MADRE TERESA (DE CALCUTÁ) E A MEDALHA MILAGROSA
Rainha concebida sem pecado original, rogai por nós que recorremos a Vós! |
Madre
Teresa de Calcutá1,
reconhecida no mundo inteiro por sua missão de caridade iniciada em
1948, utilizava um simples “instrumento”
como
símbolo desta caridade: a
“Medalha Milagrosa”. Era
muito comum ver Madre Teresa tomar um punhado dessas medalhas,
beijá-las e entregá-las aos pobres. À porta de seus conventos se
formavam longas filas quando se anunciava que Madre Teresa havia
chegado à cidade. Um a um, Madre Teresa dava as boas-vindas, aos
jovens e anciãos, aos enfermos e necessitados, aos leigos e aos
clérigos, às pessoas importantes e as que não ocupavam posições
importantes. Raramente alguém ia embora sem que Madre Teresa
depositasse uma Medalha Milagrosa em suas mãos.
Em
sua última visita ao Sul do Bronx, em Nova York, no mês de Junho de
1997, sentada em uma cadeira de rodas, menos de três meses antes de
sua morte, Madre Teresa tenha em seu colo uma cesta cheia destas
medalhas. Suas irmãs iam enchendo continuamente a cesta a medida que
Madre Teresa entregava uma considerável quantidade de medalhas a
cada sacerdote que venha saudá-la depois da Missa. É digno de nota
o profundo respeito com o qual tratava estes sacramentais religiosos,
e também a veemência com a qual ela recomendava que fossem
utilizados como úteis para disseminar a mensagem de amor dos
Evangelhos.
Santa Madre Teresa de Calcutá (foto do dia de sua canonização) |
Por
que Madre Teresa fazia a entrega destas medalhas? Que significado
possuem estas medalhas? Que relação tinham com o trabalho de suas
irmãs, as Missionárias da Caridade (a quem a Madre, afetuosamente,
chamava “MC”)?
Já
que durante a última década de sua vida Madre Teresa supervisionava
pessoalmente a distribuição de dezenas de milhões de Medalhas
Milagrosas, e já que suas MC continuavam distribuindo 1.800.000
Medalhas Milagrosas a cada ano, cremos estar diante de um indicador
muito importante, e antes de mais nada, oferece-se um breve panorama
desse fenômeno.
A
Medalha Milagrosa teve sua origem oitenta anos antes do nascimento de
Madre Teresa. No dia 18 de Julho e também no dia 27 de Novembro do
ano de 1830, a Santíssima Virgem Maria apareceu a uma jovem Filha da
Caridade, Sta.
Catalina Labouré, na
capela da rue
du
Bac,
em Paris. Em sua mensagem de despedida a Catarina, Nossa Senhora
pediu que fosse cunhada e distribuída a medalha com a representação
de sua Imaculada Conceição, na frente (anverso), e uma imagem do
Calvário na parte posterior (reverso).
Nos
dez anos seguintes a essa aparição, uma década geralmente
considerada como principio da era moderna e dos fenômenos marianos,
a Medalha foi tão amplamente distribuída que se tornou muito
popular, promovendo um tão grande número de curas e conversões,
que o povo logo passou a chamá-la de “a Medalha Milagrosa”, nome
com o qual continua sendo conhecida até o dia de hoje.
Os
missionários franceses, em meados do século XIX, difundiram a
Medalha e sua milagrosa reputação através do mundo. Em 1842, a
conversão do fanático agnóstico e anticatólico Alphonse
Ratisbone (hoje
santo canonizado), por meio de uma Medalha Milagrosa, tornou-se
famosa no mundo inteiro. Na primeira metade do século XX, o Frade
Franciscano Conventual – e mais tarde Mártir da Caridade em
Auschwitz, São
Maximiliano Kolbe,
encabeçou um movimento de distribuição maciça das Medalhas
Milagrosas. São Maximiliano Kolbe qualificava a Medalha como “a
arma que dispomos para arrebatar corações” e
“a bala com a qual os devotos soldados ferem o inimigo, ou seja, o
mal, e assim
resgatam-se
as almas”.
Conversão de Alphonse Ratisbone em 1842. |
Assim
como São Maximiliano Kolbe é considerado o maior propagador e
defensor da Medalha Milagrosa, na primeira metade do século XX,
pode-se dizer também que Madre Teresa foi a maior propagadora e
defensora da Medalha Milagrosa, na segunda metade do século XX.
Madre Teresa utilizava a Medalha como um eficaz instrumento para
difusão do Evangelho do Amor.
De
que forma a Medalha representa a mensagem dos Evangelhos, sobre a
perfeita caridade?
Se
examinamos o simbolismo que emanam da parte posterior (reverso), é
como se estivéssemos lendo o Catecismo da Igreja Católica. Têm
lições sobre Jesus Cristo, sua Igreja, a Redenção, a Eucaristia,
a Misericórdia Divina, a Graça, o Pecado Original, a Virgem Maria,
o Juízo Final, o Paraíso e o Inferno. Tudo isto se pode aprender
estudando as imagens que aparecem no reverso da Medalha Milagrosa.
O
anverso (frente) da Medalha Milagrosa representa a cena do Gênesis
3,15, conhecida como o Protoevangelho (“o primeiro evangelho”),
no qual Deus anuncia, em forma de profecia, que uma Mulher e seu
filho vão esmagar a cabeça da antiga serpente que enganou a Adão e
Eva, induzindo-os a cometer o Pecado Original. Posta sobre a terra,
com os pés sobre a serpente rastejante, está Maria como a Imaculada
Conceição, uma doutrina que se explica por meio das palavras, em
forma de oração, e que rodeiam a efígie de Nossa Senhora, em um
marco ovalado: “Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!”.
São Maximiliano M. Kolbe com a Medalha Milagrosa |
Maria,
a Nova Eva, a primeira de nossa raça humana que foi liberada do
Pecado Original (no preciso instante no qual foi concebida no ventre
de sua mãe), intercede junto a Deus pelas graças, sobrepondo-se ao
mal que ardilosamente se introduz em nossas frágeis vidas. Estas
graças pelas quais Ela roga a Deus, estão simbolizadas nos raios
que descem de seus dedos. Observemos que esses raios não emanam de
todos os dedos. Nossa Senhora explicou a Sta. Catarina Labouré que
os raios ausentes representam as graças que Deus nos oferece, porém,
não aceitamos. Em geral, a parte frontal da Medalha Milagrosa é um
mini catecismo acerca da grande luta entre o bem e o mal, na qual se
veem envolvidos os seres humanos, uma luta na qual Maria se destaca
como o grande prêmio da vitória obtida por Cristo, e como a Mãe
que Deus nos deu, canaliza e nos distribui as graças necessárias
para partilharmos dessa mesma vitória.
O
reverso (parte de trás) da Medalha Milagrosa, representa a cena do
Evangelho de São João 19, 25-27, na qual a cruz de Jesus Cristo,
com Maria a seu pé, aparece na parte mais alta no mistério da
Divina Caridade, o amor redentor sem limites. Rodeada, de forma oval,
por 12 estrelas, que simbolizam as doze Tribos de Israel do Antigo
Testamento e os 12 Apóstolos do Novo Testamento; a Cruz da Medalha
Milagrosa representa a Esperança, uma esperança que Maria
compreendeu e que Madre Teresa transmitia cada vez que apertava a
Medalha nas mãos dos pobres. Na base da Cruz se vê uma barra
horizontal, que simboliza o Altar, já que é no Altar, na Missa,
onde o Sacrifício do Calvário continua presente no mundo e em todas
as épocas.
A
letra “M” ao pé da Cruz e o Altar indicam a forma na qual Maria
reúne os fieis para receberem as graças da Redenção e para
participarem na Santa Comunhão, com sua devota atitude e sua postura
de total consagração a Cristo e sua Missão de Caridade. Debaixo do
monograma Mariano se pode ver dois Corações, o Sagrado Coração de
Jesus, circundado de espinhos, e o Imaculado Coração de Maria,
transpassado por uma espada. A união desses dois corações no
sangue do sofrimento e do sacrifício, converter-se-ão, finalmente,
numa aliança de glória. Jesus glorificado ascendeu ao Céu e Maria
Imaculada subiu em corpo e alma para essa mesma morada, onde ambos
vivem agora unidos numa eterna e sincronizada pulsação de amor pela
humanidade, chamada a compartilhar, um dia, da vida e do amor em sua
totalidade.
Medalha Milagrosa (anverso) |
Na
forma como Madre Teresa propagava o Evangelho do Amor, permitia
aqueles que recebiam a Medalha Milagrosa experimentarem o terno amor
e o carinho que Maria, Mãe de Jesus, sente por eles em todos os seus
momentos de necessidade. Madre Teresa lhes pedia que rezassem com fé,
dizendo: “Maria,
Mãe de Jesus, sede uma mãe agora também para mim”,
e que lhe pedissem o que necessitavam. Se produziram inumeráveis
milagres desta maneira, fazendo que os corações dos fieis se
voltassem a Deus, com profundo amor e confiança.
Para
Madre Teresa, esta era uma “Medalha
da Caridade”, um
sinal especial do interesse que Deus tem por todos e por cada um de
nós “agora”, ou seja, em todos e em cada um dos momentos da
vida. Madre Teresa infundiu um novo impulso apostólico à Medalha
Milagrosa, enfocando a espiritualidade e a teologia da Medalha
através do prisma de sua santa missão de caridade, uma missão que
está destinada precisamente a saciar a sede de Jesus pelo amor e
pelas almas, especialmente pelos mais pobres dos pobres. Como saciar
a sede de Jesus é o verdadeiro coração do carisma (espiritualidade
e missão) das Missionárias da Caridade, Madre Teresa não se
equivocou ao estabelecer a relação entre as duas das últimas
frases de Jesus na Cruz: “Eis
aí
a tua Mãe” (Jo
19, 27) e “Tenho
sede” (Jo
19, 28). Dessa maneira é que as Missionárias da Caridade aplacam a
sede de Jesus, passando sede por Ele, respondendo ao amor de Jesus
com seu próprio amor, da mesma maneira que o fez Maria.
Medalha Milagrosa (reverso) |
Assim
como no Calvário Maria compreendeu a sede de seu Filho, recebeu seu
amor e o propagou, do mesmo modo Madre Teresa, com grande
simplicidade, adotou a Medalha Milagrosa como um singelo instrumento
para simbolizar o retorno do amor pelo amor. O
AMOR
SÓ SE PAGA COM AMOR!
Ó Maria sem pecado concebida, roga por nós que recorremos a Ti, para que a sede de Jesus possa ser satisfeita e para que o mundo se converta em algo agradável para Deus, um reino de amor, no qual Tu, ó Maria, Mãe de Jesus, possas ser uma mãe para mim e para todos, agora e para sempre. Amém.
Santa
Catarina Labouré escutou uma voz que lhe dizia: “Faz
cunhar uma medalha segundo este modelo. Os que a usarem, uma vez
benzida2,
receberão grandes graças, especialmente se a usarem ao redor do
pescoço.
As graças serão mais abundantes para aqueles que a usarem com fé”.
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FONTE:
artigo de James
Mccurry, O.F.M,
originalmente publicado em 2003 (Arquidiocese de Nova York),
capturado em
http://vincentians.com/es/la-madre-teresa-y-la-medalla-milagrosa/
- Texto por nós traduzido e adaptado para o português do Brasil.
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1 Madre
Teresa de Calcutá foi canonizada
pelo Papa Francisco, nosso atual Pontífice, no dia 4 de Setembro de
2016, diante de aproximadamente 100.000 pessoas na Praça de São
Pedro, no Vaticano.
2 Os
biógrafos de Santa Catarina Labouré não fazem referência a essa
condição de estar benzida a Medalha para se alcanças as graças
que a Santíssima Virgem deseja nos conceder.
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