Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quinta-feira, 19 de julho de 2018


A PRIMEIRA APARIÇÃO DA VIRGEM IMACULADA A SANTA CATARINA LABOURÉ


A Primeira Aparição da noite do dia 18 para o dia 19 de Julho de 1830.
Na imagem acima, os quadros de S. José e Sant'Ana

Estamos no mês de julho, e é neste mês que, no ano de 1830, iniciam-se as aparições da Santíssima Virgem Imaculada à sua confidente Santa Catarina Labouré.

Na Primeira Aparição, Nossa Senhora ainda não revela a Medalha Milagrosa, apenas adverte a humilde Noviça de que Deus tem uma grande missão para ela, e logo em seguida passa a revelar os tristes acontecimentos que cairão sobre o mundo, especialmente a França, demonstrando grande preocupação e pesar com tudo que estava por vir, e ao mesmo tempo garante sua especialíssima proteção às duas Congregações fundadas por São Vicente de Paulo, Padres da Missão (Lazaristas) e a Companhia das Filhas da Caridade.

Na noite de 18 para 19 de julho de 1830, festa de São Vicente de Paulo1, pela primeira vez Santa Catarina vê Nossa Senhora. É seu Anjo da Guarda, na forma de um menino, que a conduz até a Virgem. Ainda uma vez, passemos a ler seu relato, que impressiona pela simplicidade e unção:
S. Vicente de Paulo, Santa Luísa de Marillac
e as Filhas da Caridade

'Haviam-nos distribuído um pedaço de roquete de linho de São Vicente. Eu cortei a metade e o engoli, e adormeci com o pensamento de São Vicente me obteria a graça de ver a Santíssima Virgem.


'Afinal, às onze e meia da noite, ouvi me chamarem pelo nome: Irmã Labouré! Irmã Labouré! Acordando, olhei para o lado de onde vinha a voz, que era o lado da passagem. Corro a cortina e vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera! …


'Vesti-me depressa e me dirigi para o lado do menino, que tinha ficado de pé, sem avançar além da cabeceira da minha cama. Ele me seguiu, ou melhor, eu o segui, com ele sempre à minha esquerda, levando claridade pelos lugares onde passava. Por todos lugares onde passávamos, as luzes estavam acesas, o que espantava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocara com a ponta do dedo. Mas minha surpresa foi ainda maior quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me fazia lembrar a missa da meia-noite.


'Entretanto, não via a Santíssima Virgem. O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo … Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem.


'Ouvi então um ruído, como um frufru de vestido de seda, que vinha do lado da tribuna, junto ao quadro de São José, e que pousava sobre os degraus do altar; do lado do Evangelho, sobre uma cadeira semelhante à de Sant'Ana. …



'Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar; com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem.

O Anjo da Guarda de Santa Catarina
presente durante a Aparição

'Ali se passou o mais doce momento de minha vida. Não me será possível dizer tudo o que senti. Ela me disse como eu devia me conduzir em relação ao meu diretor espiritual, e várias coisa que não devo dizer; a maneira de me conduzir em meus sofrimentos: vir lançar-me ao pé do altar (e mostrava com a mão esquerda o pé do altar) e ali abrir meu coração. Ali receberia todas as consolações de que tivesse necessidade. Então lhe perguntei o que significam todas as coisas que eu tinha visto, e Ela me explicou tudo.'

O colóquio com Nossa Senhora prolongou-se por aproximadamente uma hora e meia.

Em outro manuscrito, Santa Catarina Labouré foi mais explícita e revelou, pelo menos em parte, o que ouviu da Santíssima Virgem. Num primeiro momento, Nossa Senhora falou à jovem noviça sobre a missão que Deus lhe queria cofiar, as dificuldades que teria para cumpri-la, e como devia portar-se com seu confessor:

'Minha filha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão. Tereis muito que sofrer; mas superareis esses sofrimentos pensando que o fareis para glória do bom Deus. … Sereis contraditada. Mas tereis a graça. Não temais. Dizei tudo [a vosso confessor] com confiança e simplicidade. Tende confiança, não temais.'


Mais adiante, Nossa Senhora passou a falar de acontecimentos futuros que logo se verificariam:

'Os tempos serão maus. Os males virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem. (A Santíssima Virgem tinha um ar muito triste ao dizer isso). Mas vinde ao pé deste altar. Aqui graças serão derramadas sobre todas as pessoas, grandes e pequenas, que as pedirem com confiança e fervor.'

Em seguida, Nossa Senhora falou a respeito da comunidade das Filhas da Caridade, a que pertencia Santa Catarina, e dos Sacerdotes da Congregação da Missão (Lazaristas), também fundados por São Vicente de Paulo:
Nossa Senhora apontando, com a mão
esquerda o Sacrário (pé do altar),
local onde a Santa encontraria
consolo e auxílio
 

'Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu gosto muito dela, felizmente. Sofro, porém, porque há grandes abusos em matéria de regularidade. As Regras não são observadas. Há grande relaxamento nas duas comunidades. Dizei-o àquele que está encarregado de vós, ainda que ele não seja o superior: Ele será encarregado de um maneira particular da comunidade. Ele deve fazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas de tempo e as visitas.'

Voltou, em seguida, a falar de terríveis acontecimentos que aconteceriam em futuro mais distante, prevendo com quarenta anos de antecedência as agitações da Comuna e o assassínio do Arcebispo de Paris, e prometendo sua especial proteção, nessas horas trágicas, aos filhos e às filhas de São Vicente de paulo:

'Conhecereis minha visita e a proteção de Deus, e a de São Vicente, sobre as duas comunidades. Tendes confiança! Não percais a coragem. Eu estarei convosco. Mas não se dará o mesmo com outras comunidades. Haverá vítimas (ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris, haverá vítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) morrerá.

Comuna de Paris: O fuzilamento revolucionário do Arcebispo de Paris
(Foto: blog Lourdes e suas Aparições)
 
Minha filha, a cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. Monsenhor, o Arcebispo, será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem não podia mais falar; o sofrimento estava estampado em seu rosto). Minha filha, me dizia Ela, o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isso se daria. E compreendi muito bem: quarenta anos.'

Catarina, como sempre, tudo relatou com fidelidade a seu confessor. Este novamente se mostrou severo, dizendo tratar-se de 'pura ilusão' e repreendendo a noviça: 'Se queres honrar Nossa Senhora, imitai suas virtudes e precavei-vos contra a imaginação'. Mas o incrédulo confessor não pôde deixar de ficar estarrecido porque, já uma semana depois, as profecias começavam a se cumprir.

A 27 de julho tinham início as primeiras desordens de rua e em poucos dias estava deposto o Rei Carlos X. Ademais de liberal, a revolução de 1830 teve um caráter violentamente anticlerical. Numerosas igrejas foram profanadas, conventos masculinos e femininos foram invadidos, sacerdotes e religiosas sofreram perseguições. Mas os Lazaristas e as Filhas da Caridade, de acordo com a promessa de Nossa Senhora, atravessaram sem danos por esse período crítico.”2
Cadeira utilizada pela Santíssima Virgem,
permanece na Capela das Aparições até hoje
(Foto: Revista Catolicismo)

Assim se deu a Primeira Aparição da Virgem Imaculada na Capela das Filhas da Caridade, em Paris, rue du Bac, 140, à humilde noviça, Catarina Labouré, que há pouco havia ingressado no noviciado.

Das três aparições que se tem notícia, essa foi uma das mais longas e mais densa de revelações, e como já vimos anteriormente, precedida de sonho e visões do coração de São Vicente de Paulo e de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento.

Concluamos com o Ato de Consagração à Santíssima Virgem, a fim de que Ela nos ajude a jamais perdermos a fé e a confiança na misericórdia divina e na sua poderosa intercessão em nosso favor:



Ó VIRGEM MÃE DE DEUS, MARIA IMACULADA, nós vos oferecemos e consagramos sob o título de NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA, o nosso corpo, o nosso coração, a nossa alma, e todos nossos bens, espirituais e temporais. Fazei que esta Medalha seja para cada um de nós um sinal certo de Vosso afeto para conosco, e uma recordação contínua dos nossos deveres para convosco. E ao trazer a vossa Medalha, guie-nos sempre a vossa amável proteção e nos conserve na graça de vosso Divino Filho.


Ó poderosíssima Virgem, Mãe de Nosso Salvador, conservai-nos unidos a Vós em todos os momentos de nossa vida. Alcançai a todos nós, os vossos filhos, a graça de uma boa morte, a fim de que juntos convosco possamos gozar um dia da celeste beatitude. Amém.

Repete-se 3(três) vezes a invocação: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!




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1 Na época, antes da Reforma do Calendário Litúrgico, São Vicente de Paulo era celebrado no dia 19 de Julho, hoje, no dia 27 de Setembro.

2 SANTOS, Armando Alexandre dos. “A Verdadeira História da Medalha Milagrosa”, Editora Artpress, 2ª edição, São Paulo/2017, pp. 21 a 25.

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