Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Cruz presente nas Aparições da Virgem Imaculada ...

A CRUZ PRESENTE NAS APARIÇÕES DA VIRGEM IMACULADA


No reverso da Medalha Milagrosa vemos a Cruz gravada sobre o travessão apoiado no M,
primeira letra do nome de Maria, e logo abaixo, os corações justapostos de Jesus e Maria.
Se atentarmos para os relatos das aparições da Virgem Imaculada a Santa Catarina Labouré, no ano de 1830, constataremos que, invariavelmente, em todas elas há referência à Cruz. Na primeira Aparição ocorrida na noite do dia 18 para o dia 19 de Julho, em meio às diversas revelações feitas à Vidente, a Santíssima Virgem adverte: «Minha filha, a cruz será desprezada … ». Nas Aparições subsequentes, segunda e terceira, embora não haja uma referência expressa à cruz, ao revelar o modelo da medalha a ser cunhada, a Cruz vem gravada no reverso da Medalha Milagrosa, acima dos corações justapostos de Jesus e Maria.
A primeira Aparição da Virgem Santíssima

Na terceira Aparição, em Dezembro de 1830, muito parecida à segunda do dia 27 de Novembro, a Virgem Santíssima aparece logo atrás do Sacrário, local onde repousam as Hóstias consagradas, que representam o corpo, sangue, alma e divindade do Salvador, Cristo por inteiro (vide CIC-Catecismo da Igreja Católica, § 1377). A “cruz” gravada é, por assim dizer, completada pelo “travessão” sobre o qual está, significando a mesa da Eucaristia, onde se renova, a cada Santa Missa, o Sacrifício do Senhor.

Essa presença marcante da Cruz nas Aparições aliada a toda simbologia da Medalha Milagrosa, como os corações justapostos de Jesus e Maria, que fazem indubitável referência à corredenção de Nossa Senhora, trazem-nos uma mensagem muito clara: SOMOS CRISTÃOS, e como tal, estamos sob o signo da Cruz, símbolo e sinal de nossa Redenção, motivo mais que suficiente para nos alegrarmos ao trazermos no corpo, e sobretudo no coração, esse “distintivo”, por exemplo, quando utilizamos a Medalha Milagrosa pendurada ao pescoço, ou tão somente a um cruz pendurada no cordão.

Sem dúvida Nossa Senhora se referia à terrível crise política e social que a França iria se ver submersa quando falou do “desprezo da Cruz”, mas, penso, existir também um cunho profético nesta advertência da Mãe de Deus, pois, passados quase duzentos anos de suas aparições, hoje vemos de uma forma muito explícita certa intolerância, para não dizer repúdio, a esse distintivo do cristão. Há leis, decretos e outras normas que proíbem a presença deste símbolo em ambientes públicos, e os argumentos são os mais diversos: nosso país é laico, não possui religião oficial; deve-se respeitar as crenças religiosas de todos, cristãos e não cristãos, logo, não se pode “impor” aos que não professam a mesma fé símbolos próprios de certa religião; a presença da cruz no ambiente evoca dor e sofrimento, mas Cristo venceu a morte e ressuscitou, por isso não se deve prestar culto à cruz (argumento próprio de algumas denominações protestantes, e que, às vezes, optam em utilizar a figura de um “peixe”, um dos primeiros símbolos do cristianismo, ainda na época da perseguição aos cristãos); a cruz, por representar Cristo sofredor, atrai sofrimentos, dificuldades, provações … (argumentos típicos de alguns místicos e supersticiosos), e assim por diante vai se criando e espalhando argumentos para excluir da vida e ambientes o mais autêntico símbolo cristão: a Cruz.
Cruz com o Cristo crucificado.
Foto: Arautos do Evangelho

Contra todos esses e outros argumentos contrários à presença desse símbolo genuinamente cristão, devemos responder como o Apóstolo dos gentios: «nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos … Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.» (1Cor 1:23.25).

Desde os tempos mais remotos do cristianismo, a Cruz é tida como sinal dos cristãos, também símbolo de vitória e arma poderosa contra toda espécie de mal. Célebre é o relato da ação salvífica e vitoriosa da Cruz na vida do imperador Constantino:

Por ocasião da batalha da Ponte Milvia, no ano 312, o exército de Constantino viu uma cruz luminosa brilhar nos céus, circundada pelos dizeres. Com este sinal vencerásIn hoc signo vinces. Ali estava, sem dúvida nenhuma, diante do jovem general, o sinal dos cristãos.

À noite, segundo a tradição, Jesus apareceu em sonhos a Constantino, pedindo que adotasse a cruz como símbolo de seu exército. Na manhã seguinte, o jovem general mandou gravar a cruz de Cristo nos estandartes de seus soldados e alcançou a vitória sobre os seus inimigos. Um ano mais tarde, o Imperador promulgou o Edito de Milão, que deu liberdade para a Igreja Católica.
Foto: Rumo à Santidade

À medida que o Império Romano foi se convertendo ao cristianismo, dentre as ruínas do paganismo, surgia um mundo novo, banhado pela luz do Evangelho.”1

S. Eusébio de Cesaréia († 339), faz expressa alusão a ação vitoriosa da Cruz na vida do imperador: (...) Constantino cantou estas e outras palavras semelhantes e afins, através de suas ações, a Deus, chefe supremo e autor da vitória, ao entrar com hinos de triunfo em Roma. Todos em conjunto, os membros do Senado, os dignitários, o povo romano, bem como suas criancinhas e mulheres, o recebiam com a alegria nos olhos, cordialmente, qual libertador, salvador, benfeitor, entre exuberantes aclamações de júbilo. Mas ele, que possuía como coisa natural a piedade para com Deus, sem se deixar absolutamente comover pelos clamores, nem exaltar pelos louvores, estava bem cônscio do socorro vindo de Deus. Logo ordenou que se colocasse o troféu da paixão salutar na mão da sua estátua. Sustentando na mão direita o sinal salvífico da cruz, ergueu-a no lugar mais freqüentado pelos romanos. Mandou gravar em latim uma inscrição nesses termos: 'Por intermédio deste sinal salutar, verdadeira prova de denodo, livrei e salvei vossa cidade do jugo do tirano; e ainda restabeleci o Senado e o povo romano em sua antiga dignidade e esplendor, após a libertação'. (...) 2

O sinal da Cruz também nos livra do mal, e assim nos exorta a sempre fazê-lo São Cirilo de Jerusalém († 386): Não vamos ter vergonha de confessar o Crucificado. Seja a Cruz nosso selo feito com ousadia por nossos dedos na nossa testa, e em tudo; sobre o pão que comemos, os copos que bebemos; em nossas idas e vindas; antes de nosso sono, quando nos deitar e quando nos levantar; quando estamos no caminho, e quando ainda estamos. Grande é essa conservante; é sem preço, para o bem dos pobres; sem trabalho, para os doentes; uma vez que também a sua graça é de Deus. É o sinal dos fiéis, e o medo de demônios[...]3
A visão da Cruz luminosa pelo imperador Constantino  na
Batalha da Ponte Milvian em 312. Afresco de Rafael, pin-
tado entre 1520-1524.

O desprezo da Cruz é, portanto, a negação da nossa condição de cristão, do Batismo que recebemos, é uma recusa à sua ação salvífica e vitoriosa, e o mais grave, equivale à negação de Cristo, e nos remete àquelas passagens dos Evangelhos: «Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.» (Mt 10:38), ou, ainda, «Porque, se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os seus santos anjos.» (Mc 8:38).

Ao fazer expressa referência à Cruz e gravá-la em sua Medalha, Nossa Senhora quer nos lembrar que somos cristãos e estamos todos sob o signo da Cruz, pela qual alcançaremos a vitória e a paz que tanto almejamos no início de cada novo ano.

Na postagem seguinte, relataremos um fato extraordinário acerca da Cruz, relatado por Santa Catarina e que impressionou muito o Tribunal Canônico.

Por Maria a Jesus!

Sou Todo Teu, Maria.




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3 cf. Idem, Leituras Catequéticas XIII, capítulo 36.