Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quarta-feira, 28 de novembro de 2018


28 DE NOVEMBRO – FESTA DE SANTA CATARINA LABOURÉ, A VIDENTE DA VIRGEM IMACULADA, NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA


SANTA CATARINA, A NOVIÇA QUE VIU NOSSA SENHORA


Transcorria o mês de dezembro de 1876, a Irmã Catarina Labouré, embora muito debilitada, continuava com vida, a despeito de sua profecia de que não veria o ano seguinte. Se alguém lho fazia notar, ela retrucava: Não, não, eu não verei o próximo ano.

No dia 31 de dezembro, pela manhã, ela sofre vários desmaios. Administram-lhe a Extrema-Unção. A Irmã se mantém numa serenidade perfeita.

Recuperando-se um pouco, levantando-se e, como de costume, senta-se em sua poltrona. Suas sobrinhas vêm visitá-la, acompanhadas da mãe. A Irmã Labouré dá-lhes santinhos, bombons e medalhas. Durante todo o dia, prepara pacotinhos com medalhas para a distribuição pelas Irmãs.

Pelo meio dia, o Diretor das Filhas da Caridade vem dar-lhe a bênção e lhe fala das peregrinações a Lourdes. Ela observa:

Na capela da Comunidade é que a Santíssima Virgem quer ser honrada pelas Irmãs. É lá que deve ser a verdadeira peregrinação.

Às quatro horas da tarde, novo desfalecimento. A superiora, Irmã Dufès, acorre. A Irmã Labouré, porém, ainda vez consegue recuperar-se. Vós estais me pregando sustos, minha boa Irmã – lhe diz a superiora. Ela replica:

Minha Irmã, eu não quereria que vos incomodassem. Ainda não é o fim.

Pelas seis horas, os sinos tocam. A Irmã Labouré definha cada vez mais. As Irmãs se reúnem em seu quarto para a oração dos agonizantes, a ladainha de Nossa Senhora e a Ladainha da Imaculada Conceição.

Uma das Irmãs descreveu a cena:Cercamos o seu leito até o começo da noite. Às sete horas, ela apareceu adormecer mais profundamente, e sem a menor agonia, sem o menor sinal de sofrimento, exalou seu último suspiro. Mal pudemos perceber que tinha cessado de viver. Jamais vi morte tão calma e tão doce.

Cumpria-se, assim, com precisão, a profecia de Santa Catarina Labouré: 46 anos depois de ter visto a Santíssima Virgem na terra ia vê-la agora novamente no céu.

Representação da 1ª Aparição da Virgem Imaculada a Santa
Catarina Labouré, e ao fundo, as Filhas da Caridade na Ca-
pela da Rue du Bac

* * *

No momento atual, em que rangem todos os gonzos da política internacional e o estado moral e religioso da humanidade atinge um ponto assustadoramente baixo, é lícito considerar a possibilidade da iminência do cumprimento pleno das terríveis profecias de Nossa Senhora em Fátima, caso os homens não rezassem e fizessem penitência. Em tais condições parece oportuno recordar também a primeira grande Aparição de Nossa Senhora nos século passado, que abriu o extraordinário ciclo das aparições mariais: Rue du Bac (1830), La Salette (1846), Lourdes (1858), Fátima (1917), são os pontos refulgentes dessa trajetória luminosa.

Se os homens tivessem sido fieis às graças derramadas a partir da Medalha Milagrosa, o pavoroso castigo do comunismo, detalhadamente descrito em Fátima e embrionariamente anunciado na Rue du Bac, teria sido desviado do mundo pela prece onipotente da Mãe de Deus.

De qualquer modo, a recordação das graças do marco histórico de 1830 pode ser ainda uma oportunidade de renovação dessas mesmas graças, pelo menos para aqueles que quiserem pelejar por Nossa Senhora durante a grande tormenta que, ao que tudo indica, se aproxima.

Tudo leva a crer que as graças oferecidas por Nossa Senhora na Rue du Bac permanecem em aberto, e aqueles que franquearam os corações à sua influência, poderão vir a ser pedras vivas do Reino do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, a ser instaurado, sobre a face da terra, segundo as previsões do grande teólogo mariano e missionário francês do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort. Razões análogas às aduzidas sobre a possibilidade da realização iminente das promessas de Nossa Senhora em Fátima – que assegurou a vitória final de seu Imaculado Coração – poderiam ser invocadas para afirmar esse Reinado de Maria deveria se efetuar ainda em nossos dias.
Santa Catarina Labouré e os Santos da
Ordem de S. Vicente de Paulo
(Foto: Todo Coleccion.net)

O CASO SINGULAR DA NOVIÇA QUE QUERIA VER NOSSA SENHORA

Quando uma comissão teológica examina a autenticidade de fenômenos sobrenaturais, costuma perquirir se o pretendido vidente não teria sido influenciado por narrações congêneres, as quais poderiam lhe ter perturbado a mente. Em nossos dias, por exemplo, há várias pseudo-aparições, evidentemente decalcadas em Fátima, e que não oferecem a mínima garantia de autenticidade. Antes pelo contrário, aquele que possui o censo das coisas católicas, logo discerne nelas o mau odor das contrafações do demônio, onde o prosaísmo, o ridículo e a mais grosseira sandice acabam aparecendo clara ou veladamente.

Não estranha, pois, que a Santa Igreja sempre tenha posto o máximo empenho em estudar adequadamente a autenticidade de anunciadas revelações sobrenaturais. Dever-se-ia, talvez, fazer um pequeno reparo ao ceticismo desproporcionado de homens de pouca fé, que conduziram certos processos canônicos, demonstraram nesta ou naquela ocasião.

É fruto desse cuidado, por exemplo, que a Irmã Lúcia – a mais importante das videntes de Fátima – tenha sido minuciosamente interrogada sobre a possível influência que as Aparições de Lourdes pudessem haver exercido sobre o que ela mesma teve ocasião de presenciar.

Com as Aparições de Nossa Senhora na Capela das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, na Rue du Bac, em Paris, no ano de 1830, estamos, entretanto, diante de um caso singular. Porque Nossa Senhora aparece a uma jovem noviça que ardia em desejos de ver a Mãe do Céu – e que na oração da noite pedira ao seu Anjo da Guarda e a São Vicente de Paulo que obtivessem a graça de ter uma visão da Santíssima Virgem – adormeceu na certeza que A veria naquela mesma noite!

Hoje, passados 188 anos (na publicação original, 146 anos) dessas maravilhosas Aparições, ninguém pode por em dúvida sua autenticidade. Milagres estrondosos as comprovaram. Ademais, a vidente foi canonizada pela Santa Igreja.

E quem, mesmo sem conhecer esses milagres, mas simplesmente possuindo o espírito católico, poderia pôr em dúvida a realidade da descrição que passamos a apresentar, repassada da inocência primaveril de uma alma onde as graças do batismo nunca se fanaram? – O leitor julgue por si mesmo.

POR ONDE A VIDENTE E SEU ANJO DA GUARDA PASSAM AS LUZES SE ACENDEM

No dia 19 de julho celebra-se com particular solenidade, entre as Filhas da Caridade, a festa de São Vicente de Paulo. É a própria Irmã Catarina Labouré que escreve o que então se passou (1):
Primeira Aparição: a Virgem Imaculada, Santa
Catarina Labouré e seu Anjo da Guarda

Depois veio a festa de São Vicente. Na véspera, nossa boa Madre Maria apresentou-nos uma instrução sobre a devoção à Santíssima Virgem, o que me deu o desejo de vê-LA. Deitei-me, pois, com o pensamento de que naquela noite com o pensamento de que naquela noite mesmo eu veria minha boa Mãe; havia tanto tempo já que eu desejava vê-LA!

Haviam-nos distribuído [às noviças] um pedaço do roquete de linho de São Vicente. Eu cortei a metade e a engoli, adormecendo com o pensamento de que São Vicente me obteria a graça de ver a Santíssima Virgem.

Enfim, às onze e meia da noite, ouvi me chamarem pelo nome: 'Irmã Labouré! Irmã Labouré!'

Acordando, olhei para a direção que vinha a voz, que era o lado da passagem (2). Corro à cortina e vejo um menino de quatro a cinco anos que me diz: 'Vinde à Capela; a Santíssima Virgem vos espera'.

Vesti-me depressa e me dirigi para o lado do menino. Este tinha permanecido de pé, sem avançar além da cabeceira de minha cama. Ele me seguiu, ou melhor, eu o segui, sempre à minha esquerda. Por todos os lugares por onde passávamos, as luzes estavam acesas (3), o que me admirava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocou com a ponta do dedo. E minha surpresa foi ainda mais completa quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me recordava a missa da meia-noite.

DEPOIS DE TANTAS MARAVILHAS, A SANTÍSSIMA VIRGEM SE FAZ ESPERAR …

Entretanto, nada vejo de Santíssima Virgem. O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor (4). Ali me ajoelhei, e o menino permaneceu de pé todo o tempo. Eu achava o tempo cumprido, e olhava para ver se as vigilantes não passavam pela tribuna.

Por fim, chegou a hora. O menino mo preveniu. Ele me disse: 'Eis a Santíssima Virgem: ei-LA'.

Eu ouvi como um 'frou-frou' de vestido de seda, que vinha do lado da tribuna, perto do quadro de São José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira igual à de Sant'na (5).

Eu estava em dúvida se seria a Santíssima Virgem. Nesse preciso momento, o menino, que estava ali, me disse: 'Eis a Santíssima Virgem'.

Ser-me-ia impossível dizer o que senti nesse momento, o que se passava dentro de mim: parecia-me que eu não via a Santíssima Virgem.

O detalhe: Santa Catarina Labouré coloca
as mãos sobre os joelhos da Santíssima
Virgem
Então o menino me falou não mais como criança, mas como um homem dos mais fortes, e com as palavras mais fortes.

Com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem...

Nesse momento, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto d'Ela, pondo-me de joelhos sobre os degraus do altar e com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem...(6).

Ali se passou o momento mais doce de minha vida. Ser-me-ia impossível dizer tudo o que senti. Ela me disse como devia me conduzir em relação ao meu diretor espiritual, e várias coisas que eu não devo dizer; a maneira de me conduzir em meus sofrimentos: vir lançar-me ao pé do altar (e me mostrava com a mão esquerda o pé do altar) e ali efundir o meu coração. Aí eu receberia todas as consolações de que eu tivesse necessidade.

Então lhe perguntei o que significavam todas as coisas que eu tinha visto (7), e Ela me explicou tudo...

Fiquei não sei quanto tempo. Tudo o que sei é que, quando Ela partiu, não percebi senão que alguma se extinguia; enfim, mais uma sombra que se dirigia para o lado da tribuna, pelo mesmo caminho pelo qual Ela tinha chegado.

Levantei-me dos degraus do altar e percebi o menino onde o tinha deixado. Ele me disse: 'Ela se retirou'.

Nós retomamos o mesmo caminho, sempre todo iluminado. O menino estava sempre à minha esquerda.

Creio que este menino era meu Anjo da Guarda, que se havia tornado visível para me fazer ver a Santíssima Virgem, porque eu havia rezado muito a ele para que me obtivesse esse favor. Estava vestido de branco, trazendo consigo uma luz miraculosa, isto é, ele era resplandecente de luz. Tinha a idade de mais ou menos quatro a cinco anos.

De volta ao meu leito, eram duas horas da manhã, pois ouvi tocar os sinos. Não tornei mais a dormir.

Não tornei mais a dormir...

Seria impossível passarmos adiante sem nos determos um instante sobre o que possa ter sido essa noite na qual a Santa não voltou mais a dormir. – E como poderia realmente voltar a dormir? Não queremos porém misturar nossos comentários às palavras tão cheias de encanto e de inocência da vidente. Hic taceat omnis lingua. Cada um que imagine – como souber e como puder, ou melhor, conforme as graças que Nossa Senhora lhe iluminar a alma – o que foi essa noite em que a Santa passou rememorando, com enlevo, veneração e ternura, tudo o que tinha visto e ouvido: o Anjo da Guarda, um menino resplandecente; Nossa Senhora, a grande Dama sobre cujos joelhos a vidente repousa, cheia de filial confiança, as mãos; a voz maravilhosa de Nossa Senhora soando deliciosamente aos ouvidos; os conselhos, as promessas, as advertências tocando-lhe profundamente na alma. Tudo isso foi a meditação de uma hora, o momento mais delicioso de uma vida!
Santa Catarina Labouré diante dos revolucionários da Comuna de Paris
O mundo inteiro será transformado por males de toda ordem

O confessor da Santa, Pe. Aladel, muito cioso de resguardar a humildade de sua dirigida espiritual, levou os seus cuidados a ponto de destruir, antes de morrer, todos os papéis onde tinha anotado os relatos que ouviu diretamente da vidente, sobre as Aparições. Ele pretendia expressamente que não se conhecesse a freira favorecida com as revelações...

De qualquer modo, escaparam à atenção do zeloso direto espiritual alguns preciosos manuscritos da Santa, para gáudio geral dos historiadores e regozijo das almas fieis.

Assim ficou para a História um segundo manuscrito de Santa Catarina Labouré relatando esta primeira Aparição de Nossa Senhora.

Apresentamos o texto na sua simplicidade ao mesmo tempo majestosa e encantadora:

1830 – Julho. Colóquio com a Santíssima Virgem, dia 18, das 11 horas e meia da noite até a 1 hora e meia da manhã do dia 19, dia de São Vicente (8).

Minha filha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão. Tereis muitos sofrimentos, mas superareis pensando que o fareis para glória do bom Deus. Conhecereis o que é do bom Deus: sereis atormentada até que o tenhais dito àquele que é encarregado de vos conduzir. Sereis contraditada, mas tereis a graça; não temais. Dizei, com confiança, tudo o que se passa em vós; dizei-o com simplicidade. Tende confiança; não temais.

Vereis certas coisas. Prestai conta do que virdes e ouvirdes. Sereis inspirada em vossa oração. Prestai conta do que virdes em vossas orações.
O colóquio entre a Virgem Santíssima e sua confidente,
Santa Catarina Labouré, na noite do dia 18 para  dia
19 de Julho de 1830

Os tempos são muito maus, os males virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem. (Ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha um ar muito penalizado). Mas vinde ao pé deste altar: aí as graças serão derramadas.... sobre todas as pessoas que as pedirem.

Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu a aprecio muito. Sofro porque há grandes abusos sobre a regularidade. As Regras não observadas. Há grande relaxamento nas duas comunidades (9). Dizei-o àquele que está encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele deve fazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe de minha parte, de vigiar sobre as más leituras, as perdas de tempo a as visitas...

A comunidade gozará de grande paz. Ela se tornará grande … Momento virá em que o perigo será grande. Acreditar-se-á tudo perdido. Eu estarei convosco. Tende confiança. Conhecereis minha visita e a proteção de Deus sobre a comunidade. Mas não se dará o mesmo com as outras comunidades. Haverá vítimas (ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris haverá vítimas: Monsenhor o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) (10).

Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. Monsenhor o Arcebispo será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem não podia mais falar; o sofrimento estava estampado sobre a sua face). Minha filha – me dizia ela (11) – o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isso se daria. Eu compreendi muito bem: quarenta anos.

* * *

Os tempos são muito maus ...O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem... A Cruz será desprezada e derrubada por terra... Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor... As ruas estarão cheias de sangue... O mundo todo estará na tristeza...

Assim, na primeira Aparição de Nossa Senhora em 1830, que inaugura o ciclo das grandes Aparições mariais do século passado (refere-se ao século XIX), já se ouvem os clamores de Nossa Senhora pela apostasia da humanidade, que comportava a rejeição e até o sacrílego tripúdio dos homens à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em consequência, toda espécie de males desabarão sobre o mundo inteiro. Para evitar isso, Nossa Senhora faz um convite premente a que os homens abram seus corações às graças que Ela lhes quer dar: Vinde ao pé deste altar; aí as graças serão derramadas... sobre todas as pessoas que a pedirem. – A palavra derramadas indica de modo inequívoco a superabundância de graças que seriam postas à disposição dos homens. Este aspecto das revelações da Rue du Bac fica ainda mais patente nas Aparições posteriores.

Como os homens corresponderam a esse convite maternal do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria? É inútil nos estendermos sobre este ponto no momento mesmo em que o comunismo deita as suas garras de ferro sobre grandes extensões do globo, e a Santa Igreja Católica Apostólica Romana padece o misterioso processo que se assemelharia a uma autodemolição, praticada por um impressionante número de maus filhos, que assim a atraiçoam.
Fotografia de Santa Catarina Labouré (já idosa) com
seu autógrafo

Entretanto, em 1830, Nossa Senhora ainda oferecia aos homens a possibilidade de retorno ao seio bendito da plena ortodoxia católica, pela completa rejeição do processo revolucionário que, a partir da Pseudo-reforma protestante, passando pela Revolução Francesa, prosseguia sua marcha inexorável rumo ao comunismo (12).

Ouvindo o relato da Aparição, o Pe. Aladel, sempre preocupado com o futuro de sua dirigida espiritual – e um pouco também consigo mesmo, por que não? – perguntou à Santa se ela e ele estariam presentes aos acontecimentos cujo ocorrência Nossa Senhora acabava de profetizar para 1870.

Santa Catarina Labouré, porém, sempre mais preocupada com a glória de Deus do que consigo mesma, deu a resposta que cabia, e na qual se nota o característico espírito francês, penetrante como farpa: Outros lá estarão se nós não estivermos.

Com a Aparição que acabamos de descrever, Nossa Senhora preparava a alma da corajosa e inocente noviça para as estupendas revelações que se seguiriam. Nestas últimas seria concedido ao mundo o precioso dom da Medalha Milagrosa.

* * *

Porém, não dispomos mais de espaço para esta narrativa. Fica para outra ocasião.

Do alto de Céu, onde comemora o centésimo (quadragésimo segundo) aniversário de sua gloriosa entrada, Santa Catarina Labouré obtenha para aqueles que, resistindo a todas as pressões do mundo moderno, permanecem inarredáveis no desejo de serem fieis a Nossa Senhora, às graças que os outros, desejosa e temerariamente, recusaram.



NOTA: Para conhecer mais sobre a vida de Santa Catarina Labouré, clique AQUI.




___________________
Extraímos os dados deste artigo dos seguintes livros (da fonte):

Pe. Henrique Machado, “Medalha Milagrosa, sua história, simbolismo e lições, Tip. Fonseca, Porto, 1930.
Colette Yver, “La vie secrete de Catherine Labouré”, Editions Spes. Paris, 1947.

M. – Th. Louis-Lefèbvre, “Le silence de Catherine Labouré”, Desclèe De Brower, 2e. ed., 1955.
  1. O dormitório das noviças era uma grande sala comum. Segundo o costume no tempo, os leitos eram guarnecidos por uma cortina. A Santa se refere a esta nesta frase seguinte. A “passagem” era o espaço compreendido entre seu leito e o leito vizinho, , ou entre o leito e a parede, conforme o sentido em que as camas estivessem dispostas.
  2. Segundo outro relato, o menino “despedia raios de claridade pura por onde ele passava” (cf. Colette Yver, op. cit., p. 109)

O dormitório se encontrava então em cima da sacristia. Bastava descer uma escada e passar por um corredor para chegar até à Capela. Todos os lugares se iluminavam por onde a Santa e seu Anjo passavam.
  1. A cadeira de braços do Diretor das Filhas da Caridade ficava colocada no presbitério, ao lado do Evangelho, isto é, à esquerda. No tempo destas revelações, a Capela não estava inteiramente construída, e terminava onde estão atualmente as colunas. Não havia ainda a cúpula. Do lado direito (lado da Epístola), havia uma tribuna, com bancos para oração, construída sobre o corredor que se estendia, no andar térreo do lado de fora, ao longo da parede da Capela. Pela tribuna passavam as vigilantes quando, por vezes, faziam a ronda no edifício, durante a noite.
  2. Segundo uma tradição recolhida dos lábios da Santa alguns meses antes de sua morte, ela viu uma grande Dama que, descendo do lado da tribuna, prosternou-se diante do Tabernáculo e sentou-se na cadeira do Pe. Richenet, então diretor das Filhas da Caridade.
  3. Em seus manuscritos, a Santa interrompe o pensamento com três, cinco, seis, sete pontinhos , em vez de das convencionais reticências. Colocamos sempre cinco pontinhos, uma vez que as reticências (…) muitas vezes podem ter uma conotação diversa da intenção da vidente.
  4. Antes da Aparição de Nossa Senhora, Santa Catarina Labouré tinha tido visões de São Vicente de Paulo (25 de abril a 2 de maio de 1830) e de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento (durante todo o período de seu noviciado, particularmente no dia 6 de junho de 1830).
  5. Pelo relato anterior, a Santa diz que ouviu bater as duas horas. No mesmo relato diz que o Anjo a chamou à onze e meia e ela teve que esperar muito até que Nossa Senhora aparecesse. Assim é razoável supor que dulcíssimo colóquio com a Virgem Santíssima transcorreu de pouco antes da meia-noite até mais ou menos uma e meia da manhã, ou seja, um pouco mais de uma hora e meia.
  6. A dos Padres da Missão e das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, comumente conhecidos no Brasil respectivamente por “lazaristas” e “vicentinas” ou “Irmãs de Caridade”.
  7. Mons. Georges Darboy, Arcebispo de Paris, foi preso como refém pela Comuna, junto com outros Sacerdotes. Depois de várias tratativas, tendo Thiers se recusado a sol..... executado alguns prisioneiros da Comuna, em represália os rebeldes fuzilaram os reféns, em 1871.
  8. No original: “ne didait-elle”. Santa Catarina Labouré ”sabia ler e escrever para si mesma”, diz uma apreciação sobre ela conservada nos arquivos do noviciado das Filhas da Caridade. Para se exprimir por exprimir por escrito, ela usa uma transcrição mais ou menos fonética. De onde a dificuldade de interpretação registrada nesta nota, aliás a única nesse sentido.
  9. Cf. Plinio Corrêa de Oliveira, “Revolução e Contra-Revolução”, Parte I – Cap. III, 3, D.



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FONTE: MACHADO, Antonio Augusto Borelli. “Santa Catarina Labouré a Noviça que viu Nossa Senhora”, artigo publicado na revista “Catolicismo”, nº 312, dezembro de 1976. – Texto revisto e atualizado, com alguns destaques nossos.

terça-feira, 27 de novembro de 2018


27 DE NOVEMBRO – FESTA DA VIRGEM IMACULADA NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA OU NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS



SANTA MARIA, VIRGEM IMACULADA DA MEDALHA MILAGROSA


Hoje recorda-se a aparição da Santíssima Virgem a Santa Catarina Labouré a 27 de Novembro de 1830, em Paris, na Capela da Casa-Mãe das Filhas da Caridade. Esta aparição deu origem à Medalha Milagrosa, e dela tomou também seu nome a Festa da Imaculada da Sagrada Medalha, instituída por Leão XIII a 23 de Julho de 1894.

MEMÓRIA DE UMA VISITA


O encontro entre a Virgem Maria e Soror Catarina tem, segundo relatou a mesma Irmã, três momentos, que comumente dividimos em dois.

O primeiro se desenvolve na noite do dia 18 para 19 de Julho de 1830, e ainda, segundo expressão da mesma Irmã, seria impossível descrever o que experimentou com precisão; conhecemos alguns detalhes dessa singular conversação. Detenhamo-nos num fragmento do relato que escreveu Soror Catarina, ela que escutou o que a Virgem Maria lhe disse:

Minha filha, Deus quer encarregar-te de uma missão. Terás muitas dificuldades; porém, superarás todas pensando que o fazes para glória de Deus”

Também encontramos nos relatos de Santa Catarina o anúncio de acontecimentos dolorosos que sucederiam na França e na Igreja; outros são sobre a presença e proteção da Virgem Maria e de São Vicente à Congregação da Missão e sobre as Filhas da Caridade.

Nesse primeiro encontro, descreve-nos a Virgem em uma posição muito familiar, já que se encontrava sentada …. enquanto Ir. Catarina a escutava ajoelhada, apoiando seus braços, com filial confiança, nos joelhos da Virgem Santíssima. Depois de aproximadamente duas horas de conversa, a Virgem Maria se despede de Soror Catarina, assegurando-lhe que em sua oração receberá as inspirações do céu. Eram duas da manhã – disse a Vidente – quando regressou ao seu leito, e acrescentou que não pôde voltar mais a dormir naquela noite.
Primeira Aparição ocorrida na noite do dia
18 para o dia 19 de Julho de 1830


É o segundo ou terceiro momento que dá origem à festa de hoje. Foi durante as primeiras vésperas do primeiro Domingo do Advento de 1830, em 27 de Novembro. Soror Catarina estava na capela fazendo a oração com a comunidade, refere que foi ali quando viu de novo a Virgem, embora de maneira diferente que da primeira vez, porque não houve diálogo direto, mas estava rodeada por um conjunto harmônico de elementos, ricos em simbolismo e significado:

A Virgem Maria estava de pé sobre meia esfera que representava o globo terrestre. Debaixo de seus pés, uma serpente verde com pintas amarelas.

Sustentava em suas mãos uma esfera coroada por uma cruz, numa atitude de oração e oferenda (esta imagem não está expressada na Medalha).

De suas mãos desprendiam-se raios de luz. Estava vestida de branco com um manto azul prateado e um véu branco aurora.

Uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça. A invocação Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!, gravada em letras douradas. Uma cruz sobre a letra M e dois corações.

O desenho da medalha tal como a conhecemos, deve-se à composição realizada pelo Pe. Aladel e o Senhor Vachette – ourives –, baseando-se na descrição feita por Irmã Catarina, o modelo de Bouchardon e a sugestão de Monsenhor de Quelén, Arcebispo de Paris, era para que a Virgem fosse representada de acordo com a imagem tradicional da Imaculada, com os braços estendidos. Como se tem dito, a Medalha é Uma tradução plástica e popular de uma aparição inefável”.
Aparição do dia 27 de Novembro
de 1830

UM NOME PARA A MEDALHA


O Pe. Aladel realizou, com a ajuda de Deus, tudo quanto foi necessário para que o desejo da Virgem fosse atendido: pediu à Irmã uma descrição das características da medalha, conseguiu um cartunista que as interpretou, buscou o ourives, expôs o projeto de cunhar e distribuir a mesma, e, mais tarde – em 1834 –, escreveu um livro, o primeiro sobre esta revelação particular.

Se considerarmos o sentido que tem para os antigos um nome, compreenderemos porquê a Medalha alusiva às revelações marianas da capela da rua du Bac foi chamada “Milagrosa”. Este titulo, mais que predição, é um testemunho, porque antes de que se publicasse a primeira Notícia” das aparições, a medalha já era qualificada popularmente como Milagrosa”.

Celebrar é fazer memória dos dons e dos benefícios recebidos de Deus; a Medalha Milagrosa converteu-se, desde 1832, em um presente [dom] de Deus para humanidade crente em sua ação e presença, viva e vivificadora no caminho da História e de suas histórias.

Testemunho dela são as inumeráveis cartas enviadas por sacerdotes, bispos e leigos narrando feitos milagrosos: curas e conversões, principalmente.

A Virgem Maria visitou Irmã Catarina Labouré não somente essa vez. A visita continua, prolonga-se no tempo e no espaço porque Ela – Maria –, segue aproximando-se dos homens e mulheres que, ao receberem sua medalha, recebem também sua mensagem, seu convite e, como Santa Catarina, uma missão muito particular. Entretanto, disso se falará mais adiante.

A vida cotidiana é cheia de encontros com pessoas e acontecimentos, que vão deixando marcas, quando chegamos e quando saímos de cada um deles, mais ou menos profundas em nossa existência.

A Medalha significou, desde sua aparição, um despertar para o povo, já que permitiu reconhecer que a tradição religiosa da gente sensível era capaz de resistir aos embates da recente Revolução [Revolução Francesa], que exaltava a primazia da razão.
A Virgem com o globo (Virgo Potensou Virgem Poderosa). Detalhes: o
globo representando o mundo, a
cruz sobre o globo, os raios que se
desprendem dos anéis, a serpente
infernal.

A Medalha Milagrosa foi distribuída aos milhões em quase dois séculos, hoje é bastante conhecida pelo povo de Deus, por sua forma e seu conteúdo. A Medalha é uma Bíblia dos pobres, um ícone, o sinal de uma presença amiga e poderosa: a de Maria na comunhão dos santos”.

Introduzamo-nos e aproximemo-nos da linguagem fundamental de nossa querida Medalha, a linguagem dos símbolos.

NOSSO ENCONTRO COM OS SINAIS


Sabemos, por experiência, que um símbolo serve para manifestar uma realidade mais profunda, mais rica em seu conteúdo e significado que o objeto simbólico considerado em si mesmo. Também é certo que dita realidade está sujeita às mais variadas interpretações, dependendo, por sua vez, do conhecimento, perspectivas, pontos de referência, etc.; estas maneiras de ver e interpretar os símbolos, podemos chamá-las como chaves de leitura.

Como chaves de leitura para compreender os distintos símbolos presentes na Medalha Milagrosa, utilizaremos as passagens bíblicas que nos sugerem diretamente a Medalha.

ANVERSO


A imagem de Maria pisando em uma serpente, nos remete, de uma forma direta, à passagem bíblica do livro do Gêneses (3, 15), que anuncia a inimizade entre a mulher e a serpente, assim como a vitória da descendência da mulher sobre a da serpente. Com isso, Maria anuncia-nos que todo esforço para viver de acordo com nossa imagem e semelhança com Deus tem sentido, embora haja ocasiões que o mal fira nosso calcanhar e pareça ser mais forte; temos a certeza de que não será assim. Ela é a primeira e o modelo daqueles que seguem a Jesus Cristo.
Ilustração da visão da Medalha Milagrosa
por Santa Catarina Labouré

Vê-se Maria vestida de branco aurora, na Medalha, com raios de luz desprendendo-se de suas mãos, sugere-nos e recorda-nos a passagem do Apocalipse: uma mulher vestida de sol e em sua cabeça uma coroa de doze estrelas” (12,1). Irmã Catarina descreverá que, nas mãos da Virgem, havia uma espécie de anéis, dos quais saíam raios de luz; cujos fleches, diversos em forma e tamanho, correspondiam às graças concedidas por Maria a quem as pedem com fé e confiança.

REVERSO


Dois corações: um coroado de espinhos e o outro transpassado por uma espada, de ambos se desprende uma chama de fogo na parte superior. Este símbolo faz alusão à profecia de Simeão (Lc 2, 35) e a coroa de espinhos de Jesus (Mc 15, 17). Encontrar os corações de Jesus e Maria unidos, é um sinal a mais que nos fala da união que existe entre eles, pela identificação no amor, na dor e no seguimento de Maria como discípula do Senhor.

Embora no anverso a Virgem nos revele a dimensão luminosa da humanidade, o reverso nos ajuda a ter presente que a realidade do sofrimento é um lugar onde Deus também nos manifesta seu amor, sua presença e sua ação salvífica; disso Maria é testemunha, anúncio e profecia.

A posição da Cruz sobre a letra M nos leva indiretamente a reconhecer nelas a missão de Maria, como Mãe da humanidade. Desde a Cruz Jesus confia ao cuidado de Maria o discípulo amado e, por sua vez, sinaliza a Maria que esse discípulo será seu filho (Jo 19, 27). Nesta passagem evangélica a Igreja vê expressada a vontade de Jesus que Maria seja para sempre a Mãe do discípulo.
Anverso da Medalha Milagrosa

OUTRAS PASSAGENS


As doze estrelas que, originalmente Soror Catarina descreveu como rodeando a cabeça da Virgem, são trasladadas para o reverso, em torno da letra M e dos dois corações. Biblicamente o número doze alude às doze tribos de Israel, aos doze Apóstolos, essa interpretação nos ajuda a considerar Maria como membro da Igreja e protótipo dela. O livro dos Atos dos Apóstolos destaca sua presença no meio da comunidade dos discípulos, em oração, antes de Pentecostes.

A letra M nascendo da Cruz nos leva a recordar que Maria é a Mãe de Jesus (Mt 1,16; Lc 2, 6-7), Mãe de Deus, Mãe nossa. Foi através dela que Deus quis vir para toda a humanidade, entrar na história humana para nos mostrar como sermos filhos no Filho.

Considerando que a letra M está ao pé da Cruz, poderemos aproximar-nos do mistério da dor de Cristo e de Maria. Este sinal tão austero, é suficiente para ajudar-nos a compreender até onde necessita chegar nossa participação na obra redentora de Deus, manifestada em Jesus Cristo.

A jaculatória sobre a Conceição Imaculada de Maria, podemos relacioná-la com a saudação de Gabriel: “Alegra-te Maria cheia de graça” (Lc 1, 27); por sua vez nos convida a compartilhar desde a própria limitação, porém, confiados na misericórdia de Deus, essa amizade livre de todo obstáculo e impedimento.

A reflexão bíblica inspirada pela Medalha é, pela graça de Deus, abundante. Um autor escreveu este texto quase exaustivo:
Reverso da Medalha Milagrosa

Na medalha milagrosa se condensam de igual modo os fundamentos bíblicos da mariologia e as passagens marianas do Evangelho. Desde o Gênesis ao Apocalipse desfia-se o emaranhado da história da salvação, onde um coração humano, transpassado por uma espada, ardente e dolorosa, se mantem unido a um coração divino cercado de espinhos e ardendo em chamas.

A Medalha Milagrosa é a medalha da Anunciação (Lc 1, 28-38), da Visitação (Lc 1,39-45), do Magnificat (Lc 1,46-56), da maternidade virginal de Maria (Mt 1,18-25), da espada de Simeão (Lc 2, 33-35), de Maria meditando em seu coração o mistério de seu Filho (Lc 2,19-51); da “hora” de Caná (Jo 2,1-12), de Maria ouvinte e cumpridora da Palavra de Deus (Lc 8,21; 11, 28; Mt 12,50); da hora do Calvário (Jo 19,25), da maternidade espiritual de Maria (Jo 19,26-27), de Maria-Igreja no Calvário e em Pentecostes (Lc 23,49; At 1,14), de Maria assunta e rainha (Ap 12). Se cumpre assim, na Medalha Milagrosa, a orientação bíblica que a exortação apostólica “Marialis Cultus” sobre o culto à Virgem Maria."

Certamente a Medalha Milagrosa inspira, propicia, remete a outras passagens bíblicas significativas; com ela expressa-se que não é possível conter ou limitar a riqueza de tão belo dom, pois na medida que avança nossa vivência na fé e no amor a Jesus Cristo à Igreja, Povo de Deus, encontram-se, identificam e iluminam novas realidades refletidas na pequena Medalha.

Entre os elementos que ajudam a aprofundar a mensagem da Medalha Milagrosa, estão, sem dúvida, as condições pessoais de vida: idade, sexo, vocação profissional, estado de vida, apostolado, circunstâncias diversas…

Para os membros da Família Vicentina, o carisma de servir e evangelizar os pobres, animados pela força da humildade, da sensibilidade e caridade de Jesus Cristo, é sem dúvida a melhor chave de leitura para aprofundar a mensagem de Deus, estampada na medalha. Daí poderemos conhecer, amar e aprender de Maria a sermos discípulos, seguidores e anunciadores de seu Filho, servidores de seus membros sofredores.
Santa Catarina Labouré, a vidente e
mensageira da Medalha Milagrosa

A MEDALHA MILAGROSA, ROSTO MARIANO PARA A FAMÍLIA VICENTINA.


A Medalha Milagrosa tem sido, desde sua primeira cunhagem, um valioso instrumento na tarefa evangelizadora e missionária da Igreja. Prova disso é a incalculável quantidade de medalhas distribuídas em paróquias, missões populares, hospitais, escolas e campos de desastre.

Para a Família Vicentina é uma herança inestimável, porque não somente aprendemos a querê-la, senão fazer dela muito mais que uma mera superstição. Desde nossa experiência, mais ou menos próxima aos pobres e sua realidade, é possível constatar que para eles sobreviver é primordial; sua extrema necessidade lhes faz desejar sinais de Deus que lhes confirmem que são amados por Ele. “Nessa situação, Maria aparece como a portadora da presença misericordiosa de Deus. Ela os acompanha em suas lutas e os ajuda a superar o mal. Ela é a mãe carinhosa que entende suas dores e se preocupa com eles”.

Os membros da Família Vicentina têm o dever de fazer constantemente uma leitura da Medalha Milagrosa desde a realidade do pobre, porque desta maneira seremos fieis ao Evangelho; o legado de Maria, recebido por Santa Catarina, é o carisma que compartilhamos.

A Medalha Milagrosa é o sinal da presença de Deus entre os pobres, os que não importam e nem têm lugar na sociedade e muitas vezes em nossos templos. Também deve ser um sinal, uma expressão do compromisso e do agradecimento do povo a Deus que lhe acompanha.

A partir dos símbolos da medalha, com as passagens bíblicas que refletem, direta ou indiretamente, e a vocação vicentina, detenhamo-nos em três momentos marianos que o Evangelho nos apresenta, com a intenção de animar-nos no caminho que Deus nos tem chamado. Assim, ao vermos a Medalha e invocarmos a presença de Maria Imaculada, recordaremos:
As Filhas da Caridade distribuindo a
Medalha Milagrosa

1. Escrava do Senhor (Anunciação)


Maria de Nazaré era uma “pobre de Yahweh” (Javé), alguém que esperava e confiava em Deus e não em si mesma, alguém que era pobre em bens e pobre por ser mulher. Ela é a virgem, a que Deus pôde fazer florescer gratuitamente, ela se chamará a si mesma “escrava” do Senhor (Lc 1, 38.47). Esse nome de escrava – chocante para nossos ouvidos libertários – expressa duas situações: uma sociológica, reconhecendo-se pertencente aos empobrecidos da terra; e a outra, é a condição de alguém libertado pelo amor, pois Deus “quis olhar para a humilde condição de sua escrava” que era capaz de fazer um ato supremo de liberdade: entregar-se, como escrava, nas mãos de quem a pode fazer mais livre e liberta.

Maria de Nazaré põe sua liberdade ao serviço dos planos libertadores de Deus que “derruba do trono os poderosos e exalta os humildes”, do Deus que desde sempre optou pelos pobres. É este projeto ao qual Maria se fez escrava, totalmente entregue a Deus. Maria alegra-se, enche-se de júbilo porque sua experiência de sentir-se e saber-se querida, olhada com benevolência, é a expressão e profecia da atitude de Deus para com todos os pobres como ela (Lc 1, 49-53). Desta realidade de Maria, poderá também entender-se a história de salvação que Deus “prometeu a Abraão e à sua descendência para sempre”.

2- Maria, modelo para os servidores dos pobres (Visitação)


Quando no Evangelho, segundo São Lucas, encontramos o relato da visita que Maria faz à sua prima Isabel, encontramos também a expressão do compromisso de Maria com uma pessoa concreta que necessita de seus cuidados. Acabara de se comprometer com Deus em seus planos de fazer-se carne em seu seio, e sai logo depois “pressurosa” para servir a outra pobre do Senhor; arriscando-se ao empreender uma viagem longa e difícil. São Vicente [de Paulo] em uma de suas conferências às Filhas da Caridade, proporá, a partir desta passagem evangélica, as atitudes de Maria como evangelizadora e serva dos pobres.

3. Mulher pobre que reconhece as necessidades dos pobres (Caná)


Nas bodas de Caná (Jo 2, 1-11), Maria é a mulher pobre que descobre as necessidades dos pobres. Maria olha mais adiante de si mesma, está atenta e voltada para os demais, sobre aquilo que necessitam; não somente descobre, como também se esforça por remediar, apresentando-lhes a Jesus. Não se conforma com o dar-se conta, lamentar-se ou justificar-se pensando que não é seu problema. Busca soluções. Envolve os serventes quando lhes pede que “façam o que ele lhes disser”. Compromete-se com os necessitados.

Os textos anteriores deixam ver, claramente, que Maria leva Jesus Cristo aos pobres, mediante seu compromisso, seus serviços e seu anúncio libertador. Ensina-nos de alguma forma três lições fundamentais: 1. O maior serviço aos pobres consiste em levar-lhes a Jesus Cristo. 2. O serviço de evangelização dos pobres a de estar encarnado em serviços concretos de ajuda, promoção e libertação. 3. Evangelização e serviço deverão estar envoltos num canto de gratidão.

Maria foi em sua vida histórica portadora de Jesus Cristo para os pobres, por este motivo nós estamos obrigados a fazer que os pobres consigam seu maior bem, Aquele que lhes pertence antes que tudo. São Vicente dizia aos seus missionários algo que podemos compartilhar plenamente: anunciar-lhes Jesus Cristo, dizer-lhes que está próximo o Reino e que o Reino [do Céu] é para os pobres… evangelizar aos pobres é um ofício tão alto que é, por excelência, o ofício do Filho de Deus” (XI, 387). Esse foi também o ofício da primeira cristã, a Virgem Maria. A nós toca seguir esses exemplo em comunhão com São Vicente.




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FONTE: texto de Alicia Margarita Cortés, Filha da Caridade, publicado, originalmente, em “Santoral da Familia Vicenciana”, em 27.11.2013 – capturado em http://vincentians.com/es/santa-maria-virgen-inmaculada-de-la-medalla-milagrosa/ (Texto traduzido e com alguns destaques nossos)