A VIRGEM IMACULADA NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA E O DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO – PARTE II
3ª Aparição da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa a Santa Catarina Labouré, rue du Bac, 140, Paris, em Dezembro de 1830. |
O
contributo das Aparições da Virgem Imaculada a Santa Catarina
Labouré à futura confirmação do dogma da Imaculada Conceição,
devido em grande parte à rápida disseminação da Medalha
Milagrosa, pelos prodígios que operava, também se traduziu em maior
fervor da piedade dos fieis a esse privilégio da Mãe de Deus.
O
Arcebispo de Paris, à época, Monsenhor de Quélen, em 1838, diante
da crescente devoção dos fieis para com Maria concebida sem pecado,
e diante dos prodígios e numerosas conversões operadas por meio
dessa devoção, resolveu escrever ao Sumo Pontífice, Papa Gregório
XVI, pedindo-lhe três favores: “1º
a transferência para o primeiro domingo do Advento da solenidade da
Imaculada Conceição, 'a fim de manter e de fortificar a devoção
dos fiéis'; 2º a licença de acrescentar ao Prefácio da missa da
festa Et
te in Immaculata Conceptione;
3º a concessão de uma indulgência plenária, perpetuamente, para o
mesmo dia”1.
Por
meio de um Recristo de 7 de Dezembro de 1838, o Santo Padre conferiu
à cidade e arquidiocese de Paris, tudo quanto foi pedido pelo
Prelado, e diante da imensa felicidade que sentiu, Monsenhor de
Quélen expressou sua alegria através de uma Carta Pastoral, em 1º
de Janeiro de 1839, fazendo uma brilhante análise do simbolismo da
invocação da Medalha Milagrosa, um dos maiores e mais eloquente
monumento de piedade à Virgem concebida sem pecado original:
“Oh!
Maria Virgem, possuída de sabedoria desde o início do caminho,
nuvem divinamente fecunda, sempre luminosa e nunca sombria, nova Eva
que esmagastes a cabeça infernal da serpente, corajosa Judite,
glória de Jerusalém, alegria de Israel, honra do nosso povo, amável
Ester, isenta de tal lei comum que pesa, como um jugo de anátema,
sobre todos os filhos de Adão, cheia de graça, bendita entre todas
as mulheres, Maria concebida sem pecado, rogai por nós que
recorremos a vós; por vossa virgindade santíssima, por vossa
Imaculada Conceição, Virgem Puríssima, obtende-nos a pureza do
coração e do corpo; em nome do Padre, e do Filho e do Espírito
Santo. Amém.”2
Pouco
tempo depois, a pedido do Cardeal Francisco Xavier de Cienfuegos,
Arcebispo de Sevilha, Monsenhor de Quélen fez novo pedido à Santa
Sé, dessa vez para poder incluir na Ladainha de Nossa Senhora
(Ladainha Lauretana), mais uma invocação: Regina
sine labe concepta, ora pro nobis
(Rainha concebida sem pecado, rogai por nós). No dia 24 de Julho de
1839, em nova Carta Pastoral, o Arcebispo de Paris anunciava a sua
Arquidiocese que a Santa Sé havia concedido a faculdade de saudar a
Santíssima Virgem, em sua Ladainha, com a invocação Regina
sine labe concepta, ora pro nobis3.
Nos
anos de 1839, 1840 e 1841, todos os bispos da França recorreram à
Santa Sé para obterem os mesmos privilégios do Arcebispo de Paris,
publicando solenes Pastorais e proclamando que a devoção à
Imaculada Conceição atraia uma chuva de bênçãos e graças sobre
suas dioceses.
Antiga gravura da invocação da Ladainha Lauretana: "Rainha Concebida sem pecado original" |
Nos
tempos atuais, temos o saudoso mariólogo Renè Laurentin, que por
mais de uma vez fez referência à relação das Aparições da
Virgem Imaculada em 1830 com a definição dogmática da Imaculada
Conceição em 1854: “Esta
contribuição da Medalha Milagrosa à criação do ambiente adequado
para proclamação deste dogma (Imaculada Conceição), foi
reconhecida no Congresso Romano do Cinquentenário da definição da
Imaculada Conceição em 1904.”4
Em
outro momento, ao tratar dos períodos que antecederam a definição
do dogma, afirma: “O
século XIX apresenta, dol ponto de vista mariano, uma fisionomia
singular. Começa na mais extrema miséria. Durante os primeiros 30
anos, a penúria e a mediocridade da literatura mariana chegam a uma
esterilidade nunca alcançada, nem sequer no século XVI. O
renascimento mariano que sobrevêm então, reveste-se de formas
surpreendentes. Começa em 1830 com uma aparição, a primeira de uma
série que se segue e caracteriza este século. A Virgem confia a
Catarina Labouré o projeto da Medalha Milagrosa que será o sinal de
um grande movimento de piedade e de conversões. A efígie [de
Nossa Senhora]
parece conter todo o programa mariano do século: Imaculada Conceição
e Mediação.”5
Por
fim, na Missa Própria da Festa de Nossa Senhora da Medalha
Milagrosa, a oração da colecta faz clara referência à Imaculada
Conceição de Maria: “Senhor
Jesus Cristo, Vós que quisestes que a Imaculada Conceição da
beatíssima Virgem Maria, vossa Mãe, resplandecesse em milagres sem
conta. Fazei que, implorando sempre a sua proteção, alcancemos os
gozos da eterna felicidade. Vós que viveis.”6
Assim,
quando celebramos a Imaculada Conceição, celebramos também a
Virgem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, a efetiva e valiosa
contribuição das Aparições de 1830 para definição do dogma.
Ó
MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!
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____________________________
1 Cf.
CASTRO, Padre Jerônimo Pedreira de. “Santa Catarina Labouré e a
Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, 2ª edição/1951, p. 141.
2 Ibidem,
p. 142.
3 Ibidem,
pp. 142 e 143.
5 LAURENTIN,
Renè. “Mariología”
(Escaneado
del volumen tercero de “Iniciación teológica”, publicado por
Herder, Barcelona, en 1961) , El
Descubrimiento de María en el Tiempo ,
6.
Sexto período: siglos XIX-XX, p. 14 (opúsculo em pdf – a
tradução é nossa).
6 Cf.
“Missal Romano Cotidiano Latim-Português”, por Dom Gaspar
Lefebvre, Biblica, Bruges-Bélgica, 1963, Próprio do Brasil
(Calendário Litúrgico), p. 46 – Missal do Rito Tridentino.