A PREDESTINAÇÃO DA VIRGEM IMACULADA
Nossa Senhora de Belém. Óleo sobre tela de Melchior Paul Deschwanden - 1873. Acervo da Catedral Metro- politana de Belém, Pará-Brasil |
A
antífona
deste dia faz referência ao Deus da Luz, Nosso Senhor Jesus Cristo,
o Emanuel, o “Sol nascente justiceiro”, que veio ao mundo para
ser a luz de seu povo (Is 60,19-20), para «o
povo que andava nas trevas viu uma grande luz!»
(Is 9,1). Portanto, se é certo que Cristo é o “astro-rei”, a
estrela mais brilhante que se vislumbra no céu e cuja luz brilha no
dia da salvação, não é menos certo também que a piedade cristã
chama Maria Santíssima de a “Estrela da Manhã”, que vem antes
do sol, como a preparar a vinda do astro maior, Jesus Nosso Senhor:
“Essa
Estrela – que é o Sol, representação de Jesus – é sempre
prenunciada por outra estrela da manhã cuja luz é um reflexo
brilhante do Astro-Rei: Maria anuncia Jesus e conduz os homens a
Jesus”2.
Celebrar,
portanto, a Natividade do Salvador, remete-nos, por conseguinte, aos
desígnios de Deus para a humanidade, muito antes de todo começo,
antes de tudo
que conhecemos, Nossa Senhora já estava predestinada a ser a Mãe do
Verbo Encarnado, ou como a Ela se dirigem as palavras do Pe. Júlio
Maria: “E
no esplendor do conhecimento infinito, no qual se envolve
a augusta Trindade, e também os seres futuros, no amor que ela
tributa às criaturas privilegiadas que
existirão
um dia, o Altíssimo predestinava a gloriosa e
imaculada
Virgem, dotando-a de antemão de todas as belezas e de todas as
grandezas que uma criatura possa encerrar.”3
E prossegue, com sabedoria e propriedade, discorrendo sobre a “Predestinação” da Virgem Imaculada: “É assim que apareceu desde o começo (Prov 8, 23). Antes de todo começo, ab aeterno ordinata sum, a radiosa figura da Virgem-Mãe, objeto das complacências eternas da adorável Trindade, objeto de amor e de admiração para os mortais.
A Imaculada Conceição |
Desde
o começo já se lhe podem aplicar
as célebres Palavras de S. Bernardo: Sic
est voluntas Dei qui totum nos voluit habere per Mariam
– a
vontade de Deus é que tudo nos venha pelas mãos de Maria. Tudo por
ela, nada sem ela.
Desde
toda a eternidade havia Deus decidido que seu Verbo se faria carne e
se revestiria da natureza humana. Mas a encarnação do Filho de Deus
–
união da terra e do céu –
estava tão intimamente unida, nos decretos eternos, à maternidade
divina de Nossa Senhora, que se eternamente o Verbo ocupou o
pensamento de Deus, esta previsão devia naturalmente juntar-se à de
Maria, Mãe de Deus. E então pode-se dizer com razão: E estava ai a
Mãe de Deus –
Et
erat mater Jesu ibi
(Jo
2,
1-5).
De
uma maneira especial Maria foi escolhida antes de todos os tempos
para a realização desta inefável obra da
misericórdia
divina. 'A Mãe de Deus, diz Suarez, estava inseparavelmente unida ao
seu divino Filho, nos decretos do Eterno'.
Eis
por que a Igreja procura escolher sempre os próprios termos da
Escritura Sagrada, que falam da sabedoria incriada e representam as
suas origens eternas, para deles fazer aplicação à Santíssima
Virgem, que foi, nos imutáveis desígnios de Deus, o objeto do mesmo
decreto que a encarnação do Verbo divino4.
«O
Senhor me possuiu no principio dos seus caminhos, desde o princípio,
antes que criasse coisa alguma. Desde a eternidade fui constituída,
e desde o principio, antes que a terra fosse criada. Ainda não havia
abismos e eu já estava concebida; ainda as fontes das águas não
tinham brotado, ainda não tinham assentado os montes sobre a sua
pesada massa; antes de haver outeiros e eu tinha já nascido. Ainda
ele não tinha criado a terra nem os rios, nem os eixos do mundo.
Quando ele preparava os céus, eu estava presente; quando, por uma
lei inviolável, encerrava os abismos dentro dos seus limites; quando
firmava lá no alto a região etérea, e quando equilibrava as fontes
das águas; quando circunscrevia ao mar o seu termo, e punha lei às
águas, para que não passassem os seus limites; quando assentava os
fundamentos da terra, eu estava com ele, regulando todas as coisas»
(Prov 8,
22-28).
É,
portanto,
com muita razão que a Virgem Maria é chamada
a «Primogênita
antes de todas as criaturas –
primogênita
ante omnem creaturam»
(Eclo
24,
5), assim
como Jesus Cristo nos é apresentado como «Primogênito
de toda criatura –
Primogenitus
omnis creaturae»
(Cl
1,
15).
São
Bernardo, ilustre apologista da Mãe de Deus, resumindo todos os
piedosos transportes da tradição católica acerca desta verdade,
assim se exprime: Ó Maria, vós precedestes a todas as criaturas no
pensamento do Eterno, de preferência a todas as outras, mesmo as
mais favorecidas; fostes escolhida e predestinada para ser a mãe do
homem-Deus, nosso Salvador.
A Virgem Poderosa com o globo nas mãos. |
Tal
é, portanto, o segredo admirável da predestinação da Santíssima
Virgem. Mas, como sondar este abismo? Nenhuma palavra humana poderia
traduzir convenientemente estas maravilhas; língua alguma, fosse ela
angélica, nos poderia revelar a compreensão deste grande mistério,
nem penetrar nas profundezas deste santuário, onde Deus habita
cercado e aureolado de uma luz inacessível.
E
é somente pelo estudo dos diferentes aspectos e consequências da
predestinação, assim como das intimas relações existentes entre
Maria Santíssima e o seu divino Filho, que chegaremos a conceber uma
pálida ideia da sublimidade deste grandioso mistério.”5
Concluamos,
portanto, com o seguinte cântico mariano:
Ave
Maria, estrela da manhã
Tu que velaste esta noite por nós
Roga por nós que começamos este dia
Roga por nós por toda a nossa vida.
Ave Maria
Ó Mãe bendita, dá-nos o teu Filho
Que tu trouxeste no teu seio por nós
Nasceu por nós para nos libertar da morte
Morto por nós para nos conduzir à vida.
Ave Maria
Cheia de Graça, Luz do caminho
Onde há a vida preparada para nós
Pede por nós misericórdia ao Senhor
Pede por nós que nos dê a sua paz.
Amém
Tu que velaste esta noite por nós
Roga por nós que começamos este dia
Roga por nós por toda a nossa vida.
Ave Maria
Ó Mãe bendita, dá-nos o teu Filho
Que tu trouxeste no teu seio por nós
Nasceu por nós para nos libertar da morte
Morto por nós para nos conduzir à vida.
Ave Maria
Cheia de Graça, Luz do caminho
Onde há a vida preparada para nós
Pede por nós misericórdia ao Senhor
Pede por nós que nos dê a sua paz.
Amém
FELIZ
E
ABENÇOADO
NATAL
A
TODOS !
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1 cf.
“Liturgia das Horas Segundo o Rito Romano”, Vol. I Tempo do
Advento e Tempo do Natal, Editoras Paulus, Paulinas, Vozes e
Ave-Maria/1999, p. 322.
2 VAZ,
Dom José Carlos de Lima. “O Louvor a Maria Comentários sobre as
Invocações da Ladainha de Nossa Senhora”, Edições Loyola/2005,
34ª Invocação: Maria, Estrela da Manhã, p. 111.
3 LOMABERDE,
Pe. Júlio Maria. “Por Que Amo Maria”, Edições Paulinas. 1960,
Primeiro Motivo: A Vontade de Deus, p. 19.
5 LOMBAERDE,
Pe. Júlio Maria. op. cit. p.19 a 21.