MEMÓRIA MENSAL DE REVELAÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA
Medalha Milagrosa, frente e verso |
SIMBOLISMO
DA VIRGEM DA MEDALHA
(PARTE
II)
Na
“Memória Mensal” de março próximo passado (VIDE AQUI),
mostrou-se a expressão simbólica da Medalha Milagrosa
referente à primeira prerrogativa da Virgem Imaculada: sua Imaculada
Conceição, simbolizada na efígie de Nossa Senhora pisando sobre a
cabeça da serpente infernal (anverso da medalha), representação do
poder que teve a Mãe de Deus sobre o demônio, desde a origem (cf.
Gn 3, 15).
Na
Memória deste mês, Pe. Jerônimo P. de Castro, CM, continua o tema,
mostrando-nos os demais simbolismos da Medalha:
“A
segunda prerrogativa que se manifesta na visão da Irmã Catarina é
a onipotente intercessão da Santíssima Virgem no céu. – Que faz
Maria no céu? – Como seu Filho, não cessa de interceder por nós
e de derramar sobre nós as graças, que a sua prece poderosa alcança
de Deus.
Isto
mesmo, ela quis exprimir, manifestando-se à Irmã Catarina em duas
atitudes diferentes: na atitude de prece com o mundo nas mãos,
aquecendo-o, por assim dizer, ao calor do seu coração, e pedindo
para humanidade a misericórdia divina; – e na atitude de rainha,
cujas mãos abertas e cheias de graças infundem confiança e
derramam favores sobre quantos a invocam1.
A Virgem Imaculada na segunda fase da aparição de 27 de Novembro de 1830 com o globo nas mãos |
Não
somente o fato da intercessão de Maria, mas ainda o modo e a
amplitude dessa intercessão se veem no simbolismo das aparições de
1830.
Uma
pequena cruz de ouro – a cruz de Jesus Cristo – em cima do globo
que a Virgem tem nas mãos, enquanto oferece interiormente os seus
méritos e as suas orações. Ora, apresentar Jesus Cristo, unir as
preces e merecimentos aos de Jesus Cristo, eis que consiste
precisamente a grandeza de Maria na distribuição das graças.
Aparece,
portanto, a intercessão de Maria como real e subordinada. Quanto à
extensão, os teólogos discutem sobre a sua universalidade. Bossuet
pensa que Deus, tendo-nos dado Jesus Cristo pela Virgem Imaculada,
esta ordem permanece, visto que Deus não se arrepende de seus dons.
É e será sempre verdade, – é preciso reafirmar aqui este
princípio, – que tendo Jesus recebido de Maria o princípio
universal da graça, dela recebemos ainda as suas diversas aplicações
em todos os diferentes estados da vida cristã. Tendo a sua caridade
materna contribuído para nossa salvação eterna, no mistério da
Encarnação, que é o princípio universal da graça, contribuirá
perpetuamente para todas as outras operações que dependem daquele
mistério2.
A
voz, ouvida pela Irmã Catarina, não fala de modo diferente: 'Minha
filha, este globo que vedes, representa o mundo inteiro,
especialmente a França, e cada pessoa em particular. Reparai bem: o
mundo inteiro, especialmente a França, e cada pessoa em particular'.
Voltando,
enfim, o quadro, o reverso da Medalha fala, por sua vez, linguagem
bem eloquente: 'O
M e os dois corações dizem bastante'.
O M
encimado de uma cruz, e os dois corações justapostos, ornados com
emblemas da Paixão, parecem indicar o mistério inefável da
corredenção por Maria.
Conforme
o ensino do Santo Padre Pio X, na Encíclica do cinquentenário da
proclamação do dogma da Imaculada Conceição, houve 'entre Jesus e
Maria completa comunhão de vida e de sofrimento, cabendo, pois, a
ambos, com igual direito, a palavra do profeta: Minha vida se
consumiu na dor, meus anos em gemidos. – A Virgem estava de pé,
junto da cruz, horrorizada sem dúvida com a crueldade do espetáculo,
contudo feliz porque seu Filho se imolava pela salvação da
humanidade; em todo caso, participava de tal modo das suas dores, que
lhe seria mil vezes preferível tomar sobre si os tormentos que o
afligiam'3.
Na terceira fase da aparição de 27 de Novem- bro de 1830, a Virgem Imaculada com os braços estendidos |
E
o Papa conclui: 'A consequência desta comunhão de sentimentos e de
sofrimentos é que Maria mereceu, muito legitimamente, tornar-se
reparadora da humanidade decaída, e portanto a dispensadora de todos
os tesouros que Jesus conquistou com sua morte e o seu sangue'.
Não
era, pois, esta especial participação da Santíssima Virgem no
mistério da Redenção que Irmã Catarina podia ler no reverso do
quadro da grande manifestação?
Imaculada
Conceição, – Intercessão toda poderosa, – Inefável
corredenção, – eis a tríplice aurora de que aparece revestida a
Mãe de Deus, na tarde de 27 de Novembro de 1830.”
RENOVEMOS A NOSSA CONSAGRAÇÃO À VIRGEM IMACULADA NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA
Ó
VIRGEM
MÃE DE DEUS,
MARIA
IMACULADA,
nós vos oferecemos e consagramos sob o título de NOSSA
SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA,
o nosso corpo, o nosso coração, a nossa alma, e todos nossos bens,
espirituais e temporais. Fazei que esta Medalha seja para cada um de
nós um sinal certo de Vosso afeto para conosco, e uma recordação
contínua dos nossos deveres para convosco. E ao trazer a vossa
Medalha, guie-nos sempre a vossa amável proteção e nos conserve na
graça de vosso Divino Filho.
Ó
poderosíssima Virgem, Mãe de Nosso Salvador, conservai-nos unidos a
Vós em todos os momentos de nossa vida. Alcançai a todos nós, os
vossos filhos, a graça de uma boa morte, a fim de que juntos
convosco possamos gozar um dia da celeste beatitude. Amém.
Repete-se
3(três) vezes a invocação: – Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
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A MEDALHA MILAGROSA
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1 Circulaire
du T. H. Père Fiat, 1895.
2 Bossuet,
Sermon pour la fête de la Concepction de Marie
3 Enc.
Ad diem illum, de 2 Fev.
1904.
Fonte: livro “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Pe. Jerônimo P. de Castro, CM, Editora Vozes, 1951, pp. 108-111. Texto revisto e atualizado, com alguns destaques nossos.
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