A MENSAGEM DA APARIÇÃO DA NOITE DO DIA 18 PARA O DIA 19 DE JULHO DE 1830 – PARTE II
(Continuação
da postagem anterior)
Conjunto escultural que se encontra
na Rue du Bac, representando Santa Catarina
conversando com Nossa Senhora
|
«Minha
filha, Deus quer encarregá-la de uma missão...»
Com estas palavras, a Santíssima Virgem iniciava um celestial
colóquio com Santa Catarina Labouré, convidando-a à missão que só
mais tarde – em 27 de Novembro daquele mesmo ano – seria
explicitada, revelada; naquele momento a missão ficava oculta, era
um segredo de Deus, a ser revelado futuramente.
Desde
o início, Nossa Senhora não escondeu que o cumprimento da “missão”
para qual estava sendo chamada, traria à Santa muitas provações,
desconfianças, embaraços, objeções, porém, a Mãe de Deus, por
mais de uma vez, exorta-lhe a ter confiança: «não
temais»,
«Tende
confiança»,
a providência divina não lhe faltaria, «Sereis
inspirada em vossas orações.»,
e também enfatizado, «...vinde
ao pé deste altar. Aqui as graças serão abundantes para os que a
pedirem com confiança e fervor; serão concedidas as grandes e
pequenos».
As
provações, contradições e dificuldades prenunciadas, são
próprias de grandes missões como a que estava sendo confiada à
nossa Santa, e lembram as palavras da mesma Virgem Imaculada a uma
outra camponesa, também da França, Santa Bernadette Soubirous,
quando, ao início das 18 aparições ocorridas entre 16 de fevereiro
e 16 de julho de 1858, lhe disse: «Não
te prometo fazer feliz neste mundo, mas sim no outro».
Santa Bernadette Soubirous |
A
simplicidade e a sinceridade recomendadas, e que deveriam acompanhar
Irmã Catarina no cumprimento de sua honrosa missão, diante das
objeções que surgiriam, já lhe eram presentes, próprias de uma
camponesa que, embora inculta, sabia discernir, por exemplo, uma
revelação espiritual de um sonho ou de uma simples imaginação.
Vale lembra-se que, antes mesmo de ingressar no noviciado das Filhas
da Caridade, ainda em Fain, sua terra natal, a Santa sonhou com São
Vicente de Paulo, e sempre declarou ter sido um sonho, tão somente.
Logo, se sabia diferenciar um sonho da realidade, não se enganaria
acerca da visão que tivera naquela noite do dia 18 de julho.
“Um
dia, quando já septuagenária, uma jovem Irmã impugnou as visões
da Rua du Bac, chamando-as de sonhos; a Irmã Catarina não pôde
reter a sua indignação e, vencendo o seu mutismo e reserva em nunca
falar destes acontecimentos, declarou abertamente: 'Minha boa Irmã,
quem viu a Santíssima Virgem, a viu em carne e osso.' E recaiu no
seu mutismo”. Essa era, portanto, Santa Catarina Labouré, a santa
do silêncio, da simplicidade e da sinceridade.
No
mais, a sucessão dos acontecimentos revelados a Santa Catarina de
Labouré naquela noite, seria a prova irrefutável da veracidade de
sua visão.
Já
em 1850, como predito por Nossa Senhora, vieram se unir à família
de São Vicente, a das Irmãs da Caridade, fundada por Élisabeth-Ann
Seton, também chamada de “Congregação religiosa da senhora
Seton”, nos Estados Unidos, depois, mais duas outras Congregações
alcançariam o mesmo favor excepcional de se unir às Irmãs da
Caridade de S. Vicente: Irmãs da Caridade da Áustria, que teve como
fundadora Leópoldine de Brandis, e as Irmãs de Verviers, na
Bélgica. Como essas uniões constavam dos planos divinos, a
Comunidade desfrutaria de uma grande paz, além de se tornar grande,
como havia concluído a Santa Virgem.
O
Padre Aladel, então Capelão da Casa-Mãe, se tornaria, de fato e em
breve, o Diretor Geral das Irmãs de Caridade, como anunciado, e
empreenderia esforços, combatendo os abusos apontados, na volta à
Regra, ao carisma original da Congregação.
Mas,
às promessas de ajuda e de um momento de paz, seguiu-se o anúncio
dos infortúnios iminentes.
Os Communards assumiram o poder da capital e deram início a Comuna que durou 32 dias (Março de 1871)
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Não
só essas “desgraças” futuras se realizaram, oito dias após a
aparição da Santíssima Virgem, a 27 de Julho de 1830, já rebentou
tremenda revolução em Paris, tendo igrejas sido profanadas, cruzes
derrubadas, casas religiosas invadidas, devastadas e religiosos
dispersos; padres perseguidos, o Arcebispo de Paris, à época, teve
de ocultar-se para não sucumbir diante do furor da plebe revoltada;
acontecimentos que remetiam aos horrores da Revolução de 1789.
Comuna de Paris: fuzilamento revolucionário do arcebispo de Paris |
Entretanto,
como havia prometido Nossa Senhora, a Casa-Mãe das Irmãs de
Caridade, na Rua du Bac, foi preservada, respeitada, e as Irmãs que
estavam em retiro naqueles dias revoltosos, puderam realizar seus
exercícios espirituais com calma, mesmo que em meio ao barulho de
canhões e da turba em delírio. A igreja de S. Lázaro embora tenha
sido invadida, não houve depredação, e o Padre Étiene, no dia
seguinte à invasão, diante dos revoltosos que desejavam derrubar a
cruz da fachada do templo, agiu de maneira enérgica, e heroica,
tendo a turba se retirado e não retornado mais.
A Virgem Santíssima aponta
o altar a Santa Catarina, ali
ela encontraria as consolações
necessárias.
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Em
meio à descrição dos anúncios que lhe foram revelados, Santa
Catarina Labouré registrou, ainda, as expressões de Nossa Senhora:
«a
santa Virgem demonstrava o rosto triste ao dizer isto… a Santíssima
Virgem conservava-se triste… a Santíssima Virgem tinha lágrimas
nos olhos ao me dizer isto... nesse ponto, a Santa Virgem quase não
podia falar, a dor transparecia no seu semblante...»
São
expressões de uma Mãe terna e preocupada com o futuro de seus
filhos, os pecadores.
“Por
fim”, como lembra René Laurentin, “a visão começou a comunicar
a Catarina projetos que se definiriam mais tarde: a nova Associação
das Filhas de Maria que seu confessor deveria fundar; seriam
celebrados 'com grande pompa' o Mês de Maria e o de São José;
'haverá muita devoção pelo Sagrado Coração'”.
Fontes
consultadas:
CASTRO,
Jerônimo P. de Castro. S. Catarina Labouré, Editora Vozes,
11ª edição, Petrópolis/RJ, 1951.
LAURENTIN,
René. Catarina Labouré Mensageira de Nossa Senhora das Graças e
da Medalha Milagrosa, Edições Paulinas, São Paulo, 2012.
SANTOS,
Armando Alexandre dos. A Verdadeira História da Medalha
Milagrosa, Editora Artpress Ltda, São Paulo, 2ª edição, 2017.
Imagens:
http://www.pliniocorreadeoliveira.info/
http://operamundi.uol.com.br/
http://lourdes-150-aparicoes.blogspot.com.br
http://imagessaintes.canalblog.com/
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