MEMÓRIA MENSAL DA REVELAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA
1ª Aparição de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré, em 19 de Julho de 1830 |
A
Medalha Milagrosa e a virtude da Obediência
“...Nossa
Senhora, nas primeiras décadas do século passado (século XIX),
apareceu a uma santa religiosa, hoje canonizada pela Igreja, Santa
Catarina Labouré, em um convento de Paris, da Rue du Bac. É uma
religiosa das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo. E várias
vezes, durante a noite, um anjo sob a forma de criança, conduziu
essa religiosa à capela do convento, que estava, entretanto, fechada
por várias portas, trancadas a chave, intransponíveis, etc.
Conduziu essa religiosa até a capela aonde Nossa Senhora se
encontrava sentada em uma cadeira que até hoje se conserva ali. E
lhe dirigiu a palavra, comunicou-lhe várias coisas e, sobretudo, lhe
comunicou esta devoção à Medalha Milagrosa.
Essa
medalha representa Nossa Senhora das Graças, quer dizer, Nossa
Senhora calcando aos pés uma serpente. É a Imaculada Conceição,
que calcou aos pés a Serpente infernal, de acordo com o que está
dito na Sagrada Escritura. E com as mãos abertas e, delas, partindo
feixes de luz resplandecentes.
A
invocação de Nossa Senhora das Graças quer dizer Nossa Senhora que
têm em suas mãos todas as graças, porque Ela é depositária de
todos os tesouros de Deus. Mas quer dizer também Nossa Senhora
dadivosa, misericordiosa, que quer dar todas as graças e que por
isso tem as mãos abertas, Ela deseja dar tudo. Ela é a Mãe de
Misericórdia, Ela quer tocar todas as almas, Ela quer inundá-las de
benefícios.
Ela
quer encher o mundo inteiro das manifestações soberanas e celestes
de Sua bondade e de Seu poder! E determinou que as pessoas que
trouxessem essa medalha – que tem, então, no seu aspecto principal
Nossa Senhora e os dizeres: “Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
E com as outras características que acabo de declarar, determinou
que essas pessoas fossem especialmente protegidas pela Providência
Divina e que recebessem dela graças enormes, especialmente no que
diz respeito à boa morte.
É
celebre o fato de que a grande maioria das pessoas que morrem usando
essa medalhinha, ainda que sejam ateias ou muito afastadas de Deus,
pelo uso dessa medalhinha acabam se entregando a Nosso Senhor, se
arrependendo à última hora pelos rogos onipotentes de Maria.
Medalha Milagrosa (frente e verso) |
É
compreensível – e é disso que quero tratar, porque se revela aí
um traço muito bonito da Sabedoria divina – que Nossa Senhora
queira ligar esta devoção a Ela enquanto Rainha e Mãe de todas as
graças, com um grande número de graças. É compreensível. É
compreensível também que tenha dito: “Quem
usar uma medalha com a minha efígie e com esses dizeres,
recomenda-se a Mim mais especialmente e eu, por causa disto, ajudarei
a essa pessoa”.
Mas
Nossa Senhora põe uma lei. Ela indicou tudo: indicou a forma ovalada
da medalha, indicou umas iniciais com o nome dEla etc., para serem
usadas no verso da medalha. Ela indicou uma porção de pormenores a
que a medalha tem que se conformar para verdadeiramente corresponder
às suas exigências. A tal ponto que em grande número de rosários,
no entroncamento dos dois braços do rosário existe a Medalha
Milagrosa. E quando se oscula o terço, quando há nele a Medalha
Milagrosa, é de bom alvitre oscular a medalha e o terço, não só o
terço.
Muitas
vezes, por exemplo, na parte de cima, colocam rosas; um bispo
conhecido disse que o simples fato de serem colocadas rosas em
relevo, de maneira a tirar o caráter ovalado da medalha, faz com que
ela não corresponda [às exigências de Nossa Senhora]. É essa
caracteristicamente a medalha. [Se nessa] face houvesse, em
saliência, rosas, poderia já não corresponder à devoção e
poderia, portanto, já não merecer as graças que foram prometidas
por Nossa Senhora nessa ocasião. Por quê? Porque a medalha era
ovalada. Isso não quer dizer o seguinte: Nossa Senhora não dará
nenhuma graça! Medalha, qualquer que seja sua forma, é um objeto de
piedade. Mas isso quer dizer apenas que não têm as garantias
daquela promessa.
Podemos
perguntar por que Nossa Senhora foi tão estrita na definição, no
estabelecimento de todas essas condições? E alguém poderia
perguntar o seguinte: isso não será uma mesquinharia e não está
abaixo das grandezas de Nossa Senhora querer ser obedecida em tais
ninharias? Não seria muito mais sapiencial que Nossa Senhora abrisse
mão disto e que não exigisse minudências, minúcias tão exatas
como estas?
Nós
devíamos ver na própria minúcia uma manifestação de sabedoria,
porque Nossa Senhora não faz nada que não seja perfeito. Então,
devemos nos perguntar qual é a razão dessa minúcia, porque essa
minúcia deve ter uma razão. E a razão, evidentemente, é de
adestrar em nós duas virtudes: em primeiro lugar, a virtude da fé
e, em segundo lugar, a virtude da obediência.
A
virtude da fé quer dizer crermos firmemente que Ela quis que isso
fosse assim. Crermos na sua revelação na íntegra e crermos que
houve uma manifestação da Sua vontade, uma autêntica manifestação
de Sua vontade. Ela indicou também esses pormenores e um resquício
da virtude da obediência no seguinte: Ela é a Rainha e tem o
direito de mandar aquilo que Ela quiser; e a menor das vontades dEla
nos deve ser muito preciosa.
Não
só muito preciosa – porque vem de uma autoridade excelsa, Ela é a
Mãe de Deus e Rainha do universo – mas muito preciosa porque tudo
quanto Ela quer é perfeito e nossa vontade deve unir-se muito à
vontade dEla. Devemos dizer: “minha Mãe, Vós o quisestes assim, e
porque Vós o quisestes assim, eu quero assim, porque eu quero o que
Vós quereis. Eu não só faço o que Vós quereis que eu faça, mas
eu quero que Vós queirais que eu queira, e como vós quereis que eu
queira isto, que eu tenha essa medalha assim, e com essas minúcias
para gozar de tais graças, eu me conformo humildemente à Vossa
vontade soberana. Eu amo este gesto pelo qual Vós quereis exercer
sobre mim a Vossa realeza e eu, por causa disso, me dobro; eu executo
o que Vós quereis, reconhecendo que não sou senão uma criança nas
Vossas mãos, que eu não sou senão um filho e um escravo nas Vossas
mãos e que devo fazer tudo aquilo que Vós quereis”.
Para
os senhores compreenderem bem como este ato de obediência, assim, é
grande, eu tenho lido [livros] de vida espiritual que dizem que
naquele fruto cuja ingestão era proibida a Adão e Eva no Paraíso,
naquela proibição de comerem o fruto daquela árvore, não havia
outra coisa senão um ato de vontade de Deus. A fruta não tinha nada
de nocivo ao homem. Se não fosse uma proibição de Deus, os homens
poderiam comer daquela fruta. Era uma coisa na aparência tão
insignificante querer comer uma fruta, mas aquela ordem versando
sobre uma coisa tão insignificante devia ser obedecida. Porque Deus
é Senhor, porque Deus é nosso Pai.
E
nós devíamos fazer a vontade dEle, porque Ele é Rei e porque é
nosso Pai cheio de bondade e só pode querer um coisa boa. E foi por
causa de um ponto tão pequeno em que não houve obediência, que
houve a catástrofe do pecado original e todas as consequências que
vieram depois.
Isto
é, meus caros, uma lição magnífica de antiliberalismo. O
revolucionário, o liberal, de bom grado – quando ele é assim,
meio disfarçado, meio moderado – pensa o seguinte: “e daí? É
linha geral da vontade de Nossa Senhora, eu faço. Mas nas minúcias,
eu não creio que Nossa Senhora queira me obrigar à minúcia! Nas
minúcias faço como entendo eu”. Ou então: “por que Nossa
Senhora exigiu essas minúcias? Eu não estou de acordo que Nossa
Senhora exija minúcias tais! Eu acho contra a minha dignidade
obedecer em coisinhas assim. Eu vou fazer o que entender”.
Isso
é liberalismo puro e desagrada a Deus. Nossa Senhora, quando recebeu
a mensagem angélica de que seria a Mãe de Deus, teve como resposta
um ato de obediência: “Eis
a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua palavra”.
O que quer dizer isso? Significa obedecer! Quer dizer, dobrar a nossa
vontade na hora de receber as maiores honras ou de executar as
maiores ordens, como nas menores, porque Deus tem o direito de ser
obedecido em toda linha!
Nesse
sentido a Medalha Milagrosa é, de algum modo, a festa da santa
obediência. E temos uma boa ocasião de pedir a Nossa Senhora que
nos dê o espírito de obediência, por exemplo, no que diz respeito
à prática dos Mandamentos. Obedecer aos Mandamentos inteiros,
inclusive em matéria que possa significar a mínima falta, a mínima
imperfeição, por amor à vontade de Deus. Por amor à vontade da
Igreja católica que tem seus mandamentos e tem poder de ditar os
seus mandamentos. Por isso a gente obedece meticulosamente, inclusive
nas menores coisas.
“Que
nossa vida seja assim também! Obediente até nas pequenas coisas.
Obediente a Deus Nosso Senhor, a Nossa Senhora, que é nossa
Medianeira junto a Ele; à santa Igreja Católica que é nossa
medianeira junto a Nossa Senhora e junto a Deus e àqueles que a
obediência colocou para nos corrigir.
Portanto,
também às pequenas autoridades de nosso Grupo. Quando mandarem
fazer alguma pequena coisa, obedecer, fazer como mandaram. Por quê?
Porque nós devemos amar toda forma de autoridade, em todas as suas
manifestações e, de bom grado, com a flexibilidade de alma sermos
obedientes a essa autoridade. Isto é um dos aspectos
contrarrevolucionários e antiliberais que se depreende da devoção
à Medalha Milagrosa. …”
________excertos
da conferência proferida por Plinio
Corrêa de Oliveira,
"Santo
do Dia", em 26 de novembro de 1970
(véspera
da Festa da Medalha Milagrosa),
e
publicada na revista Catolicismo, nº 100 (Abril/1959)
➱ NOTA:
Hoje (27 de Setembro) celebra-se a Festa de São
Vicente Paulo, cofundador da Companhia das Filhas da Caridade.
USE
A MEDALHA MILAGROSA
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FONTE:https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_701126_Medalha_Milagrosa_e_obediencia.htm#.XYgRNJhKjIU
(Texto revisto e atualizado – destaques acrescentados)
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