A VIRGEM COM O GLOBO, A VIRGEM PODEROSA OU VIRGO POTENS – UM SEGREDO AINDA A REVELAR – PARTE II
1ª Fase da Aparição do dia 27 de Novembro de 1830, a Virgem com o globo |
O primeiro cuidado da
Irmã Dufès, depois desta memorável confidência, foi entender-se
com as duas Irmãs indicadas pela favorecida das visões da Mãe de
Deus. Escreveu à Irmã Grant, que era então Superiora do hospital
de Rion, e recebeu, datada de 24 de Junho de 1876, a seguinte
resposta:
“Sim,
minha boa Irmã Dufès, a nossa Rainha apareceu sustendo o globo do
mundo nas suas mãos virginais e benditas, aquecendo-o com o calor de
seu afeto, mantendo-o à altura de seu coração misericordioso e
olhando para ele com inefável ternura.
“Possuo
ainda um esboço, desenhado há muito tempo, apresentando-a deste
modo. Não sei se o encontrarei entre os papeis ou entre os livros,
porque já faz muitos anos que este desenho foi feito. O digno e
saudoso Padre Aladel, provavelmente, a pedido da Irmã das Visões,
teve a ideia de perpetuar a lembrança deste fato, mandando desenhar
uma segunda imagem, que representasse esta nova forma de aparição,
mas esta imagem não foi publicada[1].
“Aliás,
essa nova visão em nada contradiz a primeira, porquanto a Santíssima
Virgem se mostrou também nesta com os braços estendidos, derramando
raios sobre o mundo, inundando-o de misericórdia, cobrindo-o,
especialmente a França, com os seus dons inefáveis.
“Parece que no
momento em que a augusta Virgem levantava o mundo à altura do seu
coração materno, diamantes, safiras e toda a pedraria refulgente
irradiavam de suas mãos benditas e cobriam nossa pobre terra,
enchendo-a de misericórdia e de liberalidades. O mesmo aconteceu,
quando as mãos se abriram, espalhando pelo mundo mil ondas de amor e
de bênçãos. Como eu gosto de lembrar-me destas coisas!
Primeiro modelo da estátua da Virgem com o globo, de Froc-Robert |
“O que lastimo é
que nosso venerando Padre Aladel não tenha deixado, ao menos em
notas, as particularidades que, conforme me disse uma vez, não podia
tornar públicas, porque a sua revelação no momento importava na
pessoa que tivera a visão. Não ousei pedir-lhe nada neste sentido,
visto como qualquer informação podia revelar-me quem era a Vidente.
Eu, não obstante, tinha a certeza de que sabia quem era, porque por
vezes ele me falou do insigne favor, deu-me a felicidade de escrever
o que ditava, e de ouvir as suas piedosas e empolgantes reflexões
sobre o assunto.
“São
estas as informações que posso dar. Elas justificam o que, poucos
anos mais tarde, dizia o Santo Cura D'Ars, falando de nós: Como a
Santíssima Virgem quer bem à Irmãs de Caridade! Como vela
continuamente por elas! – Estas palavras fazem-me estremecer de
alegria. Se elas fossem conhecidas e compreendidas, parece-me que o
noviciado seria insuficiente para conter o número de vocações. Mas
devemos manter-nos sempre humildes como S. Vicente”.
Imagem confeccionada da Virgem com o globo, presente na Capela da Rue du Bac, 140, Paris, no lado correspondente à Aparição |
Esta
carta da Irmã Grant bastou para pôr fim às perplexidades da
Superiora de Reuilly. Com a aprovação dos Superiores, mandou-a
fazer a estátua da Santíssima Virgem com o globo nas mãos,
conforme as indicações da Vidente, pelo estatuário Froc-Robert[2].
A
Irmã Catarina, ao ver a estátua, não pôde conter um gesto
significativo de decepção. Apesar dos esforços do artista, ela
afirmava que “a
Santa Virgem era muito mais bela do que a imagem.”[3]
Mas ao menos acabara o martírio da sua vida, e com a consciência
tranquila podia, agora, comparecer perante a sua Mãe do céu.
Cumprira a sua missão.
__________________
[1]
Este desenho ainda se conserva na Casa-Mãe, e data de 1841. Leem-se
em baixo estas palavras; “A Santíssima Virgem sustém o globo do
mundo nas mãos, iluminando-o de vivos clarões.”
[2]
Na confecção da imagem (estátua), a Irmã Dufès observou todas as
indicações da Vidente: “Nem demasiado jovem, nem demasiado
sorridente, mas com uma seriedade misturada à tristeza, que
desaparecia ao longo da visão, quando o rosto se iluminava de
clarões de amor, principalmente no instante de sua prece.”,
conforme traduziu Chavalier (cf. LAURENTIN, René. “Catarina
Labouré Mensageira de Nossa Senhora das Graças e da Medalha
Milagrosa”, Paulinas editora, são Paulo/2012, p. 101).
[3]
Desde a encomenda ao escultou Froc-Robert, Irmã Catarina já
desaprovava e não conseguia esconder sua decepção, tendo, ainda,
Irmã Dufès com a Vidente percorrido diversas lojas de Saint-Suplice
a fim de encontrarem um modelo (mais próximo possível da visão),
sem êxito, entretanto (cf. Idem, p. 102).
ERRATA: Na postagem anterior ("A Virgem com o Globo, A Virgem Poderosa....Parte I"), na legenda da imagem do Padre Aladel, constou que sua morte se deu em "25 de Abril de 1965", quando o correto é: "25 de Abril de 1865", ou seja, pouco mais de onze anos antes da morte de Santa Catarina Labouré.
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FONTE:
CASTRO, Pe. Jerônimo Pedreira de, C.M., “Santa
Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”,
Editora Vozes, 2ª edição/1951, Cap. VIII, pp. 222 a 226 – O
texto foi revisto e atualizado, sendo o título, os destaques e parte
das notas de rodapé são nossas.
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