Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A Medalha Milagrosa prepara o Dogma ...



A MEDALHA MILAGROSA PREPARA O DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO



A 15 de Dezembro de 1836, o ilustre Prelado anunciava a consagração da igreja paroquial de Nossa Senhora de Loreto como santuário dedicado a Maria, honrada na sua puríssima Conceição, e exortava os fieis a trazerem a Medalha Milagrosa, repetindo a oração: Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

O Padre Aladel teve autorização de transcrever a Carta Pastoral do Arcebispo, na nova edição da Notícia histórica, já na sétima edição. Os cento e vinte três mil exemplares não bastaram para atender à grande e sempre crescente procura deste opúsculo, destinado à edificação das famílias cristãs pela apresentação que fez de Maria, como dispensadora das graças, a encher-lhe as mãos1.

A 22 de Agosto de 1837, foi colocado na igreja de S. Gervário em Paris um quadro da Santíssima Virgem, semelhante ao da Medalha Milagrosa. O quadro, pintado por Vibert, tem um metro de altura, e representa exatamente a Medalha. Tanto a execução do quadro, como a cerimônia da bênção, foram aprovadas, com prazer, pelo fervoroso Prelado.
A Medalha da Imaculada Conceição que,
pouco tempo depois de suas primeiras
cunhagens passou a ser chamada de
"milagrosa"
 

Em 1838, tendo em vista o movimento cada mais acentuado, em Paris e nos arredores, da piedade do fieis para Maria concebida sem pecado, e reconhecendo os preciosos resultados desta devoção na conversão dos pecadores, o Arcebispo dirige-se ao Sumo Pontífice Gregório XVI, pedindo-lhe para sua diocese três favores: 1º. A transferência para o 1º domingo do Advento da solenidade da Imaculada Conceição, “a fim de manter e de fortificar a devoção dos fieis”; 2º. A licença de acrescentar ao Prefácio da Missa da festa Et te in Immaculata Conceptione; 3º. A concessão de uma indulgência plenária, perpetuamente, para o mesmo dia.



Por um Rescrito de 7 de Dezembro de 1838, foi concedido, para a cidade e arquidiocese de Paris, tudo quanto o Prelado pedia.

Logo depois, Monsenhor de Quelen transvazou a sua alegria numa [Carta] Pastoral, datada de 1º de Janeiro de 1839. Esse monumento de piedade, um dos mais eloquentes, que se tem elevado em honra e glória da Virgem de 1830, é uma análise brilhantíssima da invocação escrita na Medalha: Ó Maria concebida sem pecado.

A Pastoral termina por esta prece admirável: em forma de hino inspirado nas figuras bíblicas da Santíssima Virgem, nas palavras da Saudação Angélica, na invocação gravada na Medalha Milagrosa, e no ato de fé na Imaculada Conceição, composto por S. Luísa de Marillac, que as Irmãs da Caridade recitam diariamente:

«Oh! Maria Virgem, possuída de sabedoria, desde o início do caminho, nuvem divinamente fecunda, sempre luminosa e nunca sombria, nova Eva que esmagastes a cabeça infernal da serpente, corajosa Judite, glória de Jerusalém, alegria de Israel, honra do nosso povo, amável Ester, isenta da lei comum que pesa, como jugo de anátema, sobre todos os filhos de Adão, cheia de graças, bendita entre todas as mulheres, Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós; por vossa virgindade santíssima, por vossa imaculada conceição, Virgem puríssima, obtende-nos a pureza do coração e do corpo; em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.»

Pouco tempo depois desta Carta Pastoral, Monsenhor de Quelen recebia, por intermédio de um padre espanhol, da Congregação da Missão, uma carta do Cardeal Francisco Xavier de Cienfuegos. O Arcebispo de Sevilha, cheio de entusiasmo e admiração pela Patoral do Arcebispo de Paris, convidava-o a fazer novo pedido à Santa Sé. Tratava-se de alcançar do Papa a adição, à Ladainha de Nossa Senhora, de mais essa invocação: Regina sine labe concepta, ora pro nobis.

Este pedido parecia ao Cardeal conforme aos sentimentos de Monsenhor de Quelen, e “ouso mesmo dizer, escreve ele, conforme aos desígnios da divina providência na manifestação da Medalha Milagrosa, tão célebre hoje em todo o mundo cristão.”
Antiga gravura da invocação da Ladainha
Lauretana: "Regina sine labe concepta, ora
pro nobis
".
 

A resposta do Arcebispo de Paris, foi a sua ação imediata. A 24 de Julho de 1839, em nova Carta Pastoral, o virtuoso Prelado anunciava aos fieis de sua Arquidiocese que a Santa Sé concedera a faculdade de saudar a Santa Virgem, na Ladainha, com a invocação Regina sine labe concepta, ora pro nobis2.

Quanto ao Inquérito Canônico, ah! Era impossível, então, continuá-lo. Desde 15 de Agosto, o Arcebispo de Paris se encontrava em Conflans, lutando com a moléstia que havia de arrebatá-lo. No último dia de 1839, o bom pastor exalou o derradeiro suspiro.

Antes, porém, de sua morte, o piedoso Prelado concentrou o resto de seu alento para escrever a terceira Carta Pastoral. Datada de 21 de Novembro, esta Carta lembrava as solenidades próximas da Imaculada Conceição.

Havia algum tempo que o Arcebispo mandara fundir em bronze uma estátua modelada pela visão da Irmã Catarina. Durante a oitava da solenidade, mandou que expusessem num trono, ornado de flores, em Notre-Dame, e que a levassem em procissão. Este costume tem se conservado até hoje nas festas de Nossa Senhora na Catedral de Paris.

Fotografia autêntica tirada de Santa
Catarina Labouré, em 1876, pouco antes
de sua morte, e fac-símile da sua assi-
natura
 
Nos anos de 1839, 1840 e 1841, todos os Bispos da França recorreram à Santa Sé para obterem os mesmos privilégios do Arcebispo de Paris, e publicaram os favores recebidos em suas respectivas dioceses, em solenes Pastorais, proclamando que a devoção à Imaculada Conceição seria uma chuva de bênçãos para o povo. Todos continuavam a ignorar o nome da humilde religiosa, que dera origem a tão extraordinário movimento.

O mundo desconhecia, de fato, o nome de Catarina Labouré. Aos olhos das próprias companheiras, ela não se distinguia em nada das outras Irmãs de Caridade, senão talvez por um pouco a mais de sofrimento, de fervor, de amor à vida humilde e obscura.





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FONTE: livro “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Pe. Jerônimo Pereira de Castro, C.M., editora Vozes, 2ª edição/1951, p. 140 a 144 – Texto revisto e atualizado, e destaques acrescentados por nós.


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1 Notice historique, par. M Aladel, p. XXV

2 A invocação “Rainha Concebida sem Pecado Original” foi introduzida na Ladainha de Nossa Senhora (Lauretana) pelo Papa Gregório XVI em 1843.

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