Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018


À VIRGEM IMACULADA: “SALVE RAINHA, MÃE DE MISERICÓRDIA”

(Primeira Parte)

Rainha Imaculada, Nossa Senhora da Medalha Milagrosa a
Dispensadora de Todas as Graças
(Rua du Bac, 140, Paris)
Neste mês que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Maria1 ao céu, em corpo e alma, e em seguida, a Festa Nossa Senhora Rainha2, reproduziremos artigo publicado pela Revista “Catolicismo”, número 725, de Maio de 2011, sob o título Mas quem terá escrito coisas tão belas sobre a Mãe de Deus?, consistente num maravilhoso resumo da primeira parte de uma das obras – talvez a mais célebre – de Santo Afonso Maria de Ligório: “Glórias de Maria”.

A obra foi escrita pelo Santo no ano de 1750, quando tinha 53 anos de idade, e em pouco tempo alcançou 11 edições, estando atualmente traduzida em praticamente todas as línguas. É, sem dúvida, um verdadeiro tributo à Santíssima Virgem Maria, que continua promovendo inestimável divulgação da devoção mariana.

Uma fato curioso: quando já estava bem idoso, Santo Afonso pediu a um de seus irmãos Redentorista, que lesse-lhe algum livro de piedade, tendo o referido irmão lido o “Glórias de Maria”, e logo depois perguntou o Santo: “Mas quem terá escrito coisas tão belas sobre a Mãe de Deus?O religioso olhou a capa e leu o nome do autor: Afonso Maria de Ligório. Diante da resposta, Santo Afonso, com sua peculiar humildade, mudou de assunto.

A primeira parte da obra corresponde à Explicação da oração da SALVE RAINHA3, e das “abundantes e numerosas graças dispensadas pela Mãe de Deus aos que a servem devotamente”, como destaca o artigo publicado.

Em razão da extensão e preciosidade dos textos, resolvemos dividi-lo em três partes, e hoje publicamos a Primeira Parte.

Sou todo teu, Maria.

SALVE, RAINHA, MÃE DE MISERICÓRDIA
Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que seja honrada por todos com o título glorioso de Rainha. Se o Filho é Rei — diz o Pseudo Atanásio — justamente a Mãe deve considerar-se e chamar-se Rainha.
Santo Afonso M. de Ligório, idoso, rodeado por Redentoristas

Desde o momento que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno — diz São Bernardino de Siena —, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. Se a carne de Maria, conclui Arnoldo abade, não foi diversa da de Jesus, como, pois, pode a Mãe ser separada da monarquia do Filho? Por isso deve julgar-se que a glória do reino não só é comum entre Mãe e o Filho, mas também que é a mesma para ambos.
Se Jesus é Rei do Universo, do Universo também é Maria Rainha — escreve Roberto abade. De modo que, na frase de São Bernardino de Siena, quantas são as criaturas que servem a Deus, tantas também devem servir a Maria.
Por conseguinte, estão sujeitos ao domínio de Maria os anjos, os homens e todas as coisas do Céu e da Terra, porque tudo está também sujeito ao império de Deus. Eis por que Guerrico abade lhe dirige estas palavras: Continuai, pois, a dominar com toda a confiança; disponde ao vosso arbítrio dos bens de vosso Filho; pois, sendo Mãe, e Esposa do Rei dos reis, pertence-vos como Rainha o reino e o domínio sobre todas as criaturas”.

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MARIA É RAINHA DE MISERICÓRDIA
Maria é, pois, Rainha. Mas saibamos todos, para consolação nossa, que é uma Rainha cheia de doçura e de clemência, sempre inclinada a favorecer e fazer bem a nós, pobres pecadores. Quer por isso a Igreja que a saudemos nesta oração com o nome de Rainha de Misericórdia. O próprio nome de rainha — considera Santo Alberto Magno — denota piedade e providência para com os pobres, enquanto o de imperatriz dá ares de severidade e rigor. A magnificência dos reis e das rainhas consiste em aliviar os desgraçados, diz Sêneca. Enquanto os tiranos governam tendo em vista apenas seus interesses pessoais, os reis devem procurar o bem de seus vassalos. Por isso na sagração dos reis se lhes unge a testa com óleo. É o símbolo da misericórdia e benignidade de que devem estar animados para com seus súditos.
Devem, pois, os reis empenhar-se principalmente nas obras de misericórdia, mas sem omitir, quando necessária, a justiça para com os réus. Não assim Maria. Se bem que seja Rainha, não é rainha de justiça, zelosa do castigo aos malfeitores. É Rainha de Misericórdia, inclina só à piedade e ao perdão dos pecadores. Por isso deseja a Igreja que expressamente lhe chamemos Rainha de Misericórdia. […]

Quanta não deve ser, pois, a nossa confiança nesta Rainha, sabendo nós quanto Ela é poderosa perante Deus e cheia de misericórdia para com os homens![...]

Recorramos, pois, e recorramos sempre à proteção desta dulcíssima Rainha, se queremos seguramente salvar-nos. Espanta e desanima-nos a visão de nossos pecados? — Lembremo-nos então que Maria foi eleita Rainha de Misericórdia, precisamente para, com sua proteção, salvar os maiores e mais abandonados pecadores que a Ela se recomendam. […]

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MARIA É NOSSA MÃE ESPIRITUAL
O pecado, quando privou a nossa alma da divina graça, privou-a também da vida. Estávamos, pois, miseravelmente mortos, quando veio Jesus, nosso Redentor, com excessiva misericórdia e amor, restituir-nos a vida pela sua morte na cruz. Ele mesmo o declarou: Eu vim para elas (as ovelhas) terem a vida, e para a terem em maior abundância(Jo 10, 10). […]
Se Jesus é Pai de nossas almas, Maria é a Mãe. Pois concedendo-nos Jesus, deu-nos Ela a verdadeira vida. Em seguida proporcionou-nos a vida da divina graça, quando ofereceu no Calvário a vida do Filho pela nossa salvação. Em duas diferentes ocasiões tornou-se, portanto, Maria nossa Mãe espiritual, como ensinam os Santos Padres. […]
Jesus quis ser o único a morrer pela redenção do gênero humano. Eu calquei o lagar sozinho(Is 63, 3). Mas viu como Maria desejava ardentemente tomar parte na salvação dos homens. Decidiu então que Ela, com o sacrifício e a oferta da vida do seu mesmo Jesus, cooperasse para nossa salvação, e deste modo viesse a ser Mãe de nossas almas. […]

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MARIA É MÃE MUITO SOLÍCITA E DESVELADA
Eu sou a Mãe do belo amor— diz Maria (Ecli. 24, 24). O amor de Maria — observa certo autor — embeleza nossas almas aos olhos de Deus e leva essa amorosa Mãe a nos ter por filhos. Onde está a Mãe, pergunta São Boaventura, que ame seus filhos e vele sobre eles como vós, dulcíssima Rainha, nos amais e cuidais de nosso adiantamento espiritual? […]
Em todas as batalhas com o inferno seremos sempre vencedores seguramente, se recorrermos à Mãe de Deus e nossa, dizendo e repetindo: Sob a tua proteção nos refugiaremos, ó Santa Mãe de Deus![…]
Alegrai-vos, portanto, todos os que sois filhos de Maria. Sabei que Ela aceita por filhos seus quantos o querem ser. Exultai! Como temer por vossa salvação, tendo esta Mãe que vos defende e protege?

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GRANDEZA DO AMOR DE MARIA PARA CONOSCO
Maria não pode deixar de amar-nos. Se, pois, Maria é nossa Mãe, consideremos quanto Ela nos ama. O amor dos pais para com os filhos é um amor necessário. E esta é a razão — adverte Santo Tomás — por que, pondo a divina lei preceito aos filhos de amarem os pais, não pôs preceito expresso aos pais de amarem os filhos. Pois o amor aos próprios filhos é amor com tanta força imposto pela própria natureza, que mesmo as feras mais cruéis — como disse Santo Ambrósio — não podem deixar de amá-los.
Contam os naturalistas que até o tigre, ouvindo o bramido dos filhotes capturados pelos caçadores, se lança ao mar e vai nadando até o navio em que os levam. Se, pois, nem os próprios tigres se esquecem de sua prole — diz nossa Mãe terníssima —, como poderei eu esquecer-me de meus filhos? Pode acaso uma mulher esquecer sua criança de braço, de sorte que não tenha compaixão do filho de suas entranhas? Mas se ela a esquecer, eu todavia não me esquecerei de ti(Is 49, 15). E se em algum tempo — continua a Virgem — se desse o caso de uma mãe se esquecer de um filho, não é possível que eu cesse de amar uma alma, de que sou Mãe. […]
Reuníssemos nós, enfim, o amor de todas as mães a seus filhos, de todos os esposos às suas esposas, de todos os anjos e santos para com seus devotos, não igualaria todo esse amor ao que Maria tem a uma só alma. É mera sombra o amor de todas as mães aos seus filhos, quando comparado ao de Maria para conosco, diz o Padre Nieremberg. Muito mais nos ama Ela só — diz o mesmo padre —, do que amam uns aos outros os anjos e santos. […]
É notório que Maria foi solícita para com todo o gênero humano. É, portanto, muito recomendável a prática de alguns devotos de Maria, os quais — como refere Cornélio a Lápide — costumam pedir ao Senhor lhes conceda aquelas graças, que para eles lhe pede a Santíssima Virgem. E com razão, diz o citado a Lápide, pois a nossa Mãe deseja-nos bens maiores do que nós mesmos poderíamos desejar.
O devoto Bernardino de Busti afirma que Maria deseja fazer-nos bem, e conceder-nos favores, ainda mais do que nós desejamos recebê-los. Segundo Santo Alberto Magno, aplicam-se essas palavras do livro da Sabedoria: Ela se antecipa aos que a desejam e se lhes patenteia primeiro(Sab. 6, 14). Antecipa-se Maria a quantos a Ela recorrem, para que a encontrem antes que a busquem. É tal o bem-querer alvoroçado desta Mãe, diz Ricardo, que vem logo ao nosso socorro e descobre as nossas precisões. Tão boa Mãe é, pois, Maria para todos, até para os ingratos e indiferentes que pouco a invocam e amam! Que Mãe será então para aqueles que a amam e com frequência a invocam?” “Os que a amam encontram-na facilmente(Sab. 6, 12). […]
Tem, pois, razão São Boaventura ao exclamar: Bem-aventurados aqueles que têm a dita de ser fiéis servos e amantes desta Mãe amantíssima!Sim, porque esta gratíssima Rainha não admite que a vençam em amor os seus devotos servidores. Maria, imitando nisto Nosso Senhor Jesus Cristo, com seus benefícios e favores dá a quem a ama o seu amor duplicado. Exclamarei, pois, com o inflamado Santo Anselmo: Sempre arda por vós o meu coração, e toda a minha alma se consuma no vosso amor, ó Jesus, meu amado Salvador, ó Maria, minha amada Mãe. Concedei, pois ó Jesus e Maria, a graça de amar-Vos, já que sem a vossa graça não posso fazê-lo. Concedei à minha alma pelos vossos merecimentos, não pelos meus, que eu vos ame quanto vós mereceis. Ó Deus tão amante dos homens, vós pudestes morrer pelos vossos inimigos. E a quem vo-la pede, poderíeis negar a graça de amar a vós e a vossa Mãe?” [...]

Continua …




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FONTE: Revista “Catolicismo”, nº 725, Maio de 2011.



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1 Sua Santidade, o Papa Pio XII, por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, em 1º de Novembro de 1950, instituiu como dogma a Assunção de Nossa Senhora em Corpo e Alma ao Céu (cf. http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html )

2 Essa Festa também foi instituída pelo Santo Padre Pio XII, através da Carta Encíclica Ad Caeli Reginam sobre a Realeza de Maria e a Instituição de sua Festa, em 10 de Outubro de 1954, com essa exortação: “Depois de atentas e ponderadas reflexões, tendo chegado à convicção de que seriam grandes as vantagens para a Igreja, se essa verdade solidamente demonstrada resplandecesse com maior evidência diante de todos como luz que brilha mais, quando posta no candelabro, – com a nossa autoridade apostólica decretamos e instituímos a festa de Maria rainha, para ser celebrada cada ano em todo o mundo no dia 31 de maio. Ordenamos igualmente que no mesmo dia se renove a consagração do gênero humano ao seu coração imaculado. Tudo isso nos incute grande esperança de que há de surgir nova era, iluminada pela paz cristã e pelo triunfo da religião.” (cf. https://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_11101954_ad-caeli-reginam.html) Com a Reforma do Calendário Universal do Rito romano, a festa passou a ser celebrada na Oitava da Assunção de Maria, ou seja, 22 de Agosto.

3 A título de curiosidade, a edição mais recente que possuímos da obra “Glórias de Maria”, publicada pela Editora Santuário, é de 2015 (30ª impressão), e a 1ª Parte, cujo resumo postaremos em três partes, contém 199 páginas.

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