27 DE NOVEMBRO – FESTA DA VIRGEM IMACULADA DA MEDALHA MILAGROSA
27
DE NOVEMBRO DE 1830
A
SEGUNDA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM A SANTA CATARINA LABOURÉ
Já
se passavam mais de quatro meses daquela ditosa noite que a
Santíssima Virgem Imaculada havia se manifestado à Irmã Catrina
Labouré, e logo no início do colóquio tido com a Noviça, sua
vidente e confidente, lhe anunciara: «Minha
filha, Deus quer confiar-vos uma missão.»
Diante
de um anúncio desta natureza, Irmã Catarina passava os dias,
semanas e os meses que se seguiram à espera da missão a ser
revelada, e assim expressava sua expectativa:
“Eu
tinha a convicção de que ela voltaria”,
assim escreveria em 1841, e que A veria no esplendor de sua beleza1.
Bela,
de uma beleza que só ela possui, é assim que vai se revelar à sua
filha Aquela que a Igreja chama: Mãe admirável e “uma terra
bendita e sacerdotal, santa e isenta de mancha original”2.
- Narração
escrita pela própria Vidente, em 1841.
A
Irmã Catarina, por ordem do diretor espiritual, teve de escrever, em
1841, várias narrações sobre a aparição de 27 de Novembro de
1830. Eis a mais completa:
“Hoje
é dia da Assunção da Santíssima Virgem (15 de Agosto de 1841).
Oh! Rainha que vos assentais perto de Deus, ouvi favoravelmente as
minhas súplicas; é por vós e para maior glória vossa que vos peço
esclarecer o meu espírito e dar-me a força e a coragem necessárias
de tudo fazer por vosso amor. Perece que estou vivendo aquele
momento, para mim tão caro, – aquele sábado, véspera do primeiro
domingo do Advento.
Jesus,
Maria, José.
“O
dia 27 de Novembro de 1830 era o sábado antes do primeiro domingo do
Advento. As cinco e meia da tarde, depois da leitura da meditação,
pareceu-me ouvir um ruído do lado da tribuna3,
perto do quadro de S. José, como o fru-fru de um vestido de seda4.
“Tendo
eu olhado para esse lado, percebo a Santíssima Virgem na altura do
quadro: estava de pé, vestida de branco-aurora, feito à moda que
ordinariamente chamam à
la vierge,
de mangas compridas, com um véu branco, que lhe descia até a orla
do vestido; por baixo do véu percebi os seus cabelos, separados em
bandós, sob uma renda de três centímetros de largura, mais ou
menos, sem pregas, pousando ligeiramente sobre os cabelos. Tinha o
rosto bastante descoberto; os pés apoiavam-se sobre uma esfera, ou
antes, sobre a metade de uma esfera, pois só se via a metade5.
“Além
disto, ela segurava nas mãos uma bola, que penso representar o globo
terrestre, e levanta-a com ambas as mãos, sem nenhum esforço, até
a altura do peito. Tinha os olhos voltados para o céu … o seu
rosto era de tão pura beleza, que nem ouso tentar descrever.
A Virgem Imaculada com o globo nas mãos |
“De
repente, percebi anéis nos seus dedos, engastados de pedras
brilhantes, uma maiores e mais belas do que as outras, das quais
saiam raios que eram, também, uns mais belos do que os outros. Das
pedras maiores saiam raios mais intensos do que os das menores. Esses
raios iam-se alargando, à medida que desciam, a ponto de não me
deixarem mais ver os pés da Virgem.
“Enquanto
eu me embevecia em contemplá-la, a Santíssima Virgem abaixou os
olhos, fixando-os sobre mim. Ouvi uma voz que me disse: «Este
globo, que vedes, representa o mundo inteiro, particularmente a
França ...(Aqui
eu não sei exprimir o que senti, nem como eram belos e deslumbrantes
os raios, que via …) – Estes
raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas que mas
pedem.»
“A
Santa Virgem fez-me compreender quanto lhe são agradáveis as
orações dos que a invocam, e quanto é generosa em conceder o que
lhe pedem. – Nesse momento não sei onde eu estava, nem onde eu não
estava …
“Formou-se
um quadro em torno da Santíssima Virgem, de forma oval, no alto do
qual estavam escritas, com letras de ouro, estas palavras: «Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!»
“Ao
mesmo tempo, uma voz me disse: «Fazei
cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem
ao pescoço receberão muitas graças. As graças serão mais
abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança.»
“Poucos
instantes depois, pareceu-me que o quadro girou sobre si mesmo, e vi
o reverso da medalha. Fiquei inquieta por saber o que deveria colocar
no dito reverso. Um dia, durante a meditação, ouvi uma voz que
dizia: «O
M e os dois corações dizem o bastante.»”6
Detalhe dos raios que emanavam das mãos da Santíssima Virgem |
Como
é possível notar-se, o relato feito pela Irmã Catarina e
transcrito acima, embora seja o mais completo, ainda restam alguns
pormenores que foram sendo revelados em outras narrativas, nas quais
forneceu maiores detalhes, como: “A
Santíssima Virgem apresentava altura mediana, o vestido subia até o
pescoço, o véu cobria a cabeça e descia, de cada lado, até os
pés; sobre os cabelos trazia uma espécie de touca margeada de
pequena renda de, mais ou menos, dois dedos de largura; o rosto não
só estava bastante descoberto, mas inteiramente descoberto; havia
sob os pés um globo branco;os olhos ora estavam erguidos para o céu,
ora baixos.”
– A voz que falava à Vidente, fazia-se ouvir no fundo do coração.
E a Irmã Catarina termina sua declaração deste modo: “Tudo
desapareceu como alguma coisa que se esvai. Fiquei cheia, não sei,
não sei de que, de bons sentimentos, de alegria, de consolação.”
Interrogada
mais se não havia outro emblema sob os pés da Santíssima Virgem,
além da metade da esfera citada no texto, a Vidente respondeu:
“Havia
também uma serpente de cor esverdeada com manchas amarelas.”7
Sobre
a posição das mãos o manuscrito diz que estavam à altura do
peito, segurando o globo; mas, repetidas vezes, a Vidente declarou
que, quando o globo desapareceu, os braços da Virgem se estenderam e
as mãos se abriram, como na Medalha Milagrosa8.
Havia
três anéis em cada dedo das mãos: o mais grosso perto da mão, o
médio na segunda falange, e o menor na extremidade do dedo; e cada
anel estava enriquecido de pedras cintilantes, de grossura
proporcional9.
A Medalha Milagrosa |
A
jaculatória: “Ó
Maria concebida sem pecado”,
formava um semi-círculo, começando à altura da mão direita,
passando por cima da cabeça da Virgem, e terminando na altura da mão
esquerda.
Uma
pequena cruz de ouro, terminada por um pequeno traço na base, estava
por cima da letra M; e por baixo da letra viam-se os dois corações
de Jesus e de Maria, os quais a Vidente reconheceu bem, porque: um
estava cercado por uma coroa de espinhos e o outro trespassado pela
espada.10
As
doze estrelas, que sempre figuraram na Medalha Milagrosa, a Irmã
Catarina afirmou muitas vezes, oralmente, tê-las visto durante as
aparições. É, portanto, um fato moralmente certo.11
A
manifestação da Santíssima Virgem, tal qual descrevemos acima,
renovou-se muitas vezes, com o mesmo conjunto de circunstâncias, em
datas indeterminadas.
Síntese das Aparições de 1830 |
Portanto,
assim se deu a Segunda Aparição da Virgem Imaculada a Santa
Catarina Labouré no dia 27 de Novembro de 1830, talvez, a mais
importante das aparições, pois foi nesta que lhe foi revelada a
grande Missão que Deus lhe confiava: ser a Mensageira da Medalha
Milagrosa para o mundo.
Neste
dia que a Igreja celebra a Festa
da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa
ou, como também é conhecida, Nossa
Senhora das Graças,
queremos terminar esta postagem renovando a nossa consagração à
Santíssima Virgem, com a oração de consagração recitada nos dias
de sua Novena Perpétua.
Ó
Virgem Mãe de Deus, Maria Imaculada, nós vos oferecemos e
consagramos sob o título de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, o
nosso corpo, o nosso coração, a nossa alma, e todos nossos bens,
espirituais e temporais. Fazei que esta Medalha seja para cada um de
nós um sinal certo de Vosso afeto para conosco, e uma recordação
contínua dos nossos deveres para convosco. E ao trazer a vossa
Medalha, guie-nos sempre a vossa amável proteção, nos conserve na
graça de vosso Divino Filho. ó Poderosíssima Virgem, Mãe de Nosso
Salvador, conservai-nos unidos a Vós em todos os momentos de nossa
vida. Alcançai a todos nós, os vossos filhos a graça de uma boa
morte, a fim de que juntos convosco possamos gozar um dia da celeste
beatitude. Amém.
Reza-se
três Ave Marias …
3x:
“Ó
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”
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1 A
expressão francesa é belíssima e inimitável: “J'avais la
conviction que je l'a verrais belle dans son plus beau.”.
2 “Terra
es benedicta et sarcerdotalis, sancta et imunis culpae originalis.”
(Hino da Sexta, no peq. Ofício da Im. Conc.).
3 A
mesma tribuna do lado da epístola, perto do quadro de S. José. Na
primeira aparição foi desse lugar que a Santíssima Virgem desceu
e se assentou nos degraus do altar na cadeira do Padre Diretor.
4 O
dicionário ortográfico de língua bras., de H. Lima e G. Barroso
aceita este neologismo (na linguística, é a utilização de novas
palavras a partir de outras já existentes, num mesmo idioma ou não
- “aplicativo Dicio”).
5 Não
há tradução para esta expressão francesa: “à la vierge”.
Damos em grifo, como um título a esse feito de vestido.
6 Esta
é a segunda narrativa da Irmã Catarina, em 1841.
7 “La
Médaille miraculeuse”, p. 82.
8 Inquérito
canônico, p. 10.
9 “La
Médaille miraculeuse”, p. 75.
10 Deposição
do Padre Aladel, Inquérito, p. 2.
11 “La
Médaille miraculeuse”, p. 76.
FONTE: CASTRO, Padre Jerônimo Pedreira de. “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, 2ª edição/1951. pp. 87 a 95 – Título e destaques são nossos.
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