Santa Catarina Labouré, Filha da Caridade, a vidente e mensageira da Medalha Milagrosa |
Seu
desejo foi atendido, e a Virgem Santíssima lhe apareceu pela
primeira vez naquela noite, da forma como relatou a própria vidente,
pois é a narrativa que contem suas palavras e exprime, com toda sua
ingenuidade e simplicidade, a fisionomia da encantadora visão:
“Na
véspera da festa de S. Vicente, nossa Madre Marta fez-nos uma
instrução sobre a devoção aos Santos, em particular sobre a
santíssima Virgem. Esta instrução deu-me um grande desejo de ver
Nossa Senhora. Deitei-me com o pressentimento de que nessa noite eu
veria minha boa Mãe. – Havia tanto tempo que eu desejava vê-la!
– Enfim adormeci.
Santa Catarina ajoelha-se diante da Santíssima Virgem apoiando suas mães sobre o joelho de Nossa Senhora |
“As onze e meia da noite, ouvi chamar pelo meu nome: Irmã Catarina. Irmã Catarina. – Acordei, olhei para o lado donde vinha a voz, que era do lado da passagem.2 Afastei a cortina e vi um menino, vestido de branco, de quatro a cinco anos, o qual me disse: 'Vinde à capela. A Santíssima Virgem vos espera.' Logo me lembrei que poderiam estar ouvindo. O menino respondeu: 'Ficai tranquila; são onze e meia; todas dormem profundamente. Vinde, eu vos espero.'
“Vesti-me
depressa e dirigi-me para o lado onde estava o menino, junto à
cabeceira do meu leito. Ele me seguiu, ou, antes, eu o segui, tendo-o
sempre à esquerda, pelo que caminho que tomou. As luzes, por onde
passávamos, estavam acesas, o que muito me admirava; mas muito maior
foi a minha admiração, quando, ao chegar à capela, a porta se
abriu, mal o menino a tocou com a ponta dos dedos. Mina admiração
chegou ao cúmulo, quando vi todas as velas acesas; o que me
recordava a Missa de Natal.
“No
entanto, eu não via a Virgem Santíssima. O menino conduziu-me ao
santuário, junto à cadeira do Padre Diretor; aí me ajoelhei; o
menino ficou de pé. Como me parecia longa a espera! Olhei para o
lado da tribuna, com receio de que por ali passassem as Irmãs da
vigilância noturna.
“Enfim,
chegou o momento. O menino avisou-me dizendo: 'Eis
a Santíssima Virgem! Ei-la!'
Ouvi um leve ruído, como o farfalhar de um vestido de seda, que
vinha da tribuna, perto do quadro de S. José, e foi assentar-se em
uma cadeira, semelhante à de Sant'Ana, em cima dos degraus do
altar.3
“Nesse
momento, eu não sabia manifestar o que senti, o que se passou dentro
de mim; parecia-me que eu não estava vendo a Santíssima Virgem. Foi
então que o menino me falou, não com a voz de um menino, mas de um
homem feito e com palavras muito fortes. Então, olhando para a
Santíssima Virgem, dei um salto e ajoelhei-me nos degraus do altar,
com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Mãe de Deus.
“Foi
este o momento mais feliz da minha vida; não sei exprimir a celeste
comoção que se apoderou de mim. Ela me disse como eu devia proceder
para com meu diretor, como devia proceder nas horas de sofrimento e
muitas outras coisas que não posso revelar; disse-me também,
apontando o pé do altar, que viesse sempre àquele lugar abrir o meu
coração, e que ali acharia as consolações de que precisava.
“Perguntei-lhe
o que significavam as coisas, que antes eu tinha visto, e ela me deu
uma explicação de tudo.
“Não
sei quanto tempo fiquei junto à Virgem; apenas sei que quando ela
partiu, percebi que alguma coisa vaporosa se afastava, como uma
sombra que se encaminhava para a tribuna, pelo mesmo caminho por que
tinha vindo.
“Levantei-me
e vi o menino onde eu deixara. 'Ela
já partiu',
disse-me ele. Voltamos para o dormitório, pelos lugares percorridos
na ida para a capela. As luzes continuavam acesas e o menino
caminhava à minha esquerda.
“Creio
que esse menino é o meu anjo da guarda, que tomara a forma humana,
para levar-me a ver Nossa Senhora, porque eu o tinha invocado muitas
vezes, pedindo-lhe que me alcançasse este favor. Ele estava vestido
de branco e irradiava uma luz sobrenatural, isto é, estava
resplandecente de luz milagrosa. Apresentava quatro a cinco anos de
idade.
Bibliografia
consultada:
LAURENTIN,
René. Catarina
Labouré Mensageira de Nossa Senhora das Graças e da Medalha
Milagrosa,
Edições Paulinas, São Paulo, 2012
CASTRO,
Jerônimo P. de Castro. S.
Catarina Labouré,
Editora Vozes, 11ª edição, Petrópolis/RJ, 1951
Imagens:
http://apostolosdenossasenhoradefatima.blogspot.com.br/2016/07/185-aniversarioanode-la-virgen-de-la.html
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1 Naquela
época ainda se celebrava a festa do fundador São Vicente de Paulo
em 19 de Julho, hoje sua festa é no dia 27 de Setembro.
2 Os
leitos das Irmãs são cercados por cortinas; deixa-se o espaço de
um metro para elas se moverem à noite e pela manhã. Esse espaço é
o que a Irmã Catarina chamava de passagem.
3A
Irmã Catarina, na sua linguagem simples, escreveu esta frase
belíssima, sem tradução própria: “J'entends un bruit comme le
frou-frou d'une robe de soie” - Segundo declarações da
Vidente ao Padre Aladel, a Santíssima Virgem assentou-se, de fato,
na cadeira do Padre Diretor, a qual cadeira era semelhante à do
quadro, onde Sant'Ana se achava assentada. Hoje, nesse local,
construíram o altar da Virgo Potens.