OS CORAÇÕES JUSTAPOSTOS NA MEDALHA MILAGROSA SIMBOLIZAM A PERFEITA UNIÃO DOS CORAÇÕES DE JESUS E MARIA
Reverso da Medalha Milagrosa com os Sagrados Corações de Jesus e Maria justapostos |
No
reverso da Medalha Milagrosa se vê, de maneira justaposta, os
Corações de Jesus e de Maria. O Sagrado Coração de Jesus coroado
de espinhos, e o Coração Imaculado de Maria, traspassado por uma
espada.
A
primeira lembrança que nos vem à memória é àquela passagem do
Evangelho de S. Lucas, ao final da cerimônia da Apresentação do
Senhor no Templo: «Simeão
abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está
destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos
homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a
fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma
espada transpassará a tua alma.» (12, 34)1.
Essa
justaposição dos Sagrados Corações de Jesus e Maria gravada pelo
Céu na Medalha Milagrosa, revela-nos um desejo de Deus: que o
Coração de Jesus seja venerado ao lado do Coração de Maria,
desejo este perfeitamente compreendido e absorvido pelos Pastorinhos
de Fátima, especialmente por Santa Jacinta Marto, que assim dizia:
“O Coração de Jesus quer que ao seu lado se venere o Coração
Imaculado de Maria”, como observa o Pe. Mariano Pinho, S.J2.
Já
vimos em outra postagem, aqui mesmo neste blog, que as Aparições da
Virgem Imaculada em 1830 a Santa Catarina Labouré constituem o
gérmen das outras grandes manifestações marianas dos séculos XIX
e XX
(Vide Aqui),
não só quanto à imaculada conceição de Maria, definida como
dogma pelo Papa Pio IX no ano de 1854, mas, ainda, uma preparação
para a revelação que Nossa Senhora haveria de fazer em Fátima no
ano de 1917, a de que Deus queria estabelecer no mundo a devoção ao
seu Imaculado Coração. Após mostrar aos Pastorinhos o inferno,
Nossa Senhora lhes revelou: «Vistes
o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as
salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado
Coração»3.
Portanto,
se a Medalha Milagrosa é um dom do Céu para a humanidade pecadora,
tudo que nela está escrito e gravado, revelam a vontade de Deus,
como a união da devoção do Sagrado Coração de Jesus à veneração
ao Coração Imaculado de Maria. O jesuíta Pe. Mariano Pinho
(1894-1963), no artigo citado
anteriormente, faz uma belíssima exposição acerca dessa devoção
conjunta aos Sagrados Corações de Jesus e Maria:
“A Jacinta afirma categoricamente à prima Lúcia: «Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela, que o Coração de Jesus quer que a Seu lado se venere o Coração Imaculado de Maria».
Por isso a pequenina não separa no seu amor inocente estes dois Corações: «se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro do peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!» — exclamava ela. Tendo-lhe a Lúcia dado uma estampa do Coração de Jesus, recebe-a e: «beijo-o no Coração que é do que eu mais gosto. Quem me dera também um Coração de Maria! Não tens nenhum? Gosto de ter os dois juntos».
E que o que Deus juntou, não o deve separar o homem. «A Sacratíssima Virgem e Seu Filho — escreveu S. Francisco de Sales — formava um só Coração, uma só alma, uma só vida». O Grande Apóstolo da devoção ao Coração de Maria, S. João Eudes, foi também grande apóstolo do Coração de Jesus; não os sabia separar um do outro na sua devoção e no seu apostolado. Por esta razão Pio XI afirmava que este Santo se devia considerar como o Pai da devoção aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.
Para serem verdadeiras e sólidas, não se hão de desunir na nossa piedade uma de outra, estas duas devoções.
O Pe. Júlio Chevalier, fundador da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus, criou em 1859 uma jaculatória que resume este pensamento que logo foi aprovada e indulgenciada: Nossa Senhora do Sagrado Coração, rogai por nós. A imagem hoje expressamente autorizada como padrão para significar este novo título é bem conhecida: A Virgem cheia de ternura e bondade, sustenta no braço esquerdo o Seu Menino, o qual sorrindo nos aponta com o dedinho para Sua Mãe; Nossa Senhora por sua vez, indica-nos o Coração de Seu Filho em evidencia no peito do Menino e que ela segura com a mão direita.
É como se Cristo nos estivesse dizendo: «vinde a Mim todos; vinde a este Coração que tanto tem amado os homens, mas não vos enganeis no caminho. O caminho para o meu Coração é Minha Mãe, E Maria então, diz-nos também: vinde filhinhos do meu Coração, vinde a mim e levar-vos-ei ao Coração de meu Filho para ser Ele a vossa morada e o vosso paraíso».
Isto quis conseguir o Pe. Chevalier ao inventar esta jaculatória: pôr diante dos olhos dos fiéis intuitivamente as relações, que existem entre estes dois Corações: o de Jesus e o de Maria, resumidas no lema: per Mariam ad Jesum.
É certo: a salvação destes últimos tempos — disse-o Jesus em Paray — está no Coração de Jesus; este o sinal a fulgir no firmamento da Igreja que nos há-de dar a vitória, no dizer de Leão XIII, ao, consagrar o universo ao Divino Coração do Salvador. E o Coração de um Deus que, não podendo por mais tempo conter as chamas de amor para com os homens, depois de tudo ter feito por eles até se esgotar, vem numa nova redenção de amor tentar o último esforço para conquistar a pobre Humanidade prevaricadora.
Mas ninguém se equivoque: se tão consoladoras são as promessas com que procura atrair-nos esse Divino Coração inflamado; se aos pecadores promete conversão, aos tíbios fervor, e às almas fervorosas rápidos progressos na santidade, ninguém se equivoque: nenhuma dessas graças serão dispensadas, senão pela Dispenseira de Deus; senão pelo Medianeiro Coração de Maria.
«Nenhuma graça nos faz Deus que não seja por Maria — atesta Leão XIII, numa de Suas encíclicas sobre o Rosário a 8 de Setembro de 1894 — quidquid bonorum et quidquid gratiae Deum nobis dare, nihil illum dare nisi per Mariam».
«Oh, que magníficas e inenarráveis riquezas contém o Vosso Coração, ó amável Jesus — exclama S. Bernardo — Que farei para as possuir estando delas tão necessitado? Sendo tão grande a minha impotência, que hei-de fazer? A vós me acolho, ó Mãe Divina, só Vós podeis falar em meu nome e obter-me do Coração de Vosso Filho as graças de que preciso, porque Ele Vos ouve e tudo o que Lhe pedirdes Vos concede».
«O Coração da Virgem — revelou Jesus a Santa Brígida — é como o meu Coração. É por isso que Minha Mãe e Eu realizamos a salvação do homem como com um só Coração: Quasi uno Corde».
O Verbo Divino veio ao Mundo por Maria e às almas quer também vir por Maria. A Virgem atraiu com seus encantos o Verbo Divino — o pensamento é de S. Bernardo — e agora que se encerrou em Suas entranhas e Lhe pôs nas mãos todas as Suas riquezas, tem Maria a plenitude de todas as graças e é desta plenitude que todos nós recebemos; é Ela, como já vimos, a depositária e dispenseira de todas as graças.
«Não admira — comenta ainda o mesmo Santo — Maria é o tesouro de Deus, e onde Ela está, está o Seu Coração: annon thesaurus Dei Maria? Ubicumque illa est et Cor ejus. Quem mais digna do que Vós de falar, ó Maria, ao Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo? Falai, Senhora, porque o Vosso Filho escuta e alcançareis tudo quanto pedirdes»”4.
Portanto, ao trazermos devotamente conosco a Medalha Milagrosa, somos chamados a honrar o Sagrado Coração de Jesus por meio do Coração Imaculado de Maria, ambos impressos ou gravados no reverso da Medalha.
"Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI
POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!"
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2 Artigo
publicado sob o título: “Os Sagrados Corações de Jesus e
Maria”, disponível em
http://mariano.pinho.free.fr/coracao_imaculado_21.htm
3 MACHADO,
Antonio Augusto Borelli. “As Aparições e a Mensagem de Fátima
conforme os Manuscritos da Irmã Lúcia”, Editora Vera Cruz Ltda.,
28ª edição, janeiro/1991, Parte II, Aparições da Santíssima
Virgem, Aparição do dia 13 de Julho de 1917, p. 46.
4 Idem,
“Os Sagrados Corações de Jesus e Maria”.
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