Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 6 de agosto de 2018


MADRE TERESA (DE CALCUTÁ) E A MEDALHA MILAGROSA

Rainha concebida sem pecado original, rogai por nós que recorremos a
Vós!
Madre Teresa de Calcutá1, reconhecida no mundo inteiro por sua missão de caridade iniciada em 1948, utilizava um simples instrumento” como símbolo desta caridade: a “Medalha Milagrosa”. Era muito comum ver Madre Teresa tomar um punhado dessas medalhas, beijá-las e entregá-las aos pobres. À porta de seus conventos se formavam longas filas quando se anunciava que Madre Teresa havia chegado à cidade. Um a um, Madre Teresa dava as boas-vindas, aos jovens e anciãos, aos enfermos e necessitados, aos leigos e aos clérigos, às pessoas importantes e as que não ocupavam posições importantes. Raramente alguém ia embora sem que Madre Teresa depositasse uma Medalha Milagrosa em suas mãos.

Em sua última visita ao Sul do Bronx, em Nova York, no mês de Junho de 1997, sentada em uma cadeira de rodas, menos de três meses antes de sua morte, Madre Teresa tenha em seu colo uma cesta cheia destas medalhas. Suas irmãs iam enchendo continuamente a cesta a medida que Madre Teresa entregava uma considerável quantidade de medalhas a cada sacerdote que venha saudá-la depois da Missa. É digno de nota o profundo respeito com o qual tratava estes sacramentais religiosos, e também a veemência com a qual ela recomendava que fossem utilizados como úteis para disseminar a mensagem de amor dos Evangelhos.
Santa Madre Teresa de Calcutá (foto do dia de
sua canonização)

Por que Madre Teresa fazia a entrega destas medalhas? Que significado possuem estas medalhas? Que relação tinham com o trabalho de suas irmãs, as Missionárias da Caridade (a quem a Madre, afetuosamente, chamava “MC”)?

Já que durante a última década de sua vida Madre Teresa supervisionava pessoalmente a distribuição de dezenas de milhões de Medalhas Milagrosas, e já que suas MC continuavam distribuindo 1.800.000 Medalhas Milagrosas a cada ano, cremos estar diante de um indicador muito importante, e antes de mais nada, oferece-se um breve panorama desse fenômeno.

A Medalha Milagrosa teve sua origem oitenta anos antes do nascimento de Madre Teresa. No dia 18 de Julho e também no dia 27 de Novembro do ano de 1830, a Santíssima Virgem Maria apareceu a uma jovem Filha da Caridade, Sta. Catalina Labouré, na capela da rue du Bac, em Paris. Em sua mensagem de despedida a Catarina, Nossa Senhora pediu que fosse cunhada e distribuída a medalha com a representação de sua Imaculada Conceição, na frente (anverso), e uma imagem do Calvário na parte posterior (reverso).

Nos dez anos seguintes a essa aparição, uma década geralmente considerada como principio da era moderna e dos fenômenos marianos, a Medalha foi tão amplamente distribuída que se tornou muito popular, promovendo um tão grande número de curas e conversões, que o povo logo passou a chamá-la de “a Medalha Milagrosa”, nome com o qual continua sendo conhecida até o dia de hoje.

Os missionários franceses, em meados do século XIX, difundiram a Medalha e sua milagrosa reputação através do mundo. Em 1842, a conversão do fanático agnóstico e anticatólico Alphonse Ratisbone (hoje santo canonizado), por meio de uma Medalha Milagrosa, tornou-se famosa no mundo inteiro. Na primeira metade do século XX, o Frade Franciscano Conventual – e mais tarde Mártir da Caridade em Auschwitz, São Maximiliano Kolbe, encabeçou um movimento de distribuição maciça das Medalhas Milagrosas. São Maximiliano Kolbe qualificava a Medalha como a arma que dispomos para arrebatar corações” e “a bala com a qual os devotos soldados ferem o inimigo, ou seja, o mal, e assim resgatam-se as almas”.
Conversão de Alphonse Ratisbone em 1842.

Assim como São Maximiliano Kolbe é considerado o maior propagador e defensor da Medalha Milagrosa, na primeira metade do século XX, pode-se dizer também que Madre Teresa foi a maior propagadora e defensora da Medalha Milagrosa, na segunda metade do século XX. Madre Teresa utilizava a Medalha como um eficaz instrumento para difusão do Evangelho do Amor.

De que forma a Medalha representa a mensagem dos Evangelhos, sobre a perfeita caridade?

Se examinamos o simbolismo que emanam da parte posterior (reverso), é como se estivéssemos lendo o Catecismo da Igreja Católica. Têm lições sobre Jesus Cristo, sua Igreja, a Redenção, a Eucaristia, a Misericórdia Divina, a Graça, o Pecado Original, a Virgem Maria, o Juízo Final, o Paraíso e o Inferno. Tudo isto se pode aprender estudando as imagens que aparecem no reverso da Medalha Milagrosa.

O anverso (frente) da Medalha Milagrosa representa a cena do Gênesis 3,15, conhecida como o Protoevangelho (“o primeiro evangelho”), no qual Deus anuncia, em forma de profecia, que uma Mulher e seu filho vão esmagar a cabeça da antiga serpente que enganou a Adão e Eva, induzindo-os a cometer o Pecado Original. Posta sobre a terra, com os pés sobre a serpente rastejante, está Maria como a Imaculada Conceição, uma doutrina que se explica por meio das palavras, em forma de oração, e que rodeiam a efígie de Nossa Senhora, em um marco ovalado: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!.
São Maximiliano M. Kolbe com a
Medalha Milagrosa

Maria, a Nova Eva, a primeira de nossa raça humana que foi liberada do Pecado Original (no preciso instante no qual foi concebida no ventre de sua mãe), intercede junto a Deus pelas graças, sobrepondo-se ao mal que ardilosamente se introduz em nossas frágeis vidas. Estas graças pelas quais Ela roga a Deus, estão simbolizadas nos raios que descem de seus dedos. Observemos que esses raios não emanam de todos os dedos. Nossa Senhora explicou a Sta. Catarina Labouré que os raios ausentes representam as graças que Deus nos oferece, porém, não aceitamos. Em geral, a parte frontal da Medalha Milagrosa é um mini catecismo acerca da grande luta entre o bem e o mal, na qual se veem envolvidos os seres humanos, uma luta na qual Maria se destaca como o grande prêmio da vitória obtida por Cristo, e como a Mãe que Deus nos deu, canaliza e nos distribui as graças necessárias para partilharmos dessa mesma vitória.

O reverso (parte de trás) da Medalha Milagrosa, representa a cena do Evangelho de São João 19, 25-27, na qual a cruz de Jesus Cristo, com Maria a seu pé, aparece na parte mais alta no mistério da Divina Caridade, o amor redentor sem limites. Rodeada, de forma oval, por 12 estrelas, que simbolizam as doze Tribos de Israel do Antigo Testamento e os 12 Apóstolos do Novo Testamento; a Cruz da Medalha Milagrosa representa a Esperança, uma esperança que Maria compreendeu e que Madre Teresa transmitia cada vez que apertava a Medalha nas mãos dos pobres. Na base da Cruz se vê uma barra horizontal, que simboliza o Altar, já que é no Altar, na Missa, onde o Sacrifício do Calvário continua presente no mundo e em todas as épocas.

A letra “M” ao pé da Cruz e o Altar indicam a forma na qual Maria reúne os fieis para receberem as graças da Redenção e para participarem na Santa Comunhão, com sua devota atitude e sua postura de total consagração a Cristo e sua Missão de Caridade. Debaixo do monograma Mariano se pode ver dois Corações, o Sagrado Coração de Jesus, circundado de espinhos, e o Imaculado Coração de Maria, transpassado por uma espada. A união desses dois corações no sangue do sofrimento e do sacrifício, converter-se-ão, finalmente, numa aliança de glória. Jesus glorificado ascendeu ao Céu e Maria Imaculada subiu em corpo e alma para essa mesma morada, onde ambos vivem agora unidos numa eterna e sincronizada pulsação de amor pela humanidade, chamada a compartilhar, um dia, da vida e do amor em sua totalidade.
Medalha Milagrosa
(anverso)

Na forma como Madre Teresa propagava o Evangelho do Amor, permitia aqueles que recebiam a Medalha Milagrosa experimentarem o terno amor e o carinho que Maria, Mãe de Jesus, sente por eles em todos os seus momentos de necessidade. Madre Teresa lhes pedia que rezassem com fé, dizendo: Maria, Mãe de Jesus, sede uma mãe agora também para mim”, e que lhe pedissem o que necessitavam. Se produziram inumeráveis milagres desta maneira, fazendo que os corações dos fieis se voltassem a Deus, com profundo amor e confiança.

Para Madre Teresa, esta era uma Medalha da Caridade”, um sinal especial do interesse que Deus tem por todos e por cada um de nós “agora”, ou seja, em todos e em cada um dos momentos da vida. Madre Teresa infundiu um novo impulso apostólico à Medalha Milagrosa, enfocando a espiritualidade e a teologia da Medalha através do prisma de sua santa missão de caridade, uma missão que está destinada precisamente a saciar a sede de Jesus pelo amor e pelas almas, especialmente pelos mais pobres dos pobres. Como saciar a sede de Jesus é o verdadeiro coração do carisma (espiritualidade e missão) das Missionárias da Caridade, Madre Teresa não se equivocou ao estabelecer a relação entre as duas das últimas frases de Jesus na Cruz: Eis aí a tua Mãe” (Jo 19, 27) e Tenho sede” (Jo 19, 28). Dessa maneira é que as Missionárias da Caridade aplacam a sede de Jesus, passando sede por Ele, respondendo ao amor de Jesus com seu próprio amor, da mesma maneira que o fez Maria.

Medalha Milagrosa
(reverso)

Assim como no Calvário Maria compreendeu a sede de seu Filho, recebeu seu amor e o propagou, do mesmo modo Madre Teresa, com grande simplicidade, adotou a Medalha Milagrosa como um singelo instrumento para simbolizar o retorno do amor pelo amor. O AMOR SÓ SE PAGA COM AMOR!


Ó Maria sem pecado concebida, roga por nós que recorremos a Ti, para que a sede de Jesus possa ser satisfeita e para que o mundo se converta em algo agradável para Deus, um reino de amor, no qual Tu, ó Maria, Mãe de Jesus, possas ser uma mãe para mim e para todos, agora e para sempre. Amém.

Santa Catarina Labouré escutou uma voz que lhe dizia: “Faz cunhar uma medalha segundo este modelo. Os que a usarem, uma vez benzida2, receberão grandes graças, especialmente se a usarem ao redor do pescoço. As graças serão mais abundantes para aqueles que a usarem com fé”.



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FONTE: artigo de James Mccurry, O.F.M, originalmente publicado em 2003 (Arquidiocese de Nova York), capturado em http://vincentians.com/es/la-madre-teresa-y-la-medalla-milagrosa/ - Texto por nós traduzido e adaptado para o português do Brasil.

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1 Madre Teresa de Calcutá foi canonizada pelo Papa Francisco, nosso atual Pontífice, no dia 4 de Setembro de 2016, diante de aproximadamente 100.000 pessoas na Praça de São Pedro, no Vaticano.

2 Os biógrafos de Santa Catarina Labouré não fazem referência a essa condição de estar benzida a Medalha para se alcanças as graças que a Santíssima Virgem deseja nos conceder.

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