Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 4 de junho de 2018

A Virgem Imaculada e a Medalha Milagrosa


A “COROA” DA IMAGEM DE MARIA IMACULADA E A CONFIANÇA INQUEBRANTÁVEL DE SANTA CATARINA LABOURÉ


Escultura representando a Primeira Aparição da Virgem Imaculada a Santa
Catarina Labouré, sua mensageira
Há pouco celebrávamos o último dia de maio, Mês de Maria, com a coroação das imagens de Nossa Senhora, uma piedosa tradição que ainda resiste, em muitas famílias e comunidades, em meio a tantas transformações do mundo contemporâneo.

Na época de Santa Catarina Labouré se deu um fato relacionado ao Mês de Maria e a coroa da imagem que fica na capela, que nos traz uma valiosa lição de fé e de confiança no poder de intercessão de Maria, a dispensadora de todas as graças.

Era início do ano de 1871, a grave situação política na França alcançava o auge de sua instabilidade, em decorrência de seu fracasso na guerra franco-prussiana, e que resultaria na deflagração da Comuna de Paris, e não demoraria por chegar à rua Picpus, número 12, ao lado do asilo de Enghien, onde Santa Catarina cuidava da recepção.
Antiga foto do interior da capela da rue du Bac, 140, Paris
Em meio à tensão que se instalou entre as Irmãs de Caridade, Irmã Catarina se mantinha serena e confiante na promessa de proteção especial que a Santíssima Virgem lhe havia feito, não só durante a Aparição da noite do dia 18 para o dia 19 de julho de 1830 (Primeira Aparição), como também em um sonho que teve em março de 1871, tendo a Virgem Santa lhe revelado: Diga à Irmã Dufès que fique tranquila. Nada acontecerá a esta casa, ela pode partir, sou eu quem ficará em seu lugar.

Irmã Dufès, a superiora, como já era de costume, não deu importância à mensagem, julgava ser mais um sonho imaginário ou fantasioso da humilde Vidente.

O Pe. René Laurentin narra-nos o ocorrido1:

“A luta, porém, se intensificava entre Versailles e Paris. A violência crescia. Em 28 de abril, uma facção votou pela morte do Arcebispo de Paris.

Em Reuilly, lançaram acusações contra as irmãs. Acusaram-nas de ter matado três mulheres da vizinhança. Assim, o cidadão Phillipe intimou Catarina a comparecer a um interrogatório, que ela enfrentou com êxito, graças a sua calma.

No dia 28, uns homens encolerizados, armados de fuzis, invadiram a casa da comunidade. As irmãs, num total de catorze, refugiaram-se no primeiro andar, na lavanderia, bem acima deles. Através do soalho, elas ouviram os gritos e ameaças.

“Elas temiam a profanação. Na manhã seguinte, uma das irmãs foi pegar o cibório na capela e deixou-o numa pequena mesa entre duas velas acesas. Em paz, fizeram a adoração enquanto esperavam a sequência dos acontecimentos. A vocação dos fieis costuma retomar impulso em tempos de crise. Os ocupantes, porém, haviam descoberto garrafas de vinho escondidas na enfermaria. As rolhas saltaram. A investigação, estimulada por esse incidente, prosseguiu numa euforia exaltada, provocando até ameaças de morte. As irmãs sentiram que seu retiro seria violado.
Santa Catarina Labouré diante de um soldado da
Comuna de Paris

“O que fazer? À meia-noite, de 29 para 30 de abril, as irmãs comungaram e sentiram-se fortes, como Elias, para caminhar por quarenta dias e quarenta noites. Já não havia outra solução senão partir.

“Antes deixar a casa, Catarina foi se ajoelhar uma última vez diante da imagem de Nossa Senhora. No dia seguinte seria 1º de maio: o Mês de Maria.

'Voltaremos antes do fim do mês!', disse Catarina.

As irmãs entoaram um cântico: 'Nenhuma partidária da Comuna ousa intervir, nem mesmo a Valentin'. Catarina retirou a coroa da imagem para evitar profanação.

'Eu a devolverei para Senhora!', disse ela.

Os ocupantes as deixaram partir depois de as terem submetido a uma inspeção minuciosa. Esvaziaram sobre o chão a bolsa azul das irmãs, não sem zombarias.

'Não se perturbem, não acontecerá nada de grave', disse Catarina às irmãs inquietas.

“Às seis da tarde embarcaram num veículo coletivo e decidiram às pressas o destino que cada qual tomaria: Catarina iria para Balainvilliers, com Irmã Tranchemer. As duas ajudariam de boa vontade a corajosa dirigente daquela casa: Irmã Mettavent.

Pelo caminho, passavam Lazaristas, vestidos como 'leigos, como burgueses, à paisana'.

Em 18 de maio, dezesseis dias depois da chegada de Catarina a Balainvilliers, um batalhão de 'vingadores da República' saqueou Notre-Dame-des-Victoires [Nossa Senhora das Vitórias], sede da mundialmente conhecida Arquiconfraria, cuja insígnia era a medalha milagrosa. Declarou Catarina: 'Já chegaram a Notre-Dame. Não irão adiante'.

À Cécile Delaporte, roupeira de Reuilly, ela confirmou tranquilamente: 'A Virgem Santa guarda nossa casa. Nós a encontraremos intacta!'.

“Em 21 de maio, as tropas de Versailles entraram em Paris pela porta de Saint-Cloud. Dom Darboy, Arcebispo de Paris, refém da Comuna, foi fuzilado com vinte e um padres. Assim se realizavam uma das previsões de Catarina registradas no famoso caderno negro guardado por Padre Chincon.
A estátua da Virgem no Jardim do Asilo de Enghien,
havia sobre a qual foi colocado um pano vermelho
 

“Em 27 de maio, Irmã Tranchemer, que voltava de Longju-meau, viu o clarão do incêndio no centro de Paris e exclamou: 'Paris está em chamas! O que será da casa-mãe?'.

Catarina mostrou-se imperturbável: 'Nada tema por nossas casas, a Virgem Santa as protege. Não tocarão nelas!'.

E apesar das condições dramáticas (que não cabe aqui relatar), foi bem o que aconteceu.

Em 28 de maio, o exército de Versailles dominava Paris.

“Irmã Dufès, avisada em Toulouse, reencontrou em Versailles as companheiras de Balainvilliers, Catarina e Irmã Tranchemer. Desejavam voltar desde a terça-feira, dia 30, mas, como precisavam de autorização, custou-lhe tempo obtê-la. A partida foi então adiada para o dia 31. Às cinco da manhã, assistiram juntas à missa. Logo cedo toda a comunidade já estava de volta, menos a Irmã Claire, que por estar no sul do país só retornaria em 6 de junho.

Catarina encontrou a imagem do jardim coberta por um pano vermelho e logo devolveu à Virgem da capela a coroa retirada em 30 de abril.
'Bem que vos disse, minha boa Mãe, que voltaria para vos coroar antes do fim do mês!'.

A casa estava em desordem, mas os danos eram insignificantes. Irmã Dufès relembrou o sonho de Catarina e a promessa de Nossa Senhora: 'Protegerei a casa. Vocês estarão de volta antes do fim do mês de Maria!'.
Santa Catarina Labouré devolvendo a coroa à
imagem da Virgem da capela, em 31 de maio
de 1871

As duas famílias de São Vicente voltaram incrivelmente protegidas.

Foi com alegria que Catarina reencontrou seus velhinhos, que durante o mês de maio muitas vezes repetiram aos cidadãos-enfermeiros: 'O que Irmã Catarina fazia, nós faremos'.”

Como se viu, o momento era bastante crítico. Havia eminente risco para aquelas irmãs da comunidade, mas a fé inquebrantável de Santa Catarina Labouré nas promessas da Virgem Imaculada, proporcionava serenidade nos momentos de maior tensão.

Santa Catarina, com seu exemplo, nos ensina que a recompensa para quem tem fé, é a realização das promessas, pois, como nos lembra o Apóstolo São Paulo: «Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.» (Hb 11,6).

Portanto, que a Santíssima Virgem conserve sempre íntegra e incólume nossa fé em sua segura e poderosa intercessão, por meio da Medalha Milagrosa.

Por Maria a Jesus!

Sou todo teu, Maria.




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1 LAURENTIN, René. “Catarina Labouré Mensageira de Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa”, Paulinas Editora, 2012, pp. 79 a 83 (excertos - Os destaques são nossos).

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