Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

A VIRGEM IMACULADA NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA E O DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO – PARTE II


3ª Aparição da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa a Santa
Catarina Labouré, rue du Bac, 140, Paris, em Dezembro de 1830.
O contributo das Aparições da Virgem Imaculada a Santa Catarina Labouré à futura confirmação do dogma da Imaculada Conceição, devido em grande parte à rápida disseminação da Medalha Milagrosa, pelos prodígios que operava, também se traduziu em maior fervor da piedade dos fieis a esse privilégio da Mãe de Deus.

O Arcebispo de Paris, à época, Monsenhor de Quélen, em 1838, diante da crescente devoção dos fieis para com Maria concebida sem pecado, e diante dos prodígios e numerosas conversões operadas por meio dessa devoção, resolveu escrever ao Sumo Pontífice, Papa Gregório XVI, pedindo-lhe três favores: 1º a transferência para o primeiro domingo do Advento da solenidade da Imaculada Conceição, 'a fim de manter e de fortificar a devoção dos fiéis'; 2º a licença de acrescentar ao Prefácio da missa da festa Et te in Immaculata Conceptione; 3º a concessão de uma indulgência plenária, perpetuamente, para o mesmo dia”1.

Por meio de um Recristo de 7 de Dezembro de 1838, o Santo Padre conferiu à cidade e arquidiocese de Paris, tudo quanto foi pedido pelo Prelado, e diante da imensa felicidade que sentiu, Monsenhor de Quélen expressou sua alegria através de uma Carta Pastoral, em 1º de Janeiro de 1839, fazendo uma brilhante análise do simbolismo da invocação da Medalha Milagrosa, um dos maiores e mais eloquente monumento de piedade à Virgem concebida sem pecado original:

Oh! Maria Virgem, possuída de sabedoria desde o início do caminho, nuvem divinamente fecunda, sempre luminosa e nunca sombria, nova Eva que esmagastes a cabeça infernal da serpente, corajosa Judite, glória de Jerusalém, alegria de Israel, honra do nosso povo, amável Ester, isenta de tal lei comum que pesa, como um jugo de anátema, sobre todos os filhos de Adão, cheia de graça, bendita entre todas as mulheres, Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós; por vossa virgindade santíssima, por vossa Imaculada Conceição, Virgem Puríssima, obtende-nos a pureza do coração e do corpo; em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.2

Pouco tempo depois, a pedido do Cardeal Francisco Xavier de Cienfuegos, Arcebispo de Sevilha, Monsenhor de Quélen fez novo pedido à Santa Sé, dessa vez para poder incluir na Ladainha de Nossa Senhora (Ladainha Lauretana), mais uma invocação: Regina sine labe concepta, ora pro nobis (Rainha concebida sem pecado, rogai por nós). No dia 24 de Julho de 1839, em nova Carta Pastoral, o Arcebispo de Paris anunciava a sua Arquidiocese que a Santa Sé havia concedido a faculdade de saudar a Santíssima Virgem, em sua Ladainha, com a invocação Regina sine labe concepta, ora pro nobis3.

Nos anos de 1839, 1840 e 1841, todos os bispos da França recorreram à Santa Sé para obterem os mesmos privilégios do Arcebispo de Paris, publicando solenes Pastorais e proclamando que a devoção à Imaculada Conceição atraia uma chuva de bênçãos e graças sobre suas dioceses.
Antiga gravura da invocação da Ladainha
Lauretana: "Rainha Concebida sem
pecado original
"

Nos tempos atuais, temos o saudoso mariólogo Renè Laurentin, que por mais de uma vez fez referência à relação das Aparições da Virgem Imaculada em 1830 com a definição dogmática da Imaculada Conceição em 1854: Esta contribuição da Medalha Milagrosa à criação do ambiente adequado para proclamação deste dogma (Imaculada Conceição), foi reconhecida no Congresso Romano do Cinquentenário da definição da Imaculada Conceição em 1904.4

Em outro momento, ao tratar dos períodos que antecederam a definição do dogma, afirma: O século XIX apresenta, dol ponto de vista mariano, uma fisionomia singular. Começa na mais extrema miséria. Durante os primeiros 30 anos, a penúria e a mediocridade da literatura mariana chegam a uma esterilidade nunca alcançada, nem sequer no século XVI. O renascimento mariano que sobrevêm então, reveste-se de formas surpreendentes. Começa em 1830 com uma aparição, a primeira de uma série que se segue e caracteriza este século. A Virgem confia a Catarina Labouré o projeto da Medalha Milagrosa que será o sinal de um grande movimento de piedade e de conversões. A efígie [de Nossa Senhora] parece conter todo o programa mariano do século: Imaculada Conceição e Mediação.5

Por fim, na Missa Própria da Festa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, a oração da colecta faz clara referência à Imaculada Conceição de Maria: Senhor Jesus Cristo, Vós que quisestes que a Imaculada Conceição da beatíssima Virgem Maria, vossa Mãe, resplandecesse em milagres sem conta. Fazei que, implorando sempre a sua proteção, alcancemos os gozos da eterna felicidade. Vós que viveis.6

Assim, quando celebramos a Imaculada Conceição, celebramos também a Virgem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, a efetiva e valiosa contribuição das Aparições de 1830 para definição do dogma.

Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!




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1 Cf. CASTRO, Padre Jerônimo Pedreira de. “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, 2ª edição/1951, p. 141.
2 Ibidem, p. 142.
3 Ibidem, pp. 142 e 143.
5 LAURENTIN, Renè. “Mariología” (Escaneado del volumen tercero de “Iniciación teológica”, publicado por Herder, Barcelona, en 1961) , El Descubrimiento de María en el Tiempo , 6. Sexto período: siglos XIX-XX, p. 14 (opúsculo em pdf – a tradução é nossa).

6 Cf. “Missal Romano Cotidiano Latim-Português”, por Dom Gaspar Lefebvre, Biblica, Bruges-Bélgica, 1963, Próprio do Brasil (Calendário Litúrgico), p. 46 – Missal do Rito Tridentino.