SÃO JOSÉ, O CASTÍSSIMO ESPOSO DA VIRGEM IMACULADA
São José, Patriarca da Santa Igreja. Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Roma. |
“Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do patriarca Jacó, superintendente de toda a terra do Egito para guardar o trigo para o povo, assim, chegando a plenitude dos tempos, estando para enviar à terra o seu Filho Unigênito Salvador do mundo, escolheu um outro José, do qual o primeiro era figura, o fez Senhor e Príncipe de sua casa e propriedade e o elegeu guarda dos seus tesouros mais preciosos.
De fato, ele teve como sua esposa a Imaculada Virgem Maria, da qual nasceu pelo Espírito Santo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que perante os homens dignou-se ter sido considerado filho de José, e lhe foi submisso. E Aquele que tantos reis e profetas desejaram ver, José não só viu, mas com Ele conviveu e com paterno afeto abraçou e beijou; e além disso, nutriu cuidadosamente Aquele que o povo fiel comeria como pão descido dos céus para conseguir a vida eterna. Por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de Deus, sua esposa, implorando a sua intercessão em momentos difíceis.”
São José |
Com
essas palavras Sua Santidade, o então Papa Pio IX, por meio do
Decreto QUEMADMODUM DEUS, de 08 de dezembro de 1870, dia da
festa da Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus e Esposa do
castíssimo José, proclamou-o Patrono da Igreja Católica,
estabelecendo o dia 19 de março para celebração de sua festividade
(hoje).
- O mais santo, o mais ilustre e o mais perfeito homem que já vira o mundo, a criatura mais perfeita saída das mãos de Deus, depois de Maria.Quem foi São Jose?O mundo o conhece e a historia regista seus feitos heroicos? Não. O Evangelho, até mesmo o Evangelho, é parco em notícias, e fala pouco de São José.E, no entanto, o mundo não vira maior nem mais perfeita criatura.Acima dele só Jesus e Maria. Abaixo, todos os homens, ainda os maiores Patriarcas e profetas da Antiga Lei, os maiores santos da Nova Lei.Criatura singular e privilegiada!O Pai adotivo de Jesus Cristo, nosso Deus, e Esposo castíssimo de Maria, Mãe de Deus!Não se pode acrescentar nada mais a isto.O Santo Patriarca fora predestinado por Deus, estava no plano divino da Encarnação. Jesus havia de nascer de uma Virgem, Maria Imaculada, e esta Virgem Puríssima seria esposa do castíssimo e santíssimo José.Ad virginem desponsatam viro ciu nomen erat Joseph.O anjo Gabriel, diz São Lucas — (cap. I, 20) — fora enviado a uma virgem desposada com um varão que se chamava, José.Estas simples palavras do Evangelho definem São José, sua missão na terra e os singulares e sublimes privilégios que o adornaram.O Anjo anuncia à Virgem o mistério adorável da Encarnação, e ligado a este mistério, o nome de São Jose.Era o esposo virginal da Mãe do Verbo. Seria o Pai adotivo, o guarda, o sustentáculo do Salvador do mundo.Seria chamado Pai do Pai de todas as criaturas.Amparo de quem ampara o Universo. Senhor e Governador do Senhor dos senhores, do Rei dos reis.Este é São José.O Evangelho o chama e define também: — O Justo.Joseph cum esset justas … José como era justo …Eis ai, pois, quem é São José:Esposo de Maria.Pai adotivo de Jesus.O maior dos Santos.O Justo.
Dos
privilégios, e missões, antes citados: o esposo, o pai, o maior dos
Santos e o Justo, este último como o define o Evangelho (Mt 1,19),
nos deteremos, nesta postagem, ao castíssimo Esposo de Maria.
Para
melhor definirmos o castíssimo Esposo
de Maria Imaculada, sua predestinação e missão, optei por
transcrever os ensinamentos do Prof. Jean Galot, que, de forma
sucinta, apresenta-nos São José como modelo de verdadeira relação
de intimidade com sua imaculada Esposa:
Os santos esponsais de Maria Santíssima e São José. |
“«Recebendo-a
em sua casa»,
José introduziu Maria na
intimidade da sua vida. Mas é muito mais verdade dizer que era ele a
entrar na intimidade de Maria, como se entra no próprio ambiente, na
própria esfera de penetração em contato com uma alma mais bela e
mais rica. Neste sentido espiritual era Maria que recebia José em
sua casa.
Toda
a intimidade tem qualquer coisa de inexprimível; é impossível
descrever a intimidade de José e Maria. Foi, ao mesmo tempo, simples
e rica, límpida e profunda, na união das duas almas.
Esta
intimidade não consistiu só na participação das alegrias, das
penas e das atividades da vida quotidiana. Foi sobretudo uma comunhão
da vida da graça.
No
encontro com Maria, José
ficara particularmente
impressionado com esta
graça sobrenatural. Notara
o encontro
superior brotado desta alma
virginal e
a sedução que
Maria exercia sobre ele
provinha duma beleza que era
também santidade. Por
isso, este encontro
não era uma
impressão superficial
que se
desvanece ao
contato
banal da realidade quotidiana,
nem a efêmera
atração que se
dissipa com
o fim da
beleza corporal. O encanto
de Maria persistiu e José
sentiu-se cada vez mais compenetrado
dele. A
graça divina
de que Maria está cheia
impregnava os seus gestos e
palavras, iluminava os
traços do
seu rosto duma beleza
plácida e
luminosa.
Cada
dia José era
novamente
seduzido, mais ainda do que no
seu primeiro
encontro; e, como
antes, era
Deus, por
meio de
Maria, que o atraía para si cada vez
mais.
Este
encanto sobrenatural da companhia de Maria foi de grande apoio para
José. A Virgem tornava amável a virtude e fácil de cumprir o
próprio dever. Não era daquelas criaturas que admiramos pela sua
virtude e austeridade, mas cuja frieza nos desanima um pouco e correm
o risco de nos tomar desagradável o dever. Ela praticava o bem com
facilidade e desempenhava todas as suas obrigações com tal amor que
mais fazia ressaltar o seu aspecto agradável. A plenitude de graça
que a cumulava era revelada pelo sorriso com que praticava as suas
ações que, secretamente, lhe eram mais difíceis; o seu amor, para
ser perfeito, devia ser sorridente. José sentia-se por isso muitas
vezes animado.
São José com o Menino Jesus (artista Guido Reni, 1635, aproximadamente) |
Reciprocamente,
ele ofereceu a Maria o seu amparo; as suas qualidades de perseverante
fidelidade, de coragem calma e firme, de lealdade absoluta e de
dedicação sem reserva foram para Nossa Senhora um grande auxílio,
contribuíram para confirmar cada vez mais a sua missão e o seu
fervor.
E
se José não foi desiludido por aquela que tinha escolhido para
esposa, também Maria não o foi por aquele que a Providência lhe
deu como esposo. José soube cumprir todas as promessas, todos os
compromissos do seu casamento. Ao conhecê-lo mais familiarmente numa
vida lado a lado, Maria amou-o cada vez mais. Era verdadeiramente o
esposo modelo.
E
não o foi só
porque deu à
sua união
tudo o que se espera
dum esposo,
mas porque
entrou em plena
comunhão
de ideias com
Maria relativamente
à obra que
deviam realizar. Tratava-se
de preparar
o Messias
que devia salvar
o mundo.
Maria,
desde
o
dia
da Anunciação, só
vivia para esse
fim: José,
partilhando de todo o
seu coração
esta preocupação,
fazia sua a razão da vida de Maria e elevava ao nível mais alto a
sua comunhão
de almas. O amor
do lar
tornava-se universal,
visto que o
lar existia
para dar
aos homens
um salvador.
Deste
modo, a intimidade de José e Maria nada tinha de união fechada
sobre si mesma. A sua felicidade não queria esconder-se num refúgio
fechado, como um parêntese no destino do mundo, descuidando todo o
interesse universal para gozar uma vida serena. Na vontade de José
como na da esposa, esta felicidade concentrava-se sobre a presença
do Salvador universal, desejando comunicar-se, por meio desta
presença, a toda a humanidade.
"Sagrada Família", Basílica de Maria Auxi- liadora, Turim-Itália |
A
imensidade de tal objetivo devia conferir a esta intimidade um
incessante impulso. Ao considerar a obra grandiosa em preparação,
José devia encontrar encantadora a sua vida de companheiro da mãe
do Messias.
Sob
muitos aspectos, a intimidade de José e Maria foi única e
inimitável. Era uma intimidade, ao mesmo tempo, conjugal e virginal,
destinada a oferecer um ambiente de amor necessário ao
desenvolvimento do menino que havia de salvar o mundo.
Por
outro lado, em virtude de certas características, esta intimidade
constitui o modelo dos laços de afeto que devem unir os cristãos a
Maria. É muito significativo que o fato pelo qual José entrou na
intimidade de Maria seja mencionado pela segunda vez pelo Evangelho
em circunstâncias diferentes que não se referem a José, mas sim a
um discípulo de Jesus.
Para
cumprir o que o Anjo lhe
mandou, José
recebeu Maria
em sua
casa. Quando o
discípulo amado ouviu, ao
pé da
Cruz a
comovente declaração do
Mestre moribundo: «Eis
a tua mãe»,
procedeu da
mesma maneira:
«E
a partir daquele
momento
–
conta o Evangelista
–
recebeu-a
o
discípulo
em
sua casa»
(João,
XIX,
27).
O
discípulo amado representa nesta cena todo o discípulo de Cristo,
enquanto objeto do seu amor e recebendo em sua casa Maria como Mãe,
pertence a todo o cristão, em certo sentido, repetir o gesto do
Apóstolo João. Cada um deve receber Maria em sua casa, isto é,
recebê-la no próprio coração, viver em sua companhia e
dedicar-lhe o amor que convém a uma mãe.
A santa morte de São José, nos braços de Jesus. |
Deste
modo compreendemos como a intimidade do lar de Nazaré foi o
princípio e o modelo da intimidade dos cristãos com a Virgem. E
José está em ótima posição para animar esta intimidade. Se a
palavra de Jesus ao Discípulo amado constitui a base da devoção
que todos os discípulos devem ter a Maria, reconhece-se logo a
missão que José é chamado a desempenhar no progresso desta
devoção.
Antes
da ordem do Senhor, ele realizou aquela perfeita intimidade de amor
com Maria que constitui um aspecto da vida cristã. Ele ajuda, pois,
os cristãos a receberem Maria em si, a dar-lhe um lugar privilegiado
nos seus pensamentos e sentimentos, a viver em sua companhia
prestando-lhe a homenagem da sua veneração e demonstrando-lhe um
confiado abandono. Ajuda-os a deixarem-se conquistar pela Virgem,
pelo esplendor da plenitude da sua graça, pelo encanto da sua
sorridente presença, pela atmosfera de pureza que a circunda.
Como
a sua comunhão de vida com Maria foi uma comunhão ideal, ele ajuda
sobretudo os cristãos a compartilhar do ideal da Virgem, a colaborar
voluntariamente com ela na grande obra da salvação da humanidade.
Incita-os a desejar o que foi objeto de todo o desejo e cuidado de
Maria: uma maior presença do Salvador no mundo.
José
orienta assim a devoção a Maria na sua perspectiva fundamental: a
de um maior amor a Cristo. Faz-lhe abraçar
a visão duma humanidade a salvar.
O amor filial que os
cristãos dedicam a Nossa Senhora torna-se deste modo mais que
uma simples intimidade de filho com sua mãe; torna-se cooperação
com ela na grandiosa empresa da libertação e santificação das
almas.
Receber
Maria em sua casa, significa participar
da universalidade
da sua esperança
e do seu amor.”2
São José na Glória Eterna |
Assim,
que o glorioso São José, castíssimo Esposo da Virgem Imaculada e
Patrono da Igreja, seja nosso mais fiel modelo de verdadeiro amor e
união filial à Santíssima Virgem.
Oração:
Ó
Deus, que em vossa inefável providência vos dignastes escolher o
Bem-aventurado José para esposo de vossa Mãe Santíssima, vô-lo
pedimos que venerando-o na terra como protetor, mereçamos tê-lo no
céu como intercessor.3
Por
Maria a Jesus!
Sou
todo teu, Maria.
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_________________________________
1 BRANDÃO,
Mons. Ascânio. “São José”, opúsculo em pdf das
Escolas Profissionais Salesianas, Niterói/1943.
2 GALOT,
Jean. “São José”, tradução de Manuel Alves da Silva,
S.J., Edições Paulistas, 1965, Cap. VII, O Esposo da Virgem, pp 42
a 47 – Texto revisto e atualizado.
3 cf.
Carta
Apostólica Inclytum
Patriarchamde
do Papa Pio IX sobre São José, concedendo as prerrogativas
litúrgicas dos Patriarcas às festas de S. José, capturada em
http://www.amoranossasenhora.com.br/carta-apostolica-inclytum-patriarchamde-do-papa-pio-ix-sobre-sao-jose/.
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