Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

27 DE NOVEMBRO DE 1830 – A SEGUNDA APARIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM A SANTA CATARINA LABOURÉ


A Segunda Aparição da Virgem Imaculada a Santa Catarina Labouré, no dia
27 de Novembro de 1830, Rue du Bac, 140, Paris, Capela da Casa-Mãe das
Filhas da Caridade, tarde de sábado, véspera do primeiro domingo do Advento.
 
Já se passavam mais de quatro meses daquela ditosa noite que a Santíssima Virgem Imaculada havia se manifestado à Irmã Catrina Labouré, e logo no início do colóquio tido com a Noviça, sua vidente e confidente, lhe anunciara
:
«Minha filha, Deus quer confiar-vos uma missão.» Diante de um anúncio desta natureza, Irmã Catarina passava os dias, semanas e os meses que se seguiram à espera da missão a ser revelada, e assim expressava sua expectativa:Eu tinha a convicção de que ela voltaria, assim escreveria em 1841, e que A veria no esplendor de sua beleza1.

Bela, de uma beleza que só ela possui, é assim que vai se revelar à sua filha Aquela que a Igreja chama: Mãe admirável e “uma terra bendita e sacerdotal, santa e isenta de mancha original”2.

Narração escrita pela própria Vidente, em 1841.

A Irmã Catarina, por ordem do diretor espiritual, teve de escrever, em 1841, várias narrações sobre a aparição de 27 de Novembro de 1830. Eis a mais completa:

Hoje é dia da Assunção da Santíssima Virgem (15 de Agosto de 1841). Oh! Rainha que vos assentais perto de Deus, ouvi favoravelmente as minhas súplicas; é por vós e para maior glória vossa que vos peço esclarecer o meu espírito e dar-me a força e a coragem necessárias de tudo fazer por vosso amor. Perece que estou vivendo aquele momento, para mim tão caro, – aquele sábado, véspera do primeiro domingo do Advento.

Jesus, Maria, José.

  Saint Joseph —José de Páez 
O dia 27 de Novembro de 1830 era o sábado antes do primeiro domingo do Advento. As cinco e meia da tarde, depois da leitura da meditação, pareceu-me ouvir um ruído do lado da tribuna3, perto do quadro de S. José, como o fru-fru de um vestido de seda4.

Tendo eu olhado para esse lado, percebo a Santíssima Virgem na altura do quadro: estava de pé, vestida de branco-aurora, feito à moda que ordinariamente chamam à la vierge, de mangas compridas, com um véu branco, que lhe descia até a orla do vestido; por baixo do véu percebi os seus cabelos, separados em bandós, sob uma renda de três centímetros de largura, mais ou menos, sem pregas, pousando ligeiramente sobre os cabelos. Tinha o rosto bastante descoberto; os pés apoiavam-se sobre uma esfera, ou antes, sobre a metade de uma esfera, pois só se via a metade5.

Além disto, ela segurava nas mãos uma bola, que penso representar o globo terrestre, e levanta-a com ambas as mãos, sem nenhum esforço, até a altura do peito. Tinha os olhos voltados para o céu … o seu rosto era de tão pura beleza, que nem ouso tentar descrever.
1ª Fase da Segunda Aparição, a
Virgem com o globo nas mãos à
altura do peito. Dos anéis em suas
mãos desciam os raios.

De repente, percebi anéis nos seus dedos, engastados de pedras brilhantes, uma maiores e mais belas do que as outras, das quais saiam raios que eram, também, uns mais belos do que os outros. Das pedras maiores saiam raios mais intensos do que os das menores. Esses raios iam-se alargando, à medida que desciam, a ponto de não me deixarem mais ver os pés da Virgem.

Enquanto eu me embevecia em contemplá-la, a Santíssima Virgem abaixou os olhos, fixando-os sobre mim. Ouvi uma voz que me disse: «Este globo, que vedes, representa o mundo inteiro, particularmente a França ...(Aqui eu não sei exprimir o que senti, nem como eram belos e deslumbrantes os raios, que via …) Estes raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem.»

A Santa Virgem fez-me compreender quanto lhe são agradáveis as orações dos que a invocam, e quanto é generosa em conceder o que lhe pedem. – Nesse momento não sei onde eu estava, nem onde eu não estava …

2ª Fase da Segunda Aparição: A Virgem Imaculada com os
braços estendidos, derramando as graças em forma de raios,
e ao redor, a jaculatória: "Ó Maria concebida sem pecado,
rogai por nós que recorremos a vós
."
Formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, de forma oval, no alto do qual estavam escritas, com letras de ouro, estas palavras: «Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!»

Ao mesmo tempo, uma voz me disse: «Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão muitas graças. As graças serão mais abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança.»

Medalha Milagrosa: anverso e reverso 
Poucos instantes depois, pareceu-me que o quadro girou sobre si mesmo, e vi o reverso da medalha. Fiquei inquieta por saber o que deveria colocar no dito reverso. Um dia, durante a meditação, ouvi uma voz que dizia: «O M e os dois corações dizem o bastante.»6

Como é possível notar-se, o relato feito pela Irmã Catarina e transcrito acima, embora seja o mais completo, ainda restam alguns pormenores que foram sendo revelados em outras narrativas, nas quais forneceu maiores detalhes, como: A Santíssima Virgem apresentava altura mediana, o vestido subia até o pescoço, o véu cobria a cabeça e descia, de cada lado, até os pés; sobre os cabelos trazia uma espécie de touca margeada de pequena renda de, mais ou menos, dois dedos de largura; o rosto não só estava bastante descoberto, mas inteiramente descoberto; havia sob os pés um globo branco;os olhos ora estavam erguidos para o céu, ora baixos. – A voz que falava à Vidente, fazia-se ouvir no fundo do coração. E a Irmã Catarina termina sua declaração deste modo: Tudo desapareceu como alguma coisa que se esvai. Fiquei cheia, não sei, não sei de que, de bons sentimentos, de alegria, de consolação.

Interrogada mais se não havia outro emblema sob os pés da Santíssima Virgem, além da metade da esfera citada no texto, a Vidente respondeu: Havia também uma serpente de cor esverdeadas com manchas amarelas.7

Sobre a posição das mãos o manuscrito diz que estavam à altura do peito, segurando o globo; mas, repetidas vezes, a Vidente declarou que, quando o globo desapareceu, os braços da Virgem se estenderam e as mãos se abriram, como na Medalha Milagrosa8.

Havia três anéis em cada dedo das mãos: o mais grosso perto da mão, o médio na segunda falange, e o menor na extremidade do dedo; e cada anel estava enriquecido de pedras cintilantes, de grossura proporcional9.

A jaculatória: Ó Maria concebida sem pecado, formava um semi-círculo, começando à altura da mão direita, passando por cima da cabeça da Virgem, e terminando na altura da mão esquerda.

Uma pequena cruz de ouro, terminada por um pequeno traço na base, estava por cima da letra M; e por baixo da letra viam-se os dois corações de Jesus e de Maria, os quais a Vidente reconheceu bem, porque: um estava cercado por uma coroa de espinhos e o outro trespassado pela espada.10

As doze estrelas, que sempre figuraram na Medalha Milagrosa, a Irmã Catarina afirmou muitas vezes, oralmente, tê-las visto durante as aparições. É, portanto, um fato moralmente certo.11
Antigo postal contendo uma síntese
das três Aparições da Virgem.

A manifestação da Santíssima Virgem, tal qual descrevemos acima, renovou-se muitas vezes, com o mesmo conjunto de circunstâncias, em datas indeterminadas.

Portanto, assim se deu a Segunda Aparição da Virgem Imaculada a Santa Catarina Labouré no dia 27 de Novembro de 1830, talvez, a mais importante das aparições, pois foi nesta que lhe foi revelada a grande Missão que Deus lhe confiava: ser a Mensageira da Medalha Milagrosa para o mundo.

Neste dia que a Igreja celebra a Festa da Virgem Imaculada Nossa Senhora da Medalha Milagrosa ou, como também é conhecida, Nossa Senhora das Graças, queremos terminar esta postagem renovando a nossa consagração à Santíssima Virgem, com a oração de consagração recitada nos dias de sua Novena Perpétua.

Ó Virgem Mãe de Deus, Maria Imaculada, nós vos oferecemos e consagramos sob o título de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, o nosso corpo, o nosso coração, a nossa alma, e todos nossos bens, espirituais e temporais. Fazei que esta Medalha seja para cada um de nós um sinal certo de Vosso afeto para conosco, e uma recordação contínua dos nossos deveres para convosco. E ao trazer a vossa Medalha, guie-nos sempre a vossa amável proteção, nos conserve na graça de vosso Divino Filho. 
Ó Poderosíssima Virgem, Mãe de Nosso Salvador, conservai-nos unidos a Vós em todos os momentos de nossa vida. Alcançai a todos nós, os vossos filhos a graça de uma boa morte, a fim de que juntos convosco possamos gozar um dia da celeste beatitude. Amém.
Reza-se três Ave Marias …
3x: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”


________________
1A expressão francesa é belíssima e inimitável: “J'avais la conviction que je l'a verrais belle dans son plus beau.”.
2“Terra es benedicta et sarcerdotalis, sancta et imunis culpae originalis.” (Hino da Sexta, no peq. Ofício da Im. Conc.).
3A mesma tribuna do lado da epístola, perto do quadro de S. José. Na primeira aparição foi desse lugar que a Santíssima Virgem desceu e se assentou nos degraus do altar na cadeira do Padre Diretor.
4O dicionário ortográfico de língua bras., de H. Lima e G. Barroso aceita este neologismo (na linguística, é a utilização de novas palavras a partir de outras já existentes, num mesmo idioma ou não - “aplicativo Dicio”).
5Não há tradução para esta expressão francesa: “à la vierge”. Damos em grifo, como um título a esse feito de vestido.
6Esta é a segunda narrativa da Irmã Catarina, em 1841.
7“La Médaille miraculeuse”, p. 82.
8Inquérito canônico, p. 10.
9“La Médaille miraculeuse”, p. 75.
10Deposição do Padre Aladel, Inquérito, p. 2.

11“La Médaille miraculeuse”, p. 76.




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FONTE: CASTRO, Padre Jerônimo Pedreira de. “Santa Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”, Editora Vozes, 2ª edição/1951. pp. 87 a 95 – Título e destaques são nossos.

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