Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

CELEBRAR A VIRGEM MARIA: EXPRESSÃO DE FÉ, AMOR E DEVOÇÃO


Altar principal da Capela da Rue du Bac, 140, Paris, com a imagem da
Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.
 
O mês de Novembro, na rica liturgia da Igreja Católica, inicia-se com a Solenidade de Todos os Santos, no primeiro dia do mês, seguindo-se com a Comemoração dos Fiéis Defuntos (dia 02, hoje), e outras festas, como a Festa da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa ou Nossa Senhora das Graças, no dia 27, que faz memória à segunda Aparição da Santíssima Virgem à sua vidente Santa Catarina Labouré, na qual foi revelada a Medalha Milagrosa.

Festejar é “fazer festa em honra de; solenizar, celebrar”1 alguma pessoa ou fato importante de nossas vidas, e na vida da Igreja esses festejos têm muito valor e importância para a caminhada do cristão como peregrino neste mundo. “Já se disse que o Calendário das festas da Igreja é como que a moldura de nossa vida; acende luzes, ilumina os caminhos, direciona as jornadas, aponta as fontes de irrigação, em suma, por elas, as festas de Cristo, dos anjos, dos santos, dos mártires, dos confessores, das virgens marcamos o ritmo do nosso caminhar espiritual. - E, como não podia deixar de ser, Nossa Senhora foi inserida neste painel como a principal estrela; associada na economia da redenção como foi, por Deus, quis este mesmo Deus, e também a nossa devoção, que Ela se nos apresente fulgurante e esplendorosa.”2

Na feliz e muito apropriada síntese de São João Damasceno [675-749]: Quem ama ardentemente alguma coisa traz constantemente Seu nome nos lábios e nela pensa noite e dia ( . . . ) Que existe de mais suave do que a Mãe de Jesus? Ela, cativou meu espírito, Ela reina sobre minha palavra, a imagem dela está sempre em minha mente.3
Um altar erigido e devotamente ornado
à Virgem Imaculada.

Festejar Nossa Senhora é expressar, manifestar FÉ e DEVOÇÃO n'Aquela que, por vontade de Deus, foi inserida na obra da Salvação como Corredentora e Medianeira de todas as graças, reconhecendo seu papel e valor como outrora fez Santa Isabel ao dirigir-se à Mãe de Deus, exclamando: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.» (Lc 1, 42).

O Catecismo da Igreja Católica faz expressa referência a essa prática devocional: Ao celebrar o ciclo anual dos mistérios de Cristo, a santa Igreja venera com particular amor a bem-aventurada mãe de Deus, Maria, que por vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho; em Maria, a Igreja admira e exalta o mais excelente fruto da redenção e a contempla com alegria como puríssima imagem do que ela própria anseia e espera ser em sua totalidade.”4

O Papa Paulo VI, publicou, a 2 de fevereiro de 1974, uma Exortação Apostólica destinada à reta ordenação e desenvolvimento do culto à Bem-Aventurada Virgem Maria, denominada "O culto à Virgem Maria (Marialis Cultus)", e em sua Conclusão, assim assevera o Santo Padre: A piedade da Igreja para com a bem-aventurada Virgem Maria é elemento intrínseco do culto cristão. Essa veneração que a Igreja tem vindo a prestar à Mãe do Senhor, em todos os lugares e em todos os tempos, desde a saudação com que Isabel a bendiz (cf. Lc 1,42-45) até as expressões de louvor e de súplica da nossa época, constitui um excelente testemunho da sua norma de oração e um convite a reavivar nas consciências a sua norma de fé. E, em contrapartida, a norma de fé da Igreja exige também que, por toda a parte, floresça com pujança a sua norma de oração pelo que se refere à Mãe de Cristo.
Procissão em homenagem à Virgem Imaculada Nossa Senhora
das Graças (Portal ORM)

Acrescentaremos, ainda: o culto da bem-aventurada Virgem Maria tem a sua suprema razão de ser na insondável e livre vontade de Deus, que, sendo a eterna e divina Caridade (cf.1Jo 4,7-8.16), realiza todas as coisas segundo um plano de amor: amou-a e fez-lhe grandes coisas (cf. Lc 1,49), amou-a por causa de si mesmo e por causa de nós e, deu-a a si mesmo e no-la deu a nós.5

Portanto, celebrar suas festas realizando novenas, rezando o santo Rosário (ou Terço) e a Ladainha (em residências ou igrejas), organizando procissões, enfeitando seu altar com flores e velas, é uma das formas mais populares de prática devocional em honra da Santíssima Virgem, prática esta que muito a agrada, como nos lembra Santo Afonso de Ligório:

Os devotos de Maria celebram com muita atenção e fervor as novenas de suas festividades. E durante elas a Santíssima Virgem lhes dispensa, com muito amor, as graças inumeráveis e especialíssimas. Viu um dia Santa Gertrudes, debaixo do manto de Maria, uma multidão de almas que nos dias precedentes se tinham preparado, por meio de devotos exercícios, para celebrar a festa da Assunção.6
Procissão das velas (luminosa) em honra de Nossa Senhora
do Rosário de Fátima (Portugal).

Mas não é só expressão de fé e devoção, também é manifestação de AMOR, de gratidão e de reconhecimento de sua poderosa intercessão junto à Santíssima Trindade a nosso favor, não só alcançando-nos as graças que lhe solicitamos, mas acobertando-nos com seu manto sagrado, defendendo-nos dos ataques do inferno e de todos que nos querem mal, e principalmente, ensinando-nos a fiel observância dos ensinamentos de Cristo, como se nos estivesse repetindo àquelas doces e prodigiosas palavras dirigidas aos serventes nas bodas de Caná: «Fazei o que ele vos disser.» (Jo 2, 5).

Esse aspecto ou finalidade do culto a Maria Santíssima foi enfatizado por Ela própria, como também nos relata S. Afonso de Ligório: Disse ela uma vez à Bem-aventurada Angela de Foligno, que havia comungado: Angela, abençoada sejas por meu Filho, e procura amá-lo quanto puderes. Igualmente falou a S. Brígida: Filha, se queres prender-me a ti, ama meu Filho. – Maria não tem maior desejo, do que ver amado seu dileto Filho, que é Deus. Pergunta Novarino por que razão a Santíssima Virgem rogava aos anjos, com a esposa dos Cânticos, que dessem parte ao Senhor do grande amor que lhe consagrava? «Eu vos conjuro, filha de Jerusalém, que, se encontrardes o meu amado, lhe façais saber que estou enferma de amor» (5,8). Por acaso não conhecia Deus o seu amor? Por que tem ela tanto empenho em mostrar-lhe a chaga que ele mesmo abriu? E Novarino responde que desse modo a Mãe de Deus queria patentear seu amor, não a Deus, mas a nós mesmos, para nos ferir com o amor divino, assim como já estava por ele ferida. Como é toda fogo para amar a Deus, a todos os que a amam e dela se aproximam inflama e torna semelhantes a si mesma, observa S. Boaventura.7
Linda procissão de Nossa Senhora de Fátima em Roma
(Senza Pagare)


Assim, quando celebramos Maria Santíssima em suas festas, com a dignidade que lhe é devida, estamos expressando nossa FÉ, AMOR e DEVOÇÃO, e com esta reta intenção é que desejamos celebrar este mês de Novembro em honra da Virgem Imaculada sob a invocação de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa ou Nossa Senhora das Graças.






NOTA: Em honra da Santíssima Virgem, publicaremos, no período de 18 a 26 de Novembro, aqui no blog, a Novena Preparatória para a Festa da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, e no dia 27 de Novembro, o relato da segunda Aparição, com base nos manuscritos da Vidente. Nos dias seguintes à Festa de Nossa Senhora, faremos publicações (postagens) em homenagem a Santa Catarina Labouré (Patrona principal deste blog), sua vidente e mensageira, cuja Festa é celebrada no dia 28 de Novembro.



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2 MAIA, Antonio, c.m. “Pequeno Dicionário de Nossa Senhora”,Companhia Brasileira de Artes Gráficas, 1986, Verbete: FESTAS, p. 77, reformatado por Alexandria Católica.
3 Ibidem, p. 6.
4 “Catecismo da Igreja Católica”, Edições Loyola, 1999, reimpressa em 2002, Segunda Parte, Primeira Secção, Capítulo Segundo, Artigo 1, § 1172, p. 330.
6 LIGÓRIO, S. Afonso Maria de. “Glórias de Maria”, Editora Santuário, 30ª reimpressão/2015, Tratado IV – Práticas de Devoção em Honra de Maria Santíssima, II. Novenas, p. 446.

7 Ibidem, pp. 419-420

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