Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

As Estrelas que circundam a Medalha Milagrosa ...

AS ESTRELAS QUE CIRCUNDAM A MEDALHA MILAGROSA LEMBRAM A MULHER VESTIDA DO SOL E COROADA DE DOZE ESTRELAS DE MARIA (Ap 12,1)


Imagem da Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa no altar-mor da Capela
da  rua du Bac, 140, Paris, no detalhe, coroada e com a auréola contendo doze
estrelas
 

O primeiro capítulo do livro do Apocalipse escrito por São João, quando deportado na ilha de Patmos, começa descrevendo a imagem de «uma Mulher revestida do sol», que a Tradição atribui à Virgem Maria e à Igreja, e revela-nos a realeza e a majestade de Nossa Senhora: «Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.» (Ap 12,1)[1].
Reverso da Medalha
Milagrosa

É certo que em nenhum dos relatos existentes acerca das Aparições da rua du Bac, Paris, em 1830, fazem referência às doze estrelas que se vê no reverso da Medalha Milagrosa. A efígie da Virgem sobre a meia esfera e pisando a serpente, os raios, a jaculatória ("Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!") em letras de ouro e ao redor de Nossa Senhora, e no reverso da Medalha, a letra M encimada por uma Cruz e tendo abaixo os Corações de Jesus e de Maria, são esses os relatos escritos da Segunda Aparição por Santa Catarina Labouré, ou seja, não há, de fato, referência à estrelas.

Entretanto, desde a primeira cunhagem da Medalha Milagrosa (em abril de 1832), aparecem as doze estrelas, e há relatos de que Santa Catarina afirmou muitas vezes, de forma oral, tê-las visto durante as aparições[2]. Portanto, é moralmente certo afirmarmos que as doze estrelas impressas no reverso da Medalha compõem as aparições e revelações da Santíssima Virgem.
Verso e reverso de uma das primeiras Medalhas Milagrosas,
obra do joalheiro parisiense Aureliano Vachette.[8]

Na verdade, se repararmos com atenção, a Medalha Milagrosa é uma síntese de teologia mariana, como afirma o Pe. René Laurentin, nela se vê a revelação dos diversos privilégios que Igreja reconhece a Nossa Senhora: a imaculada conceição de Maria, a mediação das graças, a vitória sobre o demônio (representado pela serpente sob seus pés), a corredenção (o Coração trespassado ao lado Coração de Jesus coroado de espinhos e a Cruz sobre a letra M), e sua realeza sobre o mundo (Maria está sobre meia esfera, que representa o mundo), assim, nada mais coerente e justo que a existência das doze estrelas coroando a Medalha.

É-nos lícito também firmar, com base em uma das interpretações que se dá às doze estrelas da coroa de Maria Santíssima, símbolo dos Doze Apóstolos, fazerem referência a um dos atributos de sua realeza: Rainha dos Apóstolos. É uma das invocações da Ladainha de Nossa Senhora (Lauretana), e, de fato, Ela é a Rainha dos Apóstolos, pois com estes permaneceu após a Ascensão do Senhor ao céu e em oração no Cenáculo, em Jerusalém, estava presente no dia de Pentecostes (At 1,13-14).

Se a Medalha Milagrosa é uma síntese de teologia mariana, nela se vê simbolizados diversos privilégios de Nossa Senhora, nada mais justo que a presença das doze estrelas que coroam nossa Rainha.

Quanto ao significado dessas estrelas, o Prof. Felipe Aquino publicou um livro com o título "A Mulher do Apocalipse", no qual apresenta, inspirado nos ensinamentos de São Luís Maria Grignion de Montfort, que viu na coroa de doze estrelas as glórias e méritos da Santíssima Virgem, na obra de Santo Afonso Maria de Ligório ("Glórias de Maria"), e nos demais ensinamentos da Igreja, dos santos Padres e Doutores, o significado de cada uma dessas estrelas, correlacionando-as às glórias, méritos e ao poder de Maria.

São essas as doze estrelas[3]:

1ª ESTRELA: A IMACULADA CONCEIÇÃO

2ª ESTRELA: A VIRGINDADE PERPÉTUA

3ª ESTRELA: A MATERNIDADE DIVINA

4ª ESTRELA: BENDITA ENTRE TODAS AS MULHERES

5ª ESTRELA: ESPOSA DO ESPÍRITO SANTO

6ª ESTRELA: SUBMISSÃO DE JESUS A MARIA

7ª ESTRELA: VENCEDORA DE SATANÁS E DAS HERESIAS

8ª ESTRELA: MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS

9ª ESTRELA: MÃE DA IGREJA E NOSSA MÃE

10ª ESTRELA: ASSUNTA AO CÉU

11ª ESTRELA: RAINHA DO CÉU E DA TERRA

12ª ESTRELA: O MOLDE DE SANTIDADE

Além de ser recomendável a leitura da obra citada acima, para melhor e maior conhecimento, também cremos ser de suma importância honrarmos a Santíssima Virgem por meio de uma oração que contemple seus méritos, glórias e privilégios que compõem sua coroa de doze estrelas.
São Luís Maria Grignion
de Montfort

O grande santo mariano, São Luís Maria Grignion de Montfort, em sua célebre obra, "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria", propõe uma prática devocional aos servos e escravos de Maria: a "Coroinha da Santíssima Virgem", que recomenda seja recitada diariamente por todos aqueles que aderirem à prática devocional mariana que propõe na referida obra:

"Rezarão todos os dias de sua vida, mas sem a isso se obrigarem, a coroinha da Santíssima Virgem. Esta compõe-se de três Pai-Nossos e doze Ave-Marias, em honra dos doze privilégios e grandezas da Santíssima Virgem. Esta prática é muito antiga e fundamenta-se na Sagrada Escritura. São João viu uma mulher coroada de doze estrelas, vestida de Sol e tendo a Lua debaixo dos pés (Ap 12, 1). Segundo os intérpretes, essa mulher é a Santíssima Virgem.
Há várias maneiras de recitar bem esta coroinha, e seria demasiado longo mencioná-las. O Espírito Santo as ensinará aos que forem mais fieis a esta Devoção. Entretanto, para rezá-la em sua forma mais simples dir-se-á ao começar: 'Dignai-Vos conceder-me que Vos louve, ó Virgem Sagrada, dai-me virtude contra os Vossos inimigos!' Em seguida reza-se o Credo, depois um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai; e novamente um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai, e assim por diante. No fim se dirá: 'Sob a Vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossa súplicas em nossa necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e Bendita!'”[4]
De fato, diversas formas de recitação dessa coroinha têm sido divulgadas, mas, a forma abaixo é, a nosso ver, a mais fiel à exortação de S. Luís Maria Montfort[5]:


"℣. Concedei-me que Vos louve, Virgem Sagrada,
. Dai-me valor contra os vossos inimigos.
CREDO
I - Coroa de Excelência

Pai Nosso ...
Ave Maria ...
Sois Bem-aventurada, Virgem Maria, que levastes em vosso seio o Senhor, Criador do mundo; destes à luz a Quem Vos formou, e Sois Virgem perpétua.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.
Ave Maria…
Ó Santa e imaculada virgindade, não sei com que louvores Vos possa exaltar; pois quem os céus não podem conter, Vós O levastes em vosso seio.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.
 Ave Maria…
Sois toda formosa, Virgem Maria, e não há mancha em vós.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.
Ave Maria…
Possuís, ó Virgem Santíssima, tantos privilégios, quantas são as estrelas no céu.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
Glória ao Pai...
II - Coroa de Poder

Pai Nosso...
Ave Maria...
Glória a Vós, imperatriz do céu, conduzi-nos convosco aos gozos do paraíso.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
Ave Maria…
Glória a Vós, tesoureira das graças do Senhor, dai-nos parte em vosso tesouro.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
Ave Maria…
Glória a Vós, medianeira entre Deus e os homens, tornai-nos propício o Todo-poderoso.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
Ave Maria…
Glória a Vós, que esmagais as heresias e o demônio: sede nossa bondosa guia.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
Glória ao Pai...
III - Coroa de Bondade

Pai Nosso...
 Ave Maria...
Glória a Vós, refúgio dos pecadores; intercedei por nós junto ao Senhor.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
 Ave Maria…
Glória a Vós, Mãe dos órfãos; fazei que nos seja propício o Pai Todo-Poderoso.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
 Ave Maria…
Glória a Vós, alegria dos justos; conduzi-nos convosco às alegrias do céu.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
℟ .  Alegrai-Vos mil vezes.
Ave Maria…
Glória a Vós, nossa auxiliadora mui prestimosa na vida e na morte; conduzi-nos convosco para o reino do céu.
Alegrai-Vos, Virgem Maria.
.  Alegrai-Vos mil vezes.
Glória ao Pai...
Oremos:
Ave, Maria, Filha de Deus Padre; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria, Esposa do Espírito Santo; Ave, Maria, templo da Santíssima Trindade; Ave, Maria, Senhora minha, meu bem, meu amor, Rainha do meu coração, Mãe, vida, doçura e esperança minha mui querida, meu coração e minha alma. Sou todo vosso, e tudo o que possuo é vosso, ó Virgem sobre todos bendita. Esteja, pois, a mim a vossa alma para engrandecer o Senhor; esteja em mim vosso espírito para rejubilar em Deus. Colocai-Vos, ó Virgem fiel, como selo sobre o meu coração, para que, em Vós e por Vós, seja eu achado fiel a Deus. Concedei, ó Mãe de misericórdia, que me encontre no número dos que amais, ensinais, guiais, sustentais e protegeis como filhos. Fazei que, por vosso amor, despreze todas as consolações da terra e aspire só as celestes; até que, para glória do Pai, Jesus Cristo, Vosso Filho, seja formado em mim, pelo Espírito Santo, vosso Esposo fidelíssimo, e por Vós, sua Esposa mui fiel.Assim seja."

Santa Catarina Labouré almejava muito que a Virgem Imaculada fosse honrada como Rainha, tendo até escrito as seguintes palavras proféticas:
Santa Catarina Labouré, a vidente e
a mensageira da Medalha Milagrosa

"Oh! como será belo ouvir-se dizer: Maria é a Rainha do Universo, particularmente da França, e as crianças exclamarão: E de cada um em particular, com transportes de alegria. Será um tempo de paz, de alegria e de felicidade que será longo; Ela será carregada em triunfo por todo mundo."[6] 

Esse santo desejo de Irmã Catarina foi atendido por Nossa Senhora, tendo, em Fátima, após falar sobre os castigos e provações que a humanidade terá de passar, enchei-nos de esperanças com esta promessa: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará". 

Finalmente, uma boa oportunidade de honrarmos a Virgem Maria coroada de doze estrelas, é celebrar-se dignamente amanhã – 22 de Agosto  a Festa de Nossa Senhora Rainha, instituída pelo Papa Pio XII, através da Carta Encíclica AD CAELI REGINAM, sobre a Realeza de Maria e a instituição da sua Festa, de 11.10.1954, inicialmente celebrada no dia 31 de Maio. Sua Santidade assim nos exorta:

"Procurem pois todos, e agora com mais confiança, aproximar-se do trono da misericórdia e da graça, para pedir à nossa Rainha e Mãe socorro na adversidade, luz nas trevas, conforto na dor e no pranto; e, o que é mais, esforcem-se por se libertar da escravidão do pecado, e prestem ao cetro régio de tão poderosa Mãe a homenagem duradoura da devoção dial. Frequentem as multidões de fiéis os seus templos e celebrem-lhe as festas; ande nas mãos de todos a piedosa coroa do terço; e reúna a recitação dele – nas igrejas, nas casas, nos hospitais e nas prisões – ora pequenos grupos, ora grandes assembleias, para cantarem as glórias de Maria. Honra-se o mais possível o seu nome, mais doce do que o néctar e mais valioso que toda a pedra preciosa; ninguém ouse o que seria prova de alma vil – pronunciar ímpias blasfêmias contra este nome santíssimo, ornado de tanta majestade e venerável pelo carinho próprio de mãe; nem se atreva ninguém a dizer nada que seja irreverente."[7]



 Receba o conteúdo deste blog gratuitamente. Cadastre seu e-mail abaixo.   





FONTES CONSULTADAS:

[1]  http://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/apocalipse/12/
[2] CASTRO, P. Jerônimo P de Castro. Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa, Editora Vozes, 1951, p. 94
[3] AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. A Mulher do Apocalipse, Editora Cléofas, 2016
[4] MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, edição em pdf, Primeira Edição Popular do Serviço de Animação Eucarística Mariana, cotejada com o original francês, bem como com edições italiana, espanhola e diversas brasileiras. Julho de 2002 Parágrafos 234 e 235, p. 162
[5] http://almasdevotas.blogspot.com.br/2012/04/coroinha-de-nossa-senhora.html
[6] SANTOS, Armando Alexandre dos. A Verdadeira História da Medalha Milagrosa, Editora Artpress, São paulo, 2ª edição/2017, p. 43
[7] http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_11101954_ad-caeli-reginam.html#fn31 (Parágrafo 46)
[8] http://www.abim.inf.br/nossa-senhora-das-gracas-e-a-medalha-milagrosa-bastidores-de-uma-historia/#.WZEHoFWGPIU
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário