OS CORAÇÕES JUSTAPOSTOS NA MEDALHA MILAGROSA SIMBOLIZAM A CORREDENÇÃO E A MEDIAÇÃO DE MARIA – PARTE II
(Continuação
da postagem anterior)
Nossa Senhora das Graças |
2.
MARIA, A DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS
Se
Maria participou na aquisição das graças da Redenção, é óbvio
que participe outrossim na dispensação das mesmas. Basta lembrar
que a primeira graça espiritual no Novo Testamento — a
santificação do Batista no seio materno — foi dada por meio de
Maria, como verifica Elisabete (Isabel) no S. Evangelho (cf. Lc
1,41-45); da mesma forma, a primeira graça de índole material — a
conversão da água em vinho — foi concedida por Jesus mediante à
prece de Maria (cf. Jo 2,1-11). Estes dois episódios podem ser tidos
como indícios de uma lei geral da Providência Divina.
A
tradição cristã desde cedo exprimiu a sua fé na ação medianeira
de Nossa Senhora, como atesta um papiro grego (cm 19 x 9,4) do séc.
III, encontrado há decênios no Egito, em que já se lê o texto da
famosa oração: “À
vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as
nossas súplicas..., mas livrai-nos de todos os perigos...”
(Sub
tuum praesidium...);
é esta a mais antiga prece à Virgem que se conhece. Os antigos
escritores da Igreja ilustravam a doutrina da Medianeira recorrendo a
metáforas: Maria seria a «Porta do céu, o Aqueduto, a Mãe da
Vida, a Estrela do mar, etc.».
Contudo,
se se pergunta qual o modo exato como a Virgem dispensa todas as
graças, os teólogos se veem diante de hesitações, que alguns
chegam a julgar insolúveis para nós aqui na terra.
Sagrados Corações de Jesus e Maria |
Em
meio às dúvidas, há ao menos o seguinte ponto unanimemente
reconhecido: Maria dispensa todas as graças por sua intercessão.
Não há dúvida. Deus quer salvar as criaturas mediante as preces de
umas pelas outras (por isto os cristãos se acham unidos na Comunhão
dos santos, que é comunhão de méritos). Ora Maria conhece os
homens em Deus e os ama com solicitude especial ou materna; se já
aqui na terra a caridade leva os santos a orar pelo próximo, Maria
no céu não pode deixar de interceder qual Mãe por seus filhos.
A
questão debatida, porém, é a de saber se a Virgem não toma parte
mais íntima ainda na dispensação das graças, ou se, além da
intervenção meramente moral de Intercessora, não lhe compete uma
intervenção que se diria física, à semelhança do que se dá com
a santíssima humanidade de Cristo e os sacramentos.
A
solução talvez se encontre na seguinte sentença.
A Virgo Potens rezando pelo mundo |
Sabe-se
que certamente pela Igreja Deus comunica aos homens as suas graças;
é pela Igreja que renascemos e somos continuamente nutridos na vida
sobrenatural. A Igreja é assim Medianeira de todas as graças. E
note-se que este papel medianeiro da Igreja não se restringe
unicamente ao ministério dos sacerdotes; todos os fiéis, cada qual
na posição que ocupa no Corpo Místico, participam da função
transmissora da graça que a Igreja exerce. Santo Agostinho dizia
que, todas as vezes que uma criancinha é batizada, todos os cristãos
participam da atividade generativa da nova vida ou exercem a
Maternidade da Santa Madre Igreja (De
diversis quaestionibus
83, qu. 59 ; In ps 127,12).
Faça-se
agora a aplicação desta verdade a Maria: a Santíssima Virgem ocupa
na Igreja uma posição eminente e sem par. Se, pois, cada um dos
membros do Corpo Místico participa na mediação da Igreja, não
apenas por suas preces e seus exemplos, mas pela sua posição e o
seu ser mesmos sobrenaturais, com mais razão se afirmará que a
Virgem Santíssima é Medianeira num sentido físico, e Medianeira
num grau de todo próprio, correspondente aos seus estupendos
privilégios e à sua santidade.
É
o que por ora se poderia dizer em termos breves e sólidos sobre o
assunto.
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FONTE:
artigo de Dom Estêvão Bettencourt, OSB, respondendo a duas
perguntas formuladas por Terceiro Franciscano e um Catecúmeno,
“Revista Pergunte e Responderemos 004 – Abril1958”, capturado
em http://www.pr.gonet.biz/kb_frame.php
– O título e os destaques são nossos, bem como revisamos e atualizamos o texto.