BELEZA DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA
“Avistei a Virgem Santa na altura do quadro de São José […]. Em pé, vestida de branco, altura mediana, figura tão bela que me seria impossível falar de sua beleza […].” Santa Catarina Labouré, descrição da Terceira Aparição, em 27 de Dezembro de 18301
A
verdadeira beleza [...] é a beleza da alma, é a virtude. Ora, a
virtude é o verdadeiro e o bom; portanto, fora dela, tudo é mentira
ou erro.
É
verdade que a beleza da alma, do coração e do espírito é uma
qualidade abstrata, que não cai diretamente sob os nossos sentidos;
por conseguinte, ela nos impressiona menos que uma qualidade exterior
ou mais tangível.
Nada
há comparável com o homem interior, o contemplativo até à alma, e
se deixa encantar e cativar pelo íntimo. O comum dos homens ignora
demais o gozo destas belezas e permanece demais na superfície, não
se deixando impressionar senão pelo que podem perceber, donde se
segue que a beleza exterior se torna “a chave dos corações”.
E
Deus, que quis fazer de Maria uma “arrebatadora
dos corações”,
como diz S.Bernardo, devia dar-lhe ainda este encanto, este atrativo,
a fim de que todos os corações se abrissem à Sua presença e se
sentissem cativos desta pura e inefável beleza.
Se,
entre nós, toda alma verdadeiramente grande aparece, por assim
dizer, sobre o rosto e lhe transfigura os traços; se à medida que
nos tornamos mais perfeitos, reflete-se sobre a nossa fronte uma
beleza sobrenatural que comove, que não deveria ser desta fisionomia
em que apareceu a alma mais nobre que houve depois que Jesus Cristo;
o que não deveria ter sido este olhar em que brilhavam a majestade
na humildade e a doçura na força; o que não deveriam ter sido
estes lábios em que se ostentavam a bondade e a mais condescendente
benevolência?...
Madonna de Santo Afonso de Ligório |
Inteligência
profunda, coração incomparável, espírito superior e tudo o que
encerra a beleza moral, aliado ao que a beleza física tem de mais
expressivo e mais atraente, não era este o apanágio e auréola
sagrada da pura e imaculada Mãe de Jesus?...
Sim,
havia harmonia perfeita entre as luminosas perfeições interiores e
Sua expressão visível no exterior. E teria faltado qualquer coisa à
excessiva nobreza de nossa Rainha, se os Seus membros não tivessem
possuído o encanto exterior pelo qual os homens se deixam vencer
facilmente, e se não tivesse tido, para chegar aos corações, esta
chave mágica que lhe dá tão facilmente acesso?...
Como
é bela a alma imaculada de Maria, passando através do corpo,
irradiando-se nos traços de Seu rosto, como um raio de sol través
da folhagem das árvores, pois Deus, na Sua industriosa sabedoria,
quis que a nossa carne, por vil e grosseira que seja, tivesse,
entretanto, esta glória de se deixar penetrar pelo espírito. Ela
não é o invólucro opaco de uma luz absolutamente oculta, mas,
trabalhada por Deus, ela se espiritualiza e se esvazia e se torna
diáfana.
Nela
Deus prepara aberturas secretas pelas quais a alma vem à luz. Com
que alegria nós saudamos sobre um rosto amado esta aparição da
alma! Da alma, digo, que se revela tão terna e luminosa no olhar,
tão casta e pensativa nos contornos da face, tão compassiva e
carinhosa num não sei quê de Seus lábios, tão graciosa no
sorriso, tão indefinidamente misteriosa neste conjunto que chamamos
“a expressão”.
A
expressão: isto é, a alma, o coração e o espírito vistos através
de um véu e se desembaraçando deste véu incômodo para irradiá-la
até ao âmago dos corações, para aí levar o seu reflexo e gravar
a sua imagem.
Oh!
sim, esta beleza era a Vossa, ó encantadora Mãe. Tudo o que havia
em Vosso coração de amor puríssimo, de bondade, de generosidade,
de heroísmo, de resignação, de piedade e de caridade para com os
homens, se devia reunir em um único facho de viva luz; e qual não
devia ser o brilho desta luz inefável, manifestando-se no Seu olhar
e aflorando aos Seus lábios?...
Quem
tentará dizê-lo? Já é muito imaginá-lo.
Sem
o querer e quase a meu pesar vem ao espírito um pensamento e, se não
houvesse dissonância entre o nome do autor e o assunto de que
tratamos, quereria colocá-lo: é de Platão.
Há
uma simpatia íntima, diz este filósofo, entre a pureza, a verdade e
a beleza; o que é mais puro é essencialmente o mais verdadeiro e o
mais belo.
Puríssimo e Imaculado Coração de Maria |
Não
é isso um resumo da beleza de Maria?
Que
pureza encontramos nós na Virgem e, portanto, que beleza!
Sua
beleza era mais divina que humana.
Os
sentimentos que Ela inspirava às almas deviam ser celestes.
Ela
tinha a virtude da beleza.
O
grande S. Dionísio Areopagita, tendo estado à presença da
Santíssima Virgem, ficou de tal modo deslumbrado pelo esplendor da
beleza e da majestade que resplandeciam de Seu rosto, que caiu por
terra. Tendo, em seguida, voltado a si, alegou que, se São Paulo não
lhe tivesse ensinado um outro Deus e que se a fé não o tivesse
feito já adorar, ele teria crido firmemente que a divindade não
podia ter escolhido outra sede na terra do que a fisionomia d'Esta
santa soberana.
A
respeito desta consideração, exclama Santo Anselmo: “Ó
Virgem santa, Vossa beleza é tão rara que se diria não terdes sido
criada, senão para deslumbrar os corações daqueles que
contempláveis. Ó Virgem admirável e admiravelmente única!”
(Liber.
Orationum)
“À
exceção de Deus,
já
antes dele, dizia Santo Epifânio,
Ela
sobrepuja todo o resto em beleza. Ela está acima dos querubins e dos
serafins e foi ornada da mais perfeita beleza”.
São
Bernardo vai ainda além e diz que “a
beleza da Santíssima Virgem, tanto da alma como do corpo, é tão
grande, que chegou a cativar a afeição do Rei da glória”.
(Serm.
de S.Delp.)
Santo
Agostinho, enfim, exclama com admiração:
“Ó
Maria, depois do celeste Esposo, sois toda beleza e toda agradável,
toda glória, sem mácula, ornada de toda beleza e enriquecida de
toda santidade”.
(Serm. de Incarnat. Christi)
Que
poderíamos acrescentar a tais encômios?...
“Pode-se,
pois, sem medo de errar,
como
diz o Pe. Bethier,
reconhecer-Lhe
todos os dons da natureza, que Deus concedeu a todas as criaturas,
pois não se pode crer nem é piedoso pensar que o Senhor, que é tão
liberal em Seus dons para com os mais ínfimos seres, se tenha
mostrado avaro para com a Sua divina Mãe”.
(A
Virgem Maria)
Portanto,
Ela era bela, possuindo todos os encantos da natureza e da graça.
Tudo o proclama!
Aliás,
todas aquelas criaturas que A figuraram na Bíblia eram amáveis e
fortes. Ela própria devia ser o símbolo de todos os encantos e de
todos os esplendores da virgindade, da humildade e da força.
Necessário
foi, pois, que houvesse razões bastante poderosas, para que a beleza
de Sua alma não fosse de modo algum visível em Seus traços e que
um organismo estiolado servisse de suporte a estas energias
sobrenaturais.
Imaculada Conceição |
“Não
há dúvida alguma,
diz
Santo Alberto Magno,
que,
assim como o Seu divino Filho era o mais belo dos filhos dos homens,
Maria tenha sido a mais bela das filhas de Eva. Ela era dotada de
toda a beleza de que é suscetível um corpo mortal”.
Os
santos padres e doutores são como inesgotáveis, ao falarem de
Maria. Aliás, o Espírito Santo resumiu-os todos, ou, antes, eles
todos não são mais que o eco longínquo da palavra do Espírito
Santo:
“Tota
pulchra es, amica mea, et macula non est in te.
Sois
toda bela, ó minha muito amada, e em vós não há mácula alguma”.
A
beleza, já o dissemos, é a chave dos corações.
Oh!
possa a celestial beleza da Virgem Maria fazer impressão sobre o
nosso coração, abri-lo todo à dedicação e à inteira veemência
de amor que deve suscitar a Sua beleza e a Sua graça:
“Specie
tua, et pulchritudine tua, intende, prospere procede, et regna!”
“Pelo
aspecto de Vossa beleza, ó Virgem Santíssima, vinde e reinai sobre
nós!”
USE
A MEDALHA MILAGROSA
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FONTE:
texto de Franbezant, OFMConv., capturado no blog FREI FRANCISCO
(Texto revisto – Citação inicial é nossa).
_________________
1 cf.
LAURENTIN, René. “Catarina Labouré
Mensageira de Nossa Senhora e da Medalha Milagrosa”,
Paulinas Editora, São Paulo/2012, p. 34.
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