Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A MENSAGEM DA APARIÇÃO DA NOITE DO DIA 18 PARA O DIA 19 DE JULHO DE 1830 – PARTE II

(Continuação da postagem anterior)


Conjunto escultural que se encontra
na Rue du Bac, representando Santa Catarina
 conversando com Nossa Senhora
«Minha filha, Deus quer encarregá-la de uma missão...» Com estas palavras, a Santíssima Virgem iniciava um celestial colóquio com Santa Catarina Labouré, convidando-a à missão que só mais tarde – em 27 de Novembro daquele mesmo ano – seria explicitada, revelada; naquele momento a missão ficava oculta, era um segredo de Deus, a ser revelado futuramente.

Desde o início, Nossa Senhora não escondeu que o cumprimento da “missão” para qual estava sendo chamada, traria à Santa muitas provações, desconfianças, embaraços, objeções, porém, a Mãe de Deus, por mais de uma vez, exorta-lhe a ter confiança: «não temais», «Tende confiança», a providência divina não lhe faltaria, «Sereis inspirada em vossas orações.», e também enfatizado, «...vinde ao pé deste altar. Aqui as graças serão abundantes para os que a pedirem com confiança e fervor; serão concedidas as grandes e pequenos».

As provações, contradições e dificuldades prenunciadas, são próprias de grandes missões como a que estava sendo confiada à nossa Santa, e lembram as palavras da mesma Virgem Imaculada a uma outra camponesa, também da França, Santa Bernadette Soubirous, quando, ao início das 18 aparições ocorridas entre 16 de fevereiro e 16 de julho de 1858, lhe disse: «Não te prometo fazer feliz neste mundo, mas sim no outro».  
Santa Bernadette Soubirous

A simplicidade e a sinceridade recomendadas, e que deveriam acompanhar Irmã Catarina no cumprimento de sua honrosa missão, diante das objeções que surgiriam, já lhe eram presentes, próprias de uma camponesa que, embora inculta, sabia discernir, por exemplo, uma revelação espiritual de um sonho ou de uma simples imaginação. Vale lembra-se que, antes mesmo de ingressar no noviciado das Filhas da Caridade, ainda em Fain, sua terra natal, a Santa sonhou com São Vicente de Paulo, e sempre declarou ter sido um sonho, tão somente. Logo, se sabia diferenciar um sonho da realidade, não se enganaria acerca da visão que tivera naquela noite do dia 18 de julho.

“Um dia, quando já septuagenária, uma jovem Irmã impugnou as visões da Rua du Bac, chamando-as de sonhos; a Irmã Catarina não pôde reter a sua indignação e, vencendo o seu mutismo e reserva em nunca falar destes acontecimentos, declarou abertamente: 'Minha boa Irmã, quem viu a Santíssima Virgem, a viu em carne e osso.' E recaiu no seu mutismo”. Essa era, portanto, Santa Catarina Labouré, a santa do silêncio, da simplicidade e da sinceridade.

No mais, a sucessão dos acontecimentos revelados a Santa Catarina de Labouré naquela noite, seria a prova irrefutável da veracidade de sua visão.

Já em 1850, como predito por Nossa Senhora, vieram se unir à família de São Vicente, a das Irmãs da Caridade, fundada por Élisabeth-Ann Seton, também chamada de “Congregação religiosa da senhora Seton”, nos Estados Unidos, depois, mais duas outras Congregações alcançariam o mesmo favor excepcional de se unir às Irmãs da Caridade de S. Vicente: Irmãs da Caridade da Áustria, que teve como fundadora Leópoldine de Brandis, e as Irmãs de Verviers, na Bélgica. Como essas uniões constavam dos planos divinos, a Comunidade desfrutaria de uma grande paz, além de se tornar grande, como havia concluído a Santa Virgem.

O Padre Aladel, então Capelão da Casa-Mãe, se tornaria, de fato e em breve, o Diretor Geral das Irmãs de Caridade, como anunciado, e empreenderia esforços, combatendo os abusos apontados, na volta à Regra, ao carisma original da Congregação.

Mas, às promessas de ajuda e de um momento de paz, seguiu-se o anúncio dos infortúnios iminentes.


  Os Communards assumiram o poder da capital e deram início a Comuna que durou 32 dias (Março de 1871)
As “desgraças” que haveriam de se abater sobre a França, não aconteceram em 1830, realizaram-se quarenta anos mais tarde, como havia interpretado Santa Catarina Labouré ao redigir o primeiro relato da visão. Durante a
Comuna, muitos integrantes do Clero e de outras comunidades religiosas sucumbiram, foram perseguidos e assassinados, inclusive o Arcebispo de Paris, Monsenhor Darboy, em 1871. E o sangue correu nas ruas.

Não só essas “desgraças” futuras se realizaram, oito dias após a aparição da Santíssima Virgem, a 27 de Julho de 1830, já rebentou tremenda revolução em Paris, tendo igrejas sido profanadas, cruzes derrubadas, casas religiosas invadidas, devastadas e religiosos dispersos; padres perseguidos, o Arcebispo de Paris, à época, teve de ocultar-se para não sucumbir diante do furor da plebe revoltada; acontecimentos que remetiam aos horrores da Revolução de 1789. 
Comuna de Paris: fuzilamento
revolucionário do arcebispo de Paris

Entretanto, como havia prometido Nossa Senhora, a Casa-Mãe das Irmãs de Caridade, na Rua du Bac, foi preservada, respeitada, e as Irmãs que estavam em retiro naqueles dias revoltosos, puderam realizar seus exercícios espirituais com calma, mesmo que em meio ao barulho de canhões e da turba em delírio. A igreja de S. Lázaro embora tenha sido invadida, não houve depredação, e o Padre Étiene, no dia seguinte à invasão, diante dos revoltosos que desejavam derrubar a cruz da fachada do templo, agiu de maneira enérgica, e heroica, tendo a turba se retirado e não retornado mais.

A Virgem Santíssima aponta
o altar a Santa Catarina, ali
ela encontraria as consolações
necessárias.
Todos esses trágicos acontecimentos, como se vê, foram preditos pela Virgem Imaculada, e relatados pela humilde noviça, Irmã Catarina, ao seu confessor, que recebeu a confissão com desconfiança e descrédito, não tendo Santa Catarina Labouré encontrado outro refúgio, senão no altar da Eucaristia, apontado pela Santíssima Virgem com a mão esquerda, dizendo-lhe que
«aí encontrareis as consolações necessárias.», enfatiza o Padre Jerônimo P. de Castro, C.M.

Em meio à descrição dos anúncios que lhe foram revelados, Santa Catarina Labouré registrou, ainda, as expressões de Nossa Senhora:


«a santa Virgem demonstrava o rosto triste ao dizer isto… a Santíssima Virgem conservava-se triste… a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos ao me dizer isto... nesse ponto, a Santa Virgem quase não podia falar, a dor transparecia no seu semblante...» 

São expressões de uma Mãe terna e preocupada com o futuro de seus filhos, os pecadores.

“Por fim”, como lembra René Laurentin, “a visão começou a comunicar a Catarina projetos que se definiriam mais tarde: a nova Associação das Filhas de Maria que seu confessor deveria fundar; seriam celebrados 'com grande pompa' o Mês de Maria e o de São José; 'haverá muita devoção pelo Sagrado Coração'”.



Fontes consultadas:

CASTRO, Jerônimo P. de Castro. S. Catarina Labouré, Editora Vozes, 11ª edição, Petrópolis/RJ, 1951.
LAURENTIN, René. Catarina Labouré Mensageira de Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa, Edições Paulinas, São Paulo, 2012.
SANTOS, Armando Alexandre dos. A Verdadeira História da Medalha Milagrosa, Editora Artpress Ltda, São Paulo, 2ª edição, 2017.


Imagens:
http://www.pliniocorreadeoliveira.info/
http://operamundi.uol.com.br/
http://lourdes-150-aparicoes.blogspot.com.br
http://imagessaintes.canalblog.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário