MEMÓRIA MENSAL DA REVELAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA
(Foto: ACIDigital) |
“A
MEDALHA MILAGROSA”
Com
grande espírito de síntese e piedade, uma prestigiosa revista
francesa narra as aparições de Nossa Senhora a Santa Catarina
Labouré. E relata numerosos fatos ricos em substância de fé e
devoção.
Trata-se
de artigo publicado na “Revista
Arautos do Evangelho”,
nº. 47, de Novembro de 2005 (pp. 32 à 35), da pena de Mons. João
Clá Dias, traduzindo outro artigo publicado na revista francesa
“L’Ami
du Clergé”,de
abril de 1907, que o impressionou tanto em razão de ter sido “…
tão bem escrito, com tão grande espírito de síntese e piedade,
que resolvi enviar o meu para o arquivo e pôr mãos à obra na
tradução, a fim de colocar à disposição dos leitores o texto da
publicação francesa.”
“Com
a palavra 'L’Ami du Clergé'.
I
– Aparição da Medalha Milagrosa
Em
27 de novembro de 1830, a Virgem Imaculada aparecia na capela da
Casa-Mãe das Filhas da Caridade, em Paris.
Eram
por volta de cinco horas e meia da tarde. Em profundo silêncio, a
Irmã Catarina Labouré fazia sua meditação. De repente, ela ouviu
um ruído como o frufru de um vestido de seda, vindo do lado da
Epístola. Levantou os olhos e deparou com a Santíssima Virgem
Maria, resplandecente de luz, trajando um vestido branco e um manto
branco-aurora. Os pés da Mãe de Deus pousavam sobre a metade de um
globo; suas mãos seguravam outro globo, que Ela oferecia a Nosso
Senhor com uma inefável expressão de súplica e de amor. Mas eis
que esse quadro vivo se modifica sensivelmente, figurando o que foi
depois representado na Medalha Milagrosa. As mãos de Maria,
carregadas de graças simbolizadas por anéis radiosos, emitem feixes
de raios luminosos sobre a terra, mas com maior abundância num
ponto.
Ouçamos
a narração da piedosa Vidente:
'Enquanto
eu a contemplava, a Virgem Santa baixou seus olhos para mim, e uma
voz me disse no fundo do coração: ‘Este
globo que vês representa o mundo inteiro, especialmente a França e
cada pessoa em particular’.
A Virgem Imaculada com o globo |
'Não
sei exprimir o que pude perceber da beleza e do brilho dos raios.
'E
a Virgem Santa acrescentou: ‘Eis
o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que me pedem’,
dando-me a entender quanto Ela é generosa para quem a invoca…
quantas graças Ela concede às pessoas que Lhe pedem… Nesse
momento, eu estava ou não estava… não sei… eu saboreava aqueles
momentos!'
Formou-se
em torno da Santíssima Virgem um quadro meio ovalado, no qual se
liam estas palavras, escritas em letras de ouro: ‘Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorrermos a Vós’.
'Depois
se fez ouvir uma voz que me disse: ‘Faze
cunhar uma medalha conforme este modelo; as pessoas que a portarem
com piedade receberão grandes graças, sobretudo se a levarem no
pescoço; as graças serão abundantes para aqueles que tiverem
confiança’.'
A
Medalha foi cunhada e espalhou-se com maravilhosa rapidez pelo mundo
inteiro, e em toda parte foi instrumento de misericórdia, arma
terrível contra o demônio, remédio para muitos males, meio simples
e prodigioso de conversão e de santificação.
II
– Graças recebidas
A
partir daqui, 'L’Ami du Clergé' passa a estampar algumas graças
recebidas por meio da Medalha Milagrosa.
Rochefort
e a Santíssima Virgem
Cassagnac(1)
relatou o incidente do duelo que ele travou com Rochefort, a
propósito de um artigo por este escrito sobre Maria Antonieta:
'Era
o dia 1º de janeiro. Caíam enormes flocos de neve, e o branco manto
subia até os joelhos. Entregaram-me o revólver para carregar as
seis balas, que Rochefort havia ferozmente exigido, e eu tinha aceito
com a despreocupação da juventude e, talvez, a certeza de que não
seria necessário usá-las todas, devendo uma só ser suficiente.
A Virgem Imaculada com os braços estendidos (Postal comemorativo do centenário das Aparições,1830-1930) |
'Rochefort
atirou e errou o alvo. Eu atirei. Rochefort caiu. Julguei-o morto,
pois a bala o atingiu onde eu tinha visado: em pleno quadril. Destino
singular o de Rochefort! Ele é quase sempre ferido em duelo.
'Os
assistentes o rodearam. Muito surpreso, o médico constatou que, em
vez de ser atravessado de lado a lado, como deveria fatalmente ter
acontecido, ele não recebeu mais do que uma violentíssima contusão.
Portanto, a bala havia sido desviada. O que a desviara? O médico
procurou e, cada vez mais surpreso, mostrou-nos uma medalha furada
pela bala, medalha da Virgem que uma mão amiga tinha costurado
secretamente na cintura da calça.
'Sem
essa milagrosa medalha, Rochefort teria caído morto.'
'Que
ele venha agora…'
Oito
soldados moribundos foram conduzidos ao hospital. Um deles recusou
confessar-se. A Irmã escorregou uma medalha da Virgem Santíssima
sob o travesseiro do pobre enfermo.
No
dia seguinte, ele chamou a Irmã e lhe disse:
– A
gente morre como cão aqui? Sou cristão e quero confessar-me.
– Eu
lhe propus isso ontem e você disse “não”; e até mesmo expulsou
o sacerdote – respondeu a Irmã.
– É
verdade, e lamento essa atitude. Que ele venha agora.
'A
Virgem Santa me salvou!'
Na
véspera da Imaculada Conceição, conta uma freira de orfanato, eu
distribuí às crianças medalhas da Virgem Maria, contando-lhes
alguns milagres ao alcance de suas inteligências infantis. Terminei
dizendo-lhes que se elas portassem sempre essa preciosa medalha, a
Santa Virgem as preservaria de qualquer acidente.
Nossa
boa Mãe não tardou a justificar essa certeza, e de maneira bem
surpreendente. Na tarde de 11 de dezembro, às seis horas, um menino
de cinco anos, chamado José, brincava diante de sua casa com outros
de idades próximas da sua. Um destes, mais velho que ele, empurrou-o
tão fortemente que o pequeno foi cair debaixo da roda de uma carroça
que atravessava a rua naquele momento. A roda passou sobre a perna do
pobre menino. Ouvindo seus gritos desesperados, sua mãe acorreu em
prantos e ergueu do chão seu pobre pequeno José, que ela julgava
estar triturado, e
o
levou para dentro da casa. Mas – oh surpresa! – ele estava são e
salvo. Não se pôde sequer descobrir a marca da roda que,
entretanto, todas as testemunhas da cena viram passar sobre sua
perna.
Postal com a síntese da 2ª Aparição da rua du Bac (27.11.1830) |
Somente
José não se surpreendeu: 'É
verdade, mamãe – disse ele – não sofri mal algum. Bem nos disse
outro dia a Irmã que a Santa Virgem nos protegeria sempre que nós
portássemos sua medalha'.
E ele beijava de todo coração essa medalha tão querida.
No
dia seguinte, a mãe veio cheia de emoção contar-nos 'o
milagre que a Santa Virgem fizera em favor de seu pequeno José'.
As
pessoas que viram o menino sob a roda da carroça, e outras que
ouviram falar do acidente, interrogavam- no a respeito. A todos ele
respondia mostrando sua medalha:
– A
Virgem Santa me salvou!
A
medalha de Bugeaud
Bugeaud(2)
conservou sempre consigo a medalha de sua filha, nos perigos de suas
dezoito campanhas militares ao longo das quais tantos valentes
tombaram a seu lado sob os golpes dos árabes. Essa medalha estava
ainda pendurada ao seu pescoço quando ele faleceu, aos 65 anos,
dando mostra dos mais admiráveis sentimentos.
Eis
um episódio que confirma sua confiança na Mãe de Deus.
Num
dia de combate, percebendo, duas horas após a partida, que tinha
esquecido sua medalha, ele chamou um spahi(3) e lhe disse: 'Meu
bravo soldado, teu cavalo árabe pode fazer quatro léguas por hora.
Deixei minha medalha pendurada em minha tenda, no acampamento. E não
posso travar batalha sem ela. Vou mandar parar a tropa e esperar-te
durante uma hora, de relógio na mão'.
O cavaleiro partiu a todo galope e retornou uma hora depois. Quando
ele entregou a medalha ao velho combatente, este a beijou em presença
de seu estado-maior, colocou-a no peito e disse em alta voz: 'Agora
posso avançar. Com minha medalha, nunca fui ferido. Avante,
soldados! Vamos derrotar os cabilas!'
Salvas
de uma avalanche
Uma
avalanche tinha esmagado uma aldeia dos Alpes. Os soldados enviados
para prestar socorro à população encontraram sob os escombros uma
mulher e sua filha, que passaram doze horas em aflições
indescritíveis.
A
mãe contou que sua filha ficara desmaiada por várias horas e que
ela a julgava morta. Por sua vez, ela queria morrer, para não
agonizar durante muito tempo sobre o pequeno cadáver. De repente,
sentiu a mão gelada de sua filha tocar-lhe.
– Margarida!
– Onde
estamos, mamãe?
– Pobrezinha,
estamos nas mãos de Deus.
A
escuridão era completa, e as duas infelizes tinham feito o
sacrifício de suas vidas. Ao cair da tarde, elas ouviram um ruído
surdo: era o barulho das picaretas dos soldados que vinham
socorrê-las. Somente então essas pobres sepultadas-vivas sentiram
renascer a esperança.
– Avante!
Estamos aqui, deste lado. Pelo amor de Deus e da Virgem Maria,
avante!
Por
volta de cinco horas da tarde elas estavam salvas.
Os
cabelos da mãe tinham embranquecido durante essas doze horas. E as
duas mostravam a medalha que cada uma portava ao pescoço, dizendo: –
Eis aqui a salvação e a vida!
Santa Catrina Labouré doando Medalhas Milagrosas |
Retorno
ao bem
Um
rapaz que infelizmente estava afastado do Deus de sua infância, mas
tinha uma mãe muito piedosa e boa, ficou gravemente enfermo. A morte
se aproximava rapidamente. Não queria ele ouvir falar de Deus nem de
religião. Tudo quanto sua pobre mãe tentava fazer por ele era em
vão. Ela tomou então uma Medalha Milagrosa e a pôs na cama do
doente, sem este perceber. De repente, o moço começou a se agitar
vivamente e disse à mãe: –
O que a senhora pôs na minha cama? Não consigo mais dormir.
A
mãe tentou acalmá-lo, sem, contudo, dizer o que havia feito.
Entretanto, ela foi obrigada a se ausentar por alguns instantes, e o
rapaz, embora bastante debilitado, pulou da cama e descobriu por fim
a medalha. Ficou tão furioso que pegou a imagem de Maria,
arrastou-se até a porta, e gritou:
– Eu
não preciso dessas coisas!
A
Virgem Santíssima, tratada de forma tão indigna por esse pobre
infeliz, teve, entretanto, piedade dele e, por um milagre quase
inaudito de misericórdia, fê-lo mudar completamente: ele pediu à
mãe para procurar um sacerdote, confessou- se com o mais ardoroso
arrependimento, e morreu no dia seguinte, recebendo todos os
sacramentos da Igreja.”
_________________
1)
Paul Granier de Cassagnac e Henri Rochefort, jornalistas e políticos
franceses, no fim do século XIX.
2) Thomas Bugeaud, Marechal de França, Governador Geral da Argélia (1840-1847).
3) Soldado de cavalaria na Argélia.
2) Thomas Bugeaud, Marechal de França, Governador Geral da Argélia (1840-1847).
3) Soldado de cavalaria na Argélia.
USE
A MEDALHA MILAGROSA
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FONTE:
http://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/virgem-maria/a-medalha-milagrosa-144230
(excertos)
- Texto revisto e atualizado, assim como acrescentamos alguns
destaques.