SANTA MARIA AOS SÁBADOS: UMA PIEDOSA E FILIAL DEVOÇÃO À VIRGEM IMACULADA
A Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa e Medianeira de Todas as Graças |
A
devoção a Maria aos sábados é uma prática devocional já
incorporada à tradição cristã católica, e embora hoje pareça
ser pouco praticada – tão somente por fieis devotos marianos, teve
sua origem nos primeiros séculos do cristianismo.
“O
sábado,
desde
o fim do século X, é consagrado a Maria Santíssima.
Durandus
(IV, c. 1, n.° 30-35) alega os motivos seguintes, que, com reserva,
merecem ser mencionados:
- Achava-se numa igreja de Constantinopla uma imagem da Virgem SS., diante da qual pendia uma cortina que a cobria toda. Esta cortina desaparecia na sexta-feira depois das vésperas sem alguém a tocar, só por um milagre de Deus, para que a imagem pudesse ser vista totalmente pelo povo. Depois das vésperas do sábado a cortina cobria outra vez a imagem e ficava assim até à sexta-feira seguinte. Por causa deste milagre determinou-se cantar sempre neste dia em honra da SS. Virgem.
- Quando o Senhor estava morto e os discípulos desesperaram da ressurreição, naquele sábado só nela ficou toda a fé. Ela estava certa de que Cristo era filho de Deus e havia de ressurgir no terceiro dia.
- O sábado é a porta do domingo, portanto, a porta do céu, cujo símbolo é o domingo. Ora, Maria é a porta do céu. Por isto a festejamos no dia que precede o domingo.
- A solenidade do filho (sexta-feira) deve seguir-se imediatamente a solenidade da mãe.
- Convém que, no sábado, em que Deus descansou da sua obra, haja alguma solenidade.
Quanto
à 1ª razão é preciso notar que uma crença popular e ingênua
pode ser a causa próxima de uma devoção fundada em motivos
sólidos. A 2ª razão dificilmente se compõe com a promessa de que
S. Pedro nunca havia de vacilar na fé. Bento XIV (de fest. c. 5, n.
8) diz: 'Nem
todos os teólogos defendem a sentença de que os apóstolos perderam
a fé, a qual era firme só na Virgem SSma. Pois Pedro, negando a
Cristo, não cometeu outra falta além de ter medo de confessar a
Cristo aberta e livremente. A sua alma contudo estava isenta de
qualquer erro. Nem Cristo teria encomendado sua mãe caríssima a S.
João, se ele tivesse perdido a fé.'
(Suarez, de fide disp. 9. sect. 3.)
O
mesmo papa (de fest. B. M. V. I. II c. 18 n. 2) escreve: Belarmino
observa que Madalena estava abrasada de grande fogo de caridade como
se vê em Jo 19 e 20. Ora, a caridade não se pode separar da fé.
Até acrescenta: Parece ser perigoso dizer que só na Virgem SSma.
ficou a verdadeira Fé. Desta maneira a Igreja teria perecido. Pois
uma pessoa não pode ser chamada Igreja, porquanto a Igreja é um
povo e o reino de Cristo. (Bellarm. t. II. controvers. 1. '3, de
eccl. mil . c. 17.)
A
4ª razão será a decisiva. Começou-se a jejuar na sexta-feira e
continuou-se em honra da mãe. Stabat
iuxta crucemfesu Mater eius. (Jo
19, 25.)
No
Liber
sacramentorurn do
séc. VIII, para cada dia da semana, está assinalada uma Santa Missa
votiva própria. Pois não havendo muitas festas de santos não era
possível evitar a repetição da Santa Missa do Domingo. Para
aliviar a devoção pela mudança das fórmulas da Santa Missa e para
achar auxílio nas necessidades por Santas Missas especiais,
formou-se o costume fixado mais tarde por Pio V, de consagrar os dias
da semana ao culto de Deus Trino e dos santos segundo a dignidade
indicada na ladainha de todos os santos: Deus, Maria, José e os
Apóstolos.”1
Aparição de Jesus Ressuscitado à sua Mãe, a Bem-aventurada Virgem Maria (Foto: Ad Majorem Dei Gloriam) |
O
professor Plinio Corrêa de Oliveira, em 19 de novembro de 1971,
citando outro professor (Fernando
Furquim de Almeida),
ao tecer comentários acerca da “Consagração
do Sábado a Nossa Senhora”,
dentre outros aspectos, afirmou:
“No
sábado que precedeu a Ressurreição só Nossa Senhora, em toda a
Terra, personificou a Igreja Católica, e por isso neste dia os
medievais A louvavam especialmente
São
várias as explicações deste costume de se consagrar o sábado a
Maria Santíssima. Porém a mais difundida na Cristandade, a que mais
movia as almas neste culto especial à Virgem Santíssima era uma
decorrência do relevo que tinha na espiritualidade medieval a
ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a seguinte:
Os
Evangelhos contam que depois da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo,
os Apóstolos, os Discípulos e as Santas Mulheres não acreditavam
na ressurreição apesar de Nosso Senhor a ter anunciado várias
vezes.
Assim
sendo, desde a hora que Nosso Senhor morreu na Cruz na Sexta-feira
Santa até o Domingo da ressurreição, só Nossa Senhora acreditava
na divindade de Nosso Senhor. Portanto, só Ela tinha fé perfeita,
pois como diz São Paulo: 'Sem a ressurreição a nossa Fé seria
vã'. No sábado, portanto, só Nossa Senhora em toda a Terra
personificou a Igreja Católica, e por isso neste dia os medievais A
louvavam especialmente.
A
explicação não poderia ser mais bonita. Os senhores sabem que o
fato é real. Seria exagerado dizer que as Santas Mulheres e o
Apóstolo São João Evangelista perderam a Fé nesses dias, mas eles
não tinham a Fé na ressurreição. Eles, apesar de Nosso Senhor ter
várias vezes falado da ressurreição, eles não sabiam, não tinham
atinado com a coisa.”2
Na
Liturgia
das Horas3,
os
sábados do Tempo Comum, quando se permite a celebração de uma
memória facultativa, pode celebrar-se a memória facultativa de
Santa Maria, ou seja, não se celebra essa Memória nos sábados do
Advento, de 17 a 24 de dezembro, e nos sábados da oitava do Natal,
da Quaresma e da Páscoa
ou quando há uma memória obrigatória.
Sua
Santidade, o Papa Paulo VI, através Exortação Apostólica Marialis
Cultus
sobre o Culto da Virgem Santíssima na Liturgia,
assim exorta à Igreja4:
“Não
se deve esquecer, por outro lado, que o Calendário romano geral não
regista todas as celebrações de conteúdo mariano: é aos
Calendários particulares que compete recolher, com fidelidade as
normas litúrgicas mas também com cordial adesão, as festas
marianas próprias das diversas Igrejas locais. E falta ainda acenar
à possibilidade de uma comemoração litúrgica frequente da Virgem
Santíssima, mediante o recurso à memória de Santa Maria 'in
Sabbato': memória antiga e discreta, que a flexibilidade do
Calendário atual e a multiplicidade de formulários do Missal tornam
extremamente fácil e variada.”
Filhas da Caridade: "Zelosas e dedicadas guardiãs da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças" |
Nossa
Senhora recebe com muita alegria essas homenagens que lhe são
dirigidas, e não se faz de rogada, como se pode ver no exemplo que
transcrevemos abaixo:
“Faz
agora, precisamente, cem anos que as Irmãs Vicentinas vieram da
França para o Brasil5.
Hoje estão espalhadas por todo o Brasil, suavizando, com sua genuína
caridade, muita dor e muita pobreza.
Devotíssimas
da Imaculada, desde os tempos de São Vicente, foram agraciadas pelo
céu com as aparições da Virgem a Santa Catarina Labouré, que lhe
mandou cunhar a Medalha Milagrosa.
Zelosas
e dedicadas guardiãs da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das
Graças, aqui no Brasil a propagaram e distribuíram por todos os
recantos da pátria.
No
ano de 1947, ano da canonização de Santa Catarina Labouré, as
maravilhas de Nossa Senhora das Graças fizeram estremecer a nação
inteira, sacudida pela graça, contando-se às centenas as curas
milagrosas e aos milhares as conversões sinceras.
Centenas
de milhares de pessoas foram até a Ucrânia para receber a bênção
de Nossa Senhora das Graças por intermédio do Padre Antônio.
Mas
o que aqui muito nos interessa, é o relatório da viagem das
Vicentinas, que há cem anos vieram para o Brasil.
Nossa
Senhora patenteava-lhes todo o seu maternal carinho, enviando-lhes
tempo admirável, precisamente aos sábados, e, desta maneira, o
navio a vela nos sábados corria muitíssimo mais que nos outros
dias.
Procuremos,
portanto, prestar um culto todo especial a Maria Santíssima aos
sábados, dia que lhe pertence de modo todo especial.
Recomendam-se
os cinco sábados dedicados ao Imaculado Coração de Maria, com
comunhão e um quarto de hora de meditação sobre os mistérios do
Rosário.
Levemos,
no barquinho de nossa vida, a sincera e filial devoção à
Medianeira de Todas as Graças e o vento mariano, cheio de bênção,
nos impelirá às praias do céu.”6
É
certo que a Igreja nos ensina a reverenciarmos a Santíssima Virgem
todos os dias da semana, com práticas diversas que expressam uma
terna e filial devoção à Mãe de Deus e nossa, mas, sem dúvida, a
memória que se faz aos sábados tem um especial valor, pois nestes
dias – além dos motivos já expostos anteriormente – podemos
oferecer, pelas mãos de Maria, nossas ações de graças a Deus pela
semana que termina, e também por meio d'Ela, “Porta do Céu”,
que sempre caminha a nossa frente e nos ensina a sermos firmes na fé,
recebermos as graças para uma nova semana, uma nova jornada, e
assim, renovados no amor a Maria e pela Comunhão dominical, levarmos
o “barquinho de nossa vida” com segurança e disposição para
vencermos os ventos contrários que sopram muitas vezes contra nós.
Por
Maria a Jesus!
Sou
todo teu, Maria.
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__________________________
1 cf http://escravasdemaria.blogspot.com.br/search/label/G%29%20S%C3%A1bado%3A%20Sant%C3%ADssima%20Virgem
(destaques do original – texto revisto).
2 cf.
https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_711119_Sabado_NossaSenhora.htm
– excertos (destaques do original).
3
cf. “Instrução
Geral sobre a Liturgia das Horas”, Capítulo
IV, II. Celebração dos Santos, 3. Ordenamento do Ofício nas
Memórias, “b”, Parágrafo 238 e “c”, Parágrafo 240.
5 As
primeiras Filhas da Caridade a desembarcarem no Brasil, vindas da
França, ocorreu no ano de 1849 (cf.
http://asvp.org.br/historia/brasil/).
6
cf. livro “A Medianeira”, Pe. Inácio Valle, S.J, Edições
Paulinas, 1958, Quinta Parte: Exemplo Marianos-62; “Aos sábados o
navio navega mais que os outros dias”, pp. 198-200. Texto revisto
e atualizado, com destaques nossos.
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