A CONEXÃO ENTRE OS DOGMAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO E DA ASSUNÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA
"Os
dois dogmas, da Imaculada Conceição e da Assunção, estão
intimamente ligados entre si", disse o Papa em peregrinação a
Lourdes
Era
o último ano do pontificado de São
João Paulo II.
Apesar de já bastante debilitado na saúde física, o Santo Padre
fez questão de realizar uma desejada peregrinação a Lourdes.
Celebrava-se, afinal, o 150º aniversário da proclamação do dogma
da Imaculada
Conceição de Maria,
reiterado por ela própria em suas aparições a Santa Bernadette
Soubirous.
A
data escolhida pelo Papa foi emblemática: 15 de agosto de 2004,
Assunção
de Nossa Senhora –
ou seja, o dia em que a Igreja celebra o fato de que, “tendo
completado o curso de sua vida terrestre, [Maria] foi assumida, de
corpo e alma, na glória celeste”
(Papa
Pio XII, Munificentissimus
Deus,
1º de novembro de 1950).
Última visita do Papa João Paulo II a Lourdes, em Agosto de 2004 |
Em
Lourdes,
nesta data da Assunção de Maria ao Céu, São João Paulo II deu
uma preciosa homilia da qual extraímos os seguintes trechos a
respeito desta celebração:
*
* *
«Naqueles
dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se
apressadamente a uma cidade…»
(Lc 1, 39). As palavras deste trecho evangélico fazem-nos
vislumbrar, com os olhos do coração, a jovem de Nazaré a caminho
da cidade da Judeia, onde morava a sua prima, para lhe oferecer os
seus serviços. Aquilo que nos surpreende acima de tudo, em Maria, é
a sua atenção repleta de ternura pela sua parente idosa. Trata-se
de um amor concreto, que não se limita a palavras de compreensão,
mas que se compromete pessoalmente numa verdadeira assistência. À
sua prima, a Virgem não dá simplesmente algo que lhe pertence; Ela
dá-se a si mesma, sem nada exigir como retribuição. Ela
compreendeu de maneira perfeita que, mais do que um privilégio, o
dom recebido de Deus constitui um dever, que a empenha no serviço
aos outros, na gratuidade que é própria do amor.
A
minha alma proclama a grandeza do Senhor…(Lc 1, 46). No seu
encontro com Isabel, os sentimentos de Maria brotam com vigor no
cântico do Magnificat.
Através
dos seus lábios exprimem-se a expectativa repleta de esperança dos
«pobres
do Senhor»,
e a consciência do cumprimento das promessas, porque Deus «se
recordou da sua misericórdia»
(cf. Lc 1, 54).
É
precisamente desta consciência que brota a alegria da Virgem Maria,
que transparece no conjunto do cântico: alegria de saber que Deus
olha para Ela, apesar da sua fragilidade (cf. Lc 1, 48); alegria em
virtude do serviço que lhe é possível prestar, graças às grandes
obras que o Todo-Poderoso realizou em seu favor; alegria pela
antecipação das bem-aventuranças escatológicas, reservadas aos
humildes e aos famintos (cf. Lc 1, 52-53).
Depois
do Magnificat
chega
o silêncio; nada se diz acerca dos três meses da presença de Maria
ao lado da sua prima Isabel. Talvez nos seja dita a coisa mais
importante: o
bem não faz ruído, a força do amor expressa-se na discrição
tranquila do serviço quotidiano.
Mediante
as suas palavras e o seu silêncio, a Virgem Maria aparece como um
modelo ao longo do nosso caminho. Não se trata de um caminho fácil:
em virtude da culpa dos seus pais primitivos, a humanidade traz em si
a ferida do pecado, cujas consequências ainda continuam a fazer-se
sentir nas pessoas remidas. Mas o mal e a morte não terão a última
palavra! Maria confirma-o através de toda a sua existência, sendo
testemunha viva da vitória de Cristo, nossa Páscoa.
Os fiéis compreenderam-no, reconhecendo nela «a mulher revestida de sol» (Ap 12, 1), a Rainha que resplandece junto do trono de Deus e intercede em favor deles.
O Papa Pio XII, declarando o dogma da Assunção de Maria. |
No
dia de hoje, a Igreja celebra a gloriosa Assunção de Maria ao Céu,
de corpo e alma. Os dois dogmas da Imaculada Conceição e da
Assunção estão intimamente ligados entre si1.
Ambos proclamam a glória de Cristo Redentor e a santidade de Maria,
cujo destino humano já está perfeita e definitivamente realizado em
Deus.
E quando Eu tiver partido e vos tiver preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo para que, onde Eu estiver, vós estejais também, disse-nos Jesus (Jo 14, 3). Maria é o penhor e o cumprimento da promessa de Cristo. A sua Assunção torna-se para nós um sinal de esperança certa e de consolação (Lumen gentium, 68).
☞ NOTA: Celebra-se a Solenidade da Assunção de Maria em corpo e alma ao Céu no dia 15 de Agosto, porém, no Brasil, quando o dia 15 não coincide com o domingo, é celebrada no primeiro domingo posterior.
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FONTE:
Aleteia Brasil – O título, as imagens, a nota de rodapé e
alguns destaques são nossos.
____________
1 O
Papa Pio XII, ao definir o dogma da Assunção
de Nossa Senhora em corpo e alma ao Céu, através da Constituição
dogmática Munificentissimus
Deus, de
1º.11.1950,
assim afirmou:
“De
fato, Deus, que desde toda a eternidade olhou para a virgem Maria
com particular e pleníssima complacência, quando chegou a
plenitude dos tempos (Gl 4,4) atuou o plano da sua providência de
forma que refulgissem com perfeitíssima harmonia os privilégios e
prerrogativas que lhe concedera com sua liberalidade. A Igreja
sempre reconheceu esta grande liberalidade e a perfeita
harmonia de graças, e durante o decurso dos séculos sempre
procurou estudá-la melhor. Nestes nossos tempos refulgiu com luz
mais clara o privilégio da assunção corpórea da Mãe de Deus.
Esse
privilégio brilhou com novo fulgor quando o nosso predecessor de
imortal memória, Pio IX, definiu solenemente o dogma da Imaculada
Conceição. De fato esses dois dogmas estão estreitamente conexos
entre si. Cristo com a própria morte venceu a morte e o pecado, e
todo aquele que pelo batismo de novo é gerado, sobrenaturalmente,
pela graça, vence também o pecado e a morte. Porém Deus, por lei
ordinária, só concederá aos justos o pleno efeito desta vitória
sobre a morte, quando chegar o fim dos tempos. Por esse motivo, os
corpos dos justos corrompem-se depois da morte, e só no último dia
se juntarão com a própria alma gloriosa.
Mas
Deus quis excetuar dessa lei geral a bem-aventurada virgem Maria.
Por um privilégio inteiramente singular ela venceu o pecado com a
sua concepção imaculada; e por esse motivo não foi sujeita à lei
de permanecer na corrupção do sepulcro, nem teve de esperar a
redenção do corpo até ao fim dos tempos.
Quando
se definiu solenemente que a virgem Maria, Mãe de Deus, foi imune
desde a sua concepção de toda a mancha, logo os corações dos
fiéis conceberam uma mais viva esperança de que em breve o supremo
magistério da Igreja definiria também o dogma da assunção
corpórea da virgem Maria ao céu.”
(http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html)
(http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html)
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