A VIRGEM PODEROSA: REPRESENTAÇÃO DA “ONIPOTÊNCIA SUPLICANTE” DA MÃE DE DEUS
1ª Fase da Aparição do dia 27 de Novembro de 1830, a Virgem aparace trazendo nas mãos um globo dourado com uma cruz por cima, e dos anéis de seus dedos desciam os raios. (Foto da AMM) |
Nos relatos da 2ª e 3ª Aparições da Virgem Imaculada a Santa
Catarina Labouré, ocorridas, respectivamente, em 27 de Novembro e no
final de Dezembro de 1830 (sem que a Vidente tenha se lembrado do dia
exato), Nossa Senhora se manifesta em pé sobre meia esfera e, à
altura da cintura, traz em suas mãos uma outra esfera dourada com
uma cruz em cima. Inicialmente se apresenta com os olhos elevados
para o Céu, posteriormente baixando-os
e fitando a Irmã Catarina, faz ouvir essas palavras: «A
esfera que vedes representa o mundo inteiro, particularmente a França
… e cada pessoa em particular ...».
Acerca desses gestos e dos raios que irradiavam dos anéis existentes nas mãos da Virgem Imaculada, a Santa acrescenta em seu relato da 2ª Aparição: “Aqui não sei exprimir o que senti e o que vi; a beleza e o fulgor; os raios tão belos … fazendo-me compreender quanto era agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela era generosa para com as pessoas que rezam a Ela, quantas graças concedia às pessoas que rezam a Ela, que alegria Ela sente concedendo-as ...”.
Essas
descrições das duas Aparições de Nossa Senhora nos remetem a um
de seus poderes: a “onipotência
suplicante”. Para melhor demostrarmos
esta comparação, transcrevemos um artigo do professor Felipe
Aquino*,
acerca do tema:
Imagem da Virgo Potens (Virgem Poderosa) exposta no altar lateral esquerdo da capela da rue du Bac, 140, Paris |
“A
nossa Consagração a Nossa Senhora começou no Calvário; foi Jesus
mesmo quem nos deu essa graça, quando nos entregou a Sua Mãe para
ser a nossa Mãe. Quando Jesus se dirige à Sua Mãe e lhe chama de
'mulher', em vez de chamá-la de mãe, em Cana da Galileia (Jo 2) e
aos pés da Cruz (Jo 19,25-27), é para nos indicar qual é a
'Mulher' a que Deus se referiu no Gênesis. Esta 'Mulher' é Sua Mãe.
Na cruz, momentos antes de morrer, Jesus nos deu Sua Mãe: 'Mulher,
eis aí teu filho'
(Jo 19, 26). Precisamos dela para a nossa salvação dizem os Santos.
O
milagre das bodas de Caná mostra com toda clareza que tudo que a
Virgem Maria pedir a Jesus, ele entenderá; e Ela sabe pedir aquilo
que está de acordo com a vontade de Deus e o nosso bem. A História
da Igreja mostra como Maria atua na vida dos filhos de Jesus e da
Igreja. Todos os santuários marianos são repletos de testemunhos de
milagres alcançados pela devoção a Maria. Desde o século II
nossos irmãos mártires do Império Romano, em Alexandria, norte do
Egito, já rezavam aquela famosa oração: 'Debaixo
da Vossa proteção nos refugiamos Santa Mãe de Deus, não
desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos
sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e Bendita.'
Maria
é a Medianeira de todas as graças de Deus, por ser Mãe de Deus;
por meio dela Deus uniu o Céu e a Terra. Isto afirmam os Santos
Padres e os Santo doutores. São
Bernardo, falecido em 1153, é autor da
célebre sentença: 'Deus quis que recebamos tudo por Maria'. S. Luiz
de Montfort, no seu 'Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem
Santíssima', resume tudo dizendo:
Maria Santíssima aos pés da Cruz (Jo 19,25) |
'Deus Pai ajuntou todas as águas e denominou-as mar; reuniu todas as graças e denominou-as Maria… Deus Filho comunicou a Sua Mãe tudo que adquiriu por Sua vida e morte: Seus méritos infinitos e Suas virtudes admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo que Seu Pai Lhe deu em herança; e é por ela que Ele aplica Seus méritos aos membros do corpo Místico, que comunica suas virtudes, e distribui Suas graças é ela o canal misterioso, o aqueduto por que passam abundante e docemente Suas misericórdias. Deus Espírito Santo comunicou a Maria, Sua fiel Esposa, Seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que Ele possui. Deste modo ela distribui Seus dons e Suas graças a quem quer, quanto quer, como quer e quando quer, e dom nenhum pé concedido aos homens que não passe por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria, e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo aquela que em toda a vida quis ser pobre, humilde, e escondida até o nada' (Tratado da Verdadeira Devoção a Virgem Santíssima,Tvd, n. 23-25).
SÃO
BERNARDINO DE SENA disse que: 'Todos
os dons virtudes e graças do Espírito Santo são distribuídos
pelas mãos de Maria, a quem ela quer, quando quer, como quer, e
quanto quer' (Tvd, p.
137).
Vejamos
o que os Santos doutores disseram sobre isso, em todos os tempos,
como se pode ver:
SANTO
EFRÉM († 373), doutor: 'Minha
Santíssima Senhora, Santa Mãe de Deus, cheia de graças e favores
divinos, Distribuidora de todos os bens! Vós sois, depois da
Santíssima Trindade, a Soberana de todos; depois do Medianeiro, a
Medianeira do Universo, Ponte do mundo inteiro para o céu.'
(Vamos todos a Maria Medianeira, VtMM, p. 97).
Milagre das bodas de Caná (Jo 2) |
SANTO
AGOSTINHO (354-430), doutor, afirma que as orações de Maria
junto a Deus têm mais poder junto da Majestade divina que as preces
e intercessão de todos os anjos e santos do céu e da terra (Tvd, n.
27). Maria Santíssima é de fato a Medianeira de Todas as Graças
como inúmeras vezes afirmou o Papa Pio XI: 'É
a Rainha de todas as graças, a Medianeira de Todas as Graças'
(VtMM, p. 68). Santo Agostinho põe nos lábios de Nossa Senhora
estas palavras: 'Deus me
constituiu porta do Céu, um lugar de passagem para o Filho do
Altíssimo' (MM, p. 73).
Por isso a Ladainha a chama de 'Porta
do Céu'.
SÃO
JOÃO CRISÓSTOMO (349-407), doutor de Constantinopla, disse que:
'Maria foi feita Mãe de
Deus também para que, por sua poderosa intercessão e doce
misericórdia, se salvem os infelizes que por sua vida má não se
poderiam salvar segundo a justiça divina'.
SÃO
JOÃO DAMASCENO (650-749) dizia: 'Ser
vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que
Deus dá àqueles que quer salvar'
(Tvd n. 40 e 41).
Santa Maria Medianeira de Todas as Graças |
SÃO
BERNARDO (1090-1153), doutor, assim diz: “Tal
é a vontade de Deus que quis que tenhamos tudo por Maria. Se,
portanto, temos alguma esperança, alguma graça, algum dom salutar,
saibamos que isto nos vem por suas mãos'.
“Eras indigno de
receber as graças divinas: por isso foram dadas a Maria a fim de que
por ela recebesses tudo o que terias'
(idem).
SÃO
BOAVENTURA (1218-1274), bispo e doutor
da Igreja: 'Deus
depositou a plenitude de todo o bem em Maria, para que nisto
conhecêssemos que tudo que temos de esperança, graça e salvação,
dela deriva até nós'
(idem, p. 101). 'Só
Maria achou graça diante de Deus (Lc 1,30), sem auxílio de qualquer
outra criatura E todos, depois dela, que acharam graça diante de
Deus acharam-na por intermédio dela, e é só por ela que acharão
graça os que ainda virão'
(Tvd, n. 44). Maria é a Mãe de misericórdia; isto é, resgata os
pecadores e os leva de volta a Deus. Como diz a Ladainha, ela é o
'refúgio
dos pecadores'
e a 'consoladora
dos aflitos'.
“Tal
como a lua paira entre a terra e o céu, coloca-se Maria
continuamente entre Deus e os pecadores para Lhe aplacar a ira contra
eles e iluminá-los para que voltem a Deus'
(GM, p. 146).
SANTO
ALBERTO MAGNO (1206-1280), doutor: “É
anunciada à Santíssima Virgem tal plenitude de graça, que se
tornou por isso a fonte e o canal de transmissão de toda a graça a
todo o gênero humano'
(ibidem).
O
Senhor revelou a SANTA CATARINA DE SENA (1347-1380), doutora,
que sua intenção, ao criar Maria, era conquistar por sua doçura os
corações dos homens, sobretudo dos pecadores, e atraí-los a si
(GM, p. 147).
SÃO
PEDRO CANÍSIO (1521-1597), doutor da Igreja: 'O
Filho atenderá Sua Mãe e o eterno Pai ouvirá Seu próprio Filho:
eis o fundamento de toda nossa esperança'
(ibidem).
Madonna de Santo Afonso (pintura atribuída ao Santo) |
SÃO
ROBERTO BELARMINO (1542-1621), bispo e doutor da Igreja: 'Todos
os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça,
descem para o corpo, passam por Maria que é como o colo desse corpo
místico' (ibidem, p.
102).
SANTO
AFONSO DE LIGÓRIO (1696-1787), doutor da Igreja, afirma: 'Deus
quer que pelas mãos de Maria nos cheguem todas as graças… A
ninguém isso pareça contrário à sã teologia. Pois Santo
Agostinho, autor dessa proposição, estabelece que Maria tem
cooperado por sua caridade para o nascimento espiritual de todos os
membros da Igreja'
(Glórias de Maria, p. 15). E Santo Afonso pergunta: 'É
lícito a um pecador desesperar de sua salvação quando a própria
Mãe do Juiz se lhe ofereceu por Mãe e advogada?'
(idem). Agradece, portanto ao Senhor que te deu uma tão grande
medianeira, nos exorta S. Bernardo.
Esta
mesma doutrina foi confirmada pelo Papa Pio XI na Encíclica sobre o
Santo Rosário, de 29 de setembro de 1937: 'Convidamos
a todos os fiéis para conosco agradecerem a Deus por termos
recuperado a saúde. Como em outra parte já havemos dito, atribuímos
essa graça à intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus, mas
sabemos também que tudo quanto nos vem de Deus, o recebemos das mãos
de Maria Santíssima'
(idem, p. 70).
LEÃO
XIII, na mesma Encíclica “Octobri
mense”, de 22 de setembro de 1891, faz suas as palavras de São
Bernardo: 'Toda
a graça concedida ao mundo segue esta tríplice gradação: de Deus
a Jesus Cristo, de Jesus Cristo à Santíssima Virgem, da Santíssima
Virgem aos homens: tal é a ordem maravilhosa de sua disposição'
(ibidem, p. 74).
Nossa Senhora das Graças |
A
Virgem Maria, como Mãe da Igreja, sempre a protegeu contra os
ataques do inferno, das heresias e das guerras. Foi assim, por
exemplo, em 1571, em Lepanto, na Grécia, quando os turcos otomanos
muçulmanos se preparavam para destruir o cristianismo na Europa. No
dia da vitória (07/10/1571) das forças cristãs, que levavam também
o Rosário como arma, o Papa S. Pio V estabeleceu o Dia de Nossa
Senhora do Santo Rosário.
Por
tudo isso, o povo de Deus aprendeu: 'Pede à Mãe que o Filho
atende!'. 'Tudo por Jesus, mas nada sem Maria!'.”
Por Maria a Jesus!
Sou todo teu, Maria.
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FONTES CONSULTADAS:
1.
SANTOS,
Armando Alexandre dos. “A
Verdadeira História da Medalha Milagrosa”,
Editora Artpress, 2ª Edição/2017.
______________
*Alguns
destaques foram acrescentados por nós, assim como o título é
nosso.
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