Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quarta-feira, 27 de junho de 2018


MEMÓRIA MENSAL DA REVELAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA


A MEDALHA MILAGROSA: BRASÃO DE MARIA


"Mãe dos pobres,
humildes e simples,
dos tristes e das crianças,
que sempre confiam em Deus.
Vós, que vivestes a dor e a pobreza,
que sofrestes à noite no lar,
que és a mãe dos pobres e esquecidos;
Vós sois o consolo daquele que reza em seu choro.

Ó Maria concebida sem pecado,
rogai por nós
,
que recorremos a vós”


O reverso da Medalha Milagrosa

A Medalha Milagrosa: Brasão de Maria


Três lindas insígnias dos dons com que o céu adornava Maria, vamos enunciar agora: são o ensinamento mais precioso, o timbre mais florido do escudo de Maria. Agora, olhe para o lado reverso da Medalha Milagrosa:

As doze estrelas. A luz é o que torna os corpos bonitos e também as almas. É por isso que a (Sagrada) Escritura apresenta Maria vestida de sol, com o suave brilho da lua, na base, e coroada pelas estrelas.

Estas doze estrelas simbolizam, diz São Bernardo, as prerrogativas da Virgem: são as quatro prerrogativas “do Céu”, as quatro prerrogativas “da Carne”, e as quatro prerrogativas “do Coração". Doze prerrogativas que constituem a Rainha do céu, da terra e dos abismos.

A Cruz e a letra M. Em nome de seu diretor espiritual (Pe. Aladel), a Irmã Catarina perguntou à Virgem se no reverso da Medalha deveria colocar uma breve oração, como a que aparece ao redor da imagem no anverso, e a Virgem respondeu: “o M e os dois corações dizem o bastante”.

A Cruz que repousa sobre o M, nos diz que Maria é a Mãe de Jesus Cristo, que morreu na cruz para nos salvar. Nos diz também que Maria cooperou não só com o desejo e a vontade de participar da redenção, mas também porque deu a Jesus o corpo que iria morrer, “a carne de Cristo é a carne de Maria”, o sangue que purificou o mundo, era o sangue de Maria, sangue levado e preservado em suas puras entranhas. Durante nove meses ela alimentou, de seu próprio ser, o corpo de Cristo, e quando dessa Estrela nasceu o Sol da Justiça, a Virgem aplicava seus seios nos lábios santíssimos de Deus; e assim comunicou ao Redentor a flor do sangue virginal, que deveria ser o preço da nossa salvação.

A esta cooperação, juntou as dores com que no Calvário seu Filho ofereceu ao eterno Pai.

Maria é a Mãe de Jesus morto na cruz, ao pé da qual foi, como um precioso vaso, recolhendo o preciosíssimo sangue a ser logo aplicado a todo gênero humano. Ela é a Mãe espiritual de todos os redimidos, e todos nós somos filhos de suas dores.

Os Sagrados Corações. O coração é a sede e o símbolo do amor. A união desses dois corações significa que são inseparáveis, que um mesmo desejo ardente os une: o desejo da salvação de toda a humanidade.
Postal francês com a Cruz e o M e os
Corações de Jesus e Maria (reprodução
do reverso da Medalha Milagrosa)

Mas o amor gera sacrifício e, nas chamas vivas desse amor, esses dois Corações foram inundados para purificar e santificar todos os filhos de Adão. São como as duas aves que o autor do Levítico ordenou para que fossem oferecidas pelos imundos leprosos, advertindo ao sacerdote de que o sangue de um deveria manchar o outro. Morre Jesus na cruz e Maria bebe do amargo cálice de sua Paixão, refletindo em seu Coração as penas de seu amado moribundo. Os dois carregaram sobre si as iniquidades dos homens.

É por isso que os dois Corações que aparecem na Medalha Milagrosa: o de Jesus, rodeado de espinhos e derramando sangue; o de Maria, rodeado de rosas e transpassado por uma espada, ambos unidos no mesmo amor e no mesmo sacrifício.

Façamos uma companheira à sua imagem, disse Deus, quando criou o homem. Quando Deus viu o sofrimento de seu Filho, quis dar-lhe uma companheira, que lhe fosse semelhante em tudo, a Santíssima Virgem.

Não é verdade, caro leitor, que a Medalha Milagrosa é um compêndio de Teologia Mariana e que merece o nome de “Brasão de Maria”?


_____________Rafael Cabrera, 1937. Voz Celeste (Padres Paúles)






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FONTE: https://fraymartindeporres.wordpress.com/2015/11/27/la-medalla-milagrosa-escudo-de-armas-de-maria/ (Texto traduzido e adaptado por nós para português do Brasil. Os destaques são nossos)

segunda-feira, 25 de junho de 2018


SÃO VICENTE E SANTA LUÍSA DE MARILLAC, DOIS HERÓIS DA CARIDADE


São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac

Alguém se atreveu a dizer que a caridade tem um nome divino com dois sobrenomes humanos. O nome divino é Deus, porque Deus é caridade. Os dois sobrenomes humanos são: São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac. A frase, embora à primeira vista pareça ousada, tem, no entanto, como pano de fundo a realidade. O nome e sobrenome de uma pessoa a identificam em particular, mas juntos, são diferentes, são dois sinais de equivalência, são como dois símbolos da mesma realidade, o primeiro e o segundo nome nos trazem à memória a mesma ideia, porque são dois caminhos direcionados ao mesmo fim.

Deus é caridade, diz São João, e quem permanece na caridade se identifica com Deus. E com Deus, esses dois santos gloriosos se identificaram, cujo lema sempre foi a prática da caridade. São Vicente e Santa Luísa foram duas vidas paralelas que sempre perseguiram o mesmo ideal. É por isso que eles se parecem com duas flores que exalam as mesmas fragrâncias. É por isso, também, que seus próprios nomes simbolizam a mesma virtude da caridade, e são dois sobrenomes sinônimos, reivindicando para si mesmos a verdadeira virtude, que é sinônimo de Deus.

São Vicente e Santa Luísa eram como duas mãos de uma mesma pessoa, que impulsionadas pelo mesmo amor, realizaram o mesmo empreendimento. Esse empreendimento foi a Companhia da Caridade, e o amor que a inspirou, foi um amor todo divino, ou seja, aquele amor que na linguagem teológica se chama Espírito Santo. Existe um amor pagão, que funciona apenas por razões humanas naturais. Esse amor não é nem divino nem cristão, porque dispensa Deus, porque não funciona para Deus. Esse amor não é caridade. O pecado seria usar Deus como seu sobrenome, porque tal nome consistiria apenas num insulto, como um apelido. Esse não foi o amor com o qual nossos dois santos amavam. Eles beberam a caridade no próprio Deus. Por Deus, eles fizeram tudo o que podiam, e em Deus, eles foram inspirados em todos os seus negócios. Eles foram, então, digamos, sem desvios, duas chamas divinas com as quais Deus reacendeu o amor entre os homens; as duas mãos da Providência que amaram o mundo e o envolveram no manto de seda da caridade.

Portanto, o mundo inteiro, ciente desses benefícios, sempre os considerou como a silhueta de Deus, aclamando-os, elogiando-os e os abençoando, clamando, louvando e bendizendo a Deus.




_________________Frei Martín de Porres, OP (São Martín de Porres)







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segunda-feira, 18 de junho de 2018

A VIRGEM IMACULADA, “DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS”
Estátua da Virgem Imaculada derramando graças, no altar principal da
Capela da rue du Bac, Paris
.
 
No ponto a que chegaram os estudos teológicos, não pode existir dúvida de que Nossa Senhora é, realmente, a Medianeira Universal de todas as graças.

Éfeso, 22 de junho do ano 431. Era já noite quando os Bispos ali reunidos em Concílio proclamaram o primeiro dogma mariano: o da Maternidade Divina da Virgem Maria. Impossível descrever o entusiasmo com o qual a população percorreu as ruas da cidade numa procissão com tochas acesas, aclamando jubilosa a Theotokos – Mãe de Deus (Vide Aqui nossa postagem do dia 1º de Janeiro).

Seguiu-se a este, em 649, o da Virgindade Perpétua da Mãe de Deus. Passaram-se mais de doze séculos e a Igreja proclamou, em 1854, o da Imaculada Conceição de Maria. Por fim, em 1950, foi declarado o da Assunção de Nossa Senhora ao Céu em corpo e alma.

Qual será o próximo, ninguém sabe. Mas o título que mais palpita nos corações autenticamente católicos é o de Maria, Medianeira de todas as graças. Padres e Doutores da Igreja sustentam com toda clareza esta doutrina. Pronunciaram-se já a favor dela também diversos Papas, bem como Santos canonizados e insignes teólogos.
Santa Maria com o Menino
Jesus (Maria, Mãe de Deus)

Uma circunstanciada análise deste tema é nos fornecida por Mons. João Scognamiglio Clá Dias1, em seus comentários ao Pequeno Ofício, baseando-se, principalmente, num dos maiores mariólogos de nossos tempos, o Pe. Gabriel Maria Roschini, OSM (1900-1977)2. Nas linhas abaixo, oferecemos aos leitores um resumo da sua brilhante exposição.


POR QUE MARIA MERECE ESTE TÍTULO


A Santíssima Virgem Maria coopera, de modo subordinado e dependente dos méritos de Cristo, na distribuição de todas e cada uma das graças divinas que são concedidas pelo Padre Eterno a todos e a cada um dos homens, cristãos ou pagãos; pode Ela, pois, com inteira propriedade e justiça, ser denominada a Dispensadora Universal de todas as graças.

Sob o nome de graça, entendem-se todos os benefícios pertencentes de forma direta ou indireta à ordem sobrenatural; portanto, toda graça, ordinária ou extraordinária, externa ou interna, habitual ou atual, gratis data ou santificante, sacramental ou extrassacramental, pedida ou não à Virgem Santíssima.

Obviamente, não se pretende dizer que nenhuma graça nos é concedida sem que a tenhamos pedido explicitamente a Maria. Afirmar isso seria confundir a prece que Lhe fazemos com a prece que Ela faz a Deus por nós. A Virgem Santíssima pode orar, e de fato ora muitas vezes por nós, sem que tenhamos invocado seu auxílio. Em algumas orações litúrgicas, não se invoca de modo explícito Nossa Senhora nem, aliás, Nosso Senhor Jesus Cristo. Em tais casos, entretanto, não falta, da parte de quem reza, a invocação implícita da Virgem Santíssima, pois é evidente que todo aquele que pede graças a Deus tenciona pedi-las de acordo com a ordem estabelecida pela Divina Providência, e esta não quis nem quer prescindir da intervenção de Maria. Em consequência, mesmo quando recitamos o Pai-Nosso, dirigindo diretamente a Deus nossas súplicas, implicitamente o fazemos por meio de Maria.
A Imaculada Conceição de Murillo

A VOZ DO MAGISTÉRIO PONTIFÍCIO
Em numerosos documentos, o Magistério ordinário da Igreja se manifestou de modo claro e inequívoco a respeito da Mediação Universal de Nossa Senhora.

Bento XIV escreveu: Maria é como o regato celeste, por meio do qual correm para o seio dos míseros mortais as ondas de todas as graças e de todos os dons3.

Pio VII chamou a Virgem Santíssima de nossa Mãe e Dispensadora de todas as graças4.

Leão XIII se manifestou de forma categórica: Com toda veracidade e propriedade é lícito afirmar-se que, do imenso tesouro de toda a graça a nós trazida por Cristo, absolutamente nada nos é comunicado, Deus assim o tendo estabelecido, senão por meio de Maria. De sorte que, assim como a ninguém é dado ir ao Pai senão por meio do Filho, semelhantemente, guardadas as devidas proporções, ninguém pode ir a Cristo senão por meio de Maria5.

São Pio X afirmou a mesma doutrina, acrescentando uma bela explicação: Por esse perfeito consórcio das dores e da vontade entre Cristo e Maria, mereceu esta tornar-Se, de modo digníssimo, a reparadora do mundo perdido e, portanto, a Dispensadora de todos os dons que Jesus nos obteve com sua Morte e seu Sangue. […] Cristo é, portanto, a fonte, e de sua plenitude todos nós recebemos. Maria, por sua vez, como observa adequadamente São Bernardo, é o aqueduto ou, se quiserem, o pescoço pelo qual o corpo se une à cabeça e esta transmite ao corpo a força e o vigor. Pelo que Maria é como o pescoço de nossa Cabeça, por meio do qual todo dom espiritual é comunicado ao Corpo Místico dessa Cabeça (São Bernardino de Sena)6.
A Assunção de Maria ao céu, em corpo e alma

Bento XV seguiu e enriqueceu a doutrina de seus antecessores: Corredentora com Cristo quer dizer haver colaborado com Ele em tudo que constituiu a obra da Redenção, e é muito verdade que Maria nisso colaborou maravilhosamente. Mereceu e satisfez com o Salvador, reconciliou-nos com Deus pela oferta da Hóstia que Ela mesma havia preparado, e é Ela ainda que nos distribui os bens sobrenaturais, pois é suprema entre os ministros na distribuição da graça7.

Como se vê, o Magistério ordinário da Igreja, ao qual é garantida uma assistência ordinária do Espírito Santo, ensinou muitas vezes, em documentos públicos e solenes, em matéria gravíssima relativa à Fé, e de modo afirmativo e categórico, a cooperação da Virgem Santíssima na distribuição de todas as graças.


A VOZ DOS PADRES, DOS DOUTORES E DE INSIGNES TEÓLOGOS
A doutrina da Mediação de Maria vem sendo enunciada de modo cada vez mais explícito no decorrer dos séculos. São João Damasceno, São Pedro Damião, Santo Anselmo, São Bernardo, Santo Alberto Magno e São Boaventura afirmam explicitamente esta prerrogativa da Mãe de Deus.

A partir do século XVI – devido, sobretudo, à impugnação levantada por protestantes, jansenistas e até mesmo alguns católicos –, essa doutrina mariana fez notáveis progressos, até tornar-se sentença comum dos teólogos. Entre os seus defensores, merecem menção especial São Roberto Belarmino, Santo Afonso Maria de Ligório, São Luís Maria Grignion de Montfort e outros insignes mestres da Teologia, tais como o Pe. Francisco Suárez, SJ, o Pe. Jean-Jacques Olier, fundador da Companhia dos Padres de São Sulpício, e Dom Jacques-Bénigne Bossuet, o famoso pregador.
As graças nos chegam pelas mãos de Maria

Inumeráveis vozes, portanto, do Oriente e do Ocidente se levantaram para proclamar de muitos modos esta lei fundamental, tão bem formulada por São Bernardino de Sena: Tal é o dever d’Aquele que dispôs que tivéssemos tudo por meio de Maria.


NÃO PODE EXISTIR NENHUMA DÚVIDA PRUDENTE
Tudo isto posto, o Pe. Roschini chega a esta categórica conclusão: Assim, sobre o fato da cooperação atual de Maria Santíssima na distribuição de todas e de cada uma das graças, no ponto a que chegou a especulação teológica, não pode existir nenhuma dúvida prudente, por menor que seja. Nossa Senhora é, realmente, a Dispensadora de todas as graças8.


__________Pe. Francisco Teixeira de Araújo, EP




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FONTE: Revista Arautos do Evangelho, Novembro/2017, nº 191, pp. 26 a 28. O título e os destaques são nossos.



__________________
1 Cf. CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição comentado. 2ª ed., São Paulo: ACNSF; Lumen Sapientiæ, v.II, 2011, p.125-146.

2 Cf. ROSCHINI, OSM, Gabriel Maria. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960, p. 99-107.

3 BENTO XIV. Gloriosæ Dominæ, 27/9/1748.

4 PIO VII. Ampliatio privilegio- rum Ecclesiæ Beatæ Mariæ Virginis ab Angelo salutatæ, 24/1/1806.

5 LEÃO XIII. Octobri mense, 22/9/1891.

6 SÃO PIO X. Ad diem illum, 2/2/1904.

7 BENTO XV. Inter sodalicia, 22/3/1918.

8 ROSCHINI, op. cit., p.107.

segunda-feira, 11 de junho de 2018


SANTA CATARINA LABOURÉ E A VISÃO DE NOSSO SENHOR NA EUCARISTIA


Antigo postal espanhol de Santa Catarina

O ano era 1830, para Santa Catarina Labouré era um ano repleto de realizações e revelações extraordinárias, sobrenaturais; o ano de seu ingresso na vida religiosa, na Companhia das Filhas da Caridade, Comunidade na qual sua irmã mais velha, Irmã Maria Luísa (Labouré), já havia ingressado há mais tempo. O mês, era junho, logo após o período Pascal e Pentecostes, na verdade, era o domingo da Santíssima Trindade.

Irmã Catarina estava predestinada a ser a mensageira da Medalha Milagrosa e a confidente da Virgem Imaculada, e para tanto, a Providência Divina a preparou, desde a adolescência, com aquele sonho profético de São Vicente de Paulo, cofundador da Congregação a qual ingressaria mais tarde, e tão logo a inseriu na Companhia das Filhas da Caridade, ele mesmo, S. Vicente, revela-lhe os segredos do seu coração, mostrando-lhe em três cores diferentes conforme a mensagem que desejava lhe comunicar (Vide Aqui).

As revelações de que seria destinatária na noite do dia 18 para o dia 19 de Julho daquele ano, eram muito densas de tristes avisos, e o próprio Senhor, antes mesmo de sua Santa Mãe, dava-lhe os primeiros sinais do que estava por vir à França, especialmente para o trono daquela nação, berço das congregações vicentinas, e local escolhido para revelação da Imaculada Conceição de Maria.

O relato que segue foi extraído de Carta escrita pela Vidente a seu confessor, Padre Aladel, no ano de 1856, a mesma na qual narrou a visão do coração de São Vicente, pela qual também revelava que suas visões eram quase ininterruptas:
Depois, escreve Irmã Catarina, eu era favorecida por outra graça, e esta era: Ver a Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Eu o vi durante todo o tempo do meu noviciado, exceto todas as vezes que eu duvidava; nesses dias eu nada via, porque eu procurava aprofundar-me em indagações sobre este mistério, e temia enganar-me.1


O Pe. Jerônimo de Castro, C.M, comenta esse trecho da referida Carta e faz outras observações importantes e esclarecedoras acerca dessa visão:


Declaração de sinceridade tocante e de perfeita humildade; porque a dúvida, convém esclarecer, não era sobre a presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia, objeto de nossa fé católica, mas sobre a realidade da aparição extraordinária, da qual a noviça se julgava indigna, e por isto temia se enganar.


Este grande favor, que foi quase diário durante os oito ou nove meses do noviciado da Irmã Catarina, revestiu-se de circunstâncias particulares, no domingo, 6 de Junho de 1830:


'No dia da Santíssima Trindade, Nosso Senhor me apareceu no Santíssimo Sacramento, como um rei, tendo a cruz ao peito durante a Missa cantada. No momento do Evangelho, pareceu-me que a cruz caia aos pés de Nosso Senhor e que ele estava sem a insígnias reais; todas tinham caído por terra. Tive então os mais pretos e tristes pensamentos: pensei que o rei da terra estava perdido e ia ser despojado da realeza; e depois disso pensei, sem saber explicar na extensão dos grandes males que iam vir.'


Esses dolorosos pressentimentos da Vidente deviam, em breve, realizar-se na noite de 18 para 19 de Julho, com a queda e expulsão de Carlos X.


O Padre L. Misermont, no seu belo livro sobre 'as Graças extraordinárias da B. Catarina Labouré', aceita e apresenta provas sobre a realidade desta visão como um fato místico, frequente entre os Santos que chegaram à grande elevação sobrenatural2.


Se não se aceita este fato místico, ainda menos se poderá explicar esta visão pelas leis físicas ordinárias. Como poderia a Vidente contemplar a Nosso Senhor na Hóstia, se do seu lugar ela não podia ver a Hóstia? Na visão do dia 6 de Junho, foi durante o Evangelho que Nosso Senhor se manifestou, com as insígnias reais. A instituição da festa de Cristo Rei, por Pio XI, deu grande atualidade a esta misteriosa visão de Catarina Labouré. Na Sagrada Escritura, o Cristo é anunciado ou representado como o verdadeiro Rei do mundo; entretanto, sem a iniciativa de Pio XI, esta visão teria sido menos apreciada.”3

Portanto, parece legítimo concluirmos que todos esses eventos extraordinários na vida daquela humilde camponesa convergiam para as três grandes aparições de Nossa Senhora, eram como preparação para as grandes revelações que lhe seriam feitas, e a grande missão de que ia ser encarregada: a de divulgar a Medalha Milagrosa.
Na primeira Aparição, a Virgem Imaculada aponta
para o Sacrário, onde sua confidente deveria
procurar consolo e auxílio


O sonho e a visão do coração de S. Vicente de Paulo bem como as visões de Jesus no Santíssimo Sacramento, além das visão da santíssima Virgem, são os fatos extraordinários que se têm notícia na vida de Santa Catarina Labouré.


As próximas visões que a Santa narrará, serão as da Virgem Imaculada.


Por Maria a Jesus!


Sou todo teu, Maria.







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1 cf. CASTRO, Padre Jerônimo Pereira de. “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, Cap. III, p. 71.

2 L. Misermont: Les gráces extraordinaires de la B. Catherine Labouré, p. 384.

3 Ibidem, CASTRO, Padre Jerônimo …, pp. 72-73.