunciou estas palavras, que lhes deixou como testamento e a sua última vontade:

Minhas queridas irmãs, continuo pedindo a Deus por vós e rogo-lhe que vos conceda a graça de perseverar na vossa vocação para que possais servi-lo no modo como ele vos pede.
Tende grande cuidado do serviço dos pobres e sobretudo de viver juntas numa grande união e cordialidade, amando-vos umas às outras, para imitar a união e a vida de Nosso Senhor... Peçam muito à Santíssima Virgem que seja vossa única Mãe” (E. n. 302).

Conclusão

Assim, no dia no dia 15 de Março de 1660, Luísa de Marillac não morreu, mas nasceu para a plenitude da sua vida. O seu primeiro biógrafo constatou um fenômeno produzido ao redor da sepultura de Luísa de Marillac, na Paróquia de Saint Laurent:
Detalhe do corpo intacto de Santa Luísa de Marillac exposto
em uma urna na Capela da Medalha Milagrosa, Rue du Bac,
140, Paris.

Do seu túmulo sai, de tempos em tempos, como um suave vapor que espalha um aroma suave semelhante ao da violeta e do lírio, do que há grande número de pessoas que podem dar testemunho; e o que é mais surpreendente, é que as filhas da caridade, que vêm fazer as suas orações sobre o seu túmulo, voltam às vezes tão perfumadas com esse cheiro, que o levam com elas às irmãs doentes na enfermaria da casa. Eu poderia acrescentar o testemunho da experiência que fiz várias vezes, se isso fosse de alguma consideração nesta circunstância e poderia dizer que, depois de ter tomado todas as precauções possíveis para examinar se não seria efeito de qualquer causa natural, não pude encontrar nenhuma a que isso se pudesse atribuir”.

Depois, Nicolas Gobillon nos convida a compreender o alcance e o significado deste fenômeno:

Mas seja qual for a qualidade do odor que se exala do sepulcro desta serva dos pobres, dele sai um, todo espiritual, dos exemplos da sua, mais precioso do que todos os perfumes, que é um milagre da graça e a marca mais gloriosa da sua santidade: é esse verdadeiro perfume, que penetra o coração das suas filhas, e que é para elas um atrativo tão suave e tão poderoso para as exorta à sua imitação. É aquele aroma que embalsama todas as paróquias e todos os pastores para lhes inspirar o amor e a solicitude pelos pobres. É, finalmente, aquele perfume que não só se espalhou sobre a terra na Igreja de Deus, mas subiu até ao seu trono, e que ele recebeu como um agradável sacrifício ” (N. GOBILLON, o.c., p. 185-186).

O perfume das violetas e dos lírios perdura e se prolonga nas Filhas da Caridade. Luísa promoveu a formação integral de todas as que chegaram à Companhia. Ela as ajudou a discernir a autenticidade da sua vocação; a entregar-se totalmente a Deus e servi-lo nos pobres; animou a sua vida de oração; sustentou a sua entrega a Deus quando apareceram as dificuldades no serviço dos pobres; criou um clima verdadeiramente fraterno entre as irmãs; interveio decisivamente para que a Companhia tivesse um marco jurídico apropriado, insistindo, sobretudo, que a direção fosse da competência do Superior Geral da Congregação da Missão e, sobretudo, inculcou nas suas filhas o verdadeiro espírito da Caridade, insistindo na excelência do serviço dos Pobres.

Escutemos o testemunho de Vicente de Paulo falando-nos sobre Santa Luísa como se nos falasse diretamente a nós:

“Que belo quadro pôs diante dos nossos olhos para imitarmos! Devemos considerá-lo como o protótipo que nos impele a fazer o mesmo…E como ela em todas as ações, só procurarmos a Deus. Fazia o que disse São Paulo: 'Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim'. Tinha grande preocupação de se parecer com o seu Mestre pela imitação das suas virtudes. Que belo quadro! Que fareis com ele minhas irmãs? Imitai-o na vossa vida! Meu Deus, que belo quadro! Que humildade, que fé, que prudência, que bom critério e desejo de conformar as suas ações com as de Nosso Senhor”.
Parece-me sempre atual o convite do padre Vicente: “Resta-nos, agora, fazer dela um modelo”. SV, conf. 24 de Julho de 1660, sobre as virtudes de Luísa de Marillac, pag.917




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FONTE: Excertos de artigo publicado pelo periódico “Eco – Nov-Dez 2014 – Santa Luísa: 'Continuo a pedir a Deus para vós a sua benção'”, Padre Corpus Delgado, cm, capturado em: http://filles-de-la-charite.org/pt/focus-on-2/focus-on-archives/2017-05/ – Texto revisto e adaptado por nós ao português do Brasil.

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