Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

sábado, 18 de agosto de 2018


À VIRGEM IMACULADA: “SALVE RAINHA, MÃE DE MISERICÓRDIA”

(Segunda Parte/Continuação)


MARIA TAMBÉM É MÃE DOS PECADORES ARREPENDIDOS

Maria garantiu a Santa Brígida que é Mãe não só dos justos e inocentes, mas também dos pecadores que se querem emendar. Se, desejoso de emenda, recorre um pecador a esta Mãe de Misericórdia, oh, como a encontra pronta para o abraçar e socorrer, ainda mais do que se fosse sua mãe corporal. Era justamente o que o Papa Gregório VII escrevia à princesa Matilde: Desiste da vontade de pecar e acharás Maria, eu o garanto, mais pronta em amar-te do que tua própria mãe”.

Portanto, quem aspira ser filho desta grande Mãe, é preciso que primeiro deixe o pecado, e depois será sem dúvida aceito por filho. […]

Mas como ousará chamar-se filho de Maria quem tanto a desgosta com a sua má vida? Certo pecador disse um dia a Maria: Mostra que és minha Mãe?E a Virgem lhe respondeu? Mostra que és meu filho!Um outro, invocando-a, chamava-lhe Mãe de Misericórdia. Mas Ela lhe disse: Vós, os pecadores, quando quereis que vos ajude, me chamais de Mãe de Misericórdia; e depois por vossos pecados não cessais de me fazer Mãe de misérias e de dores”. […]

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EFEITOS DO AMOR DE MARIA PARA COM OS PECADORES
Suponhamos que uma mãe soubesse que dois filhos seus eram inimigos mortais, intentando um tirar a vida do outro. Em tal conjuntura não seria dever de toda boa mãe procurar encarecidamente como pacificá-los? Assim pergunta Conrado de Saxônia. Ora, Maria é Mãe de Jesus e Mãe dos homens. Aflige-se quando vê um pecador inimizado para com Jesus e tudo faz por reconciliá-lo com seu divino Filho”.
Virgem com o Globo (Virgem Poderosa), Rainha do
Mundo
Do pecador só exige a benigníssima Rainha que se recomende a Ela e tenha o propósito de emendar-se. Vendo-o a seus pés a implorar-lhe perdão, não olha para o peso de seus pecados, mas para a intenção com que se apresenta. Se esta é boa, nem que o pobre haja cometido todos os pecados do mundo, abraça-o e como terna Mãe, não desdenha curar-lhe as chagas que traz na alma. Pois é Mãe de Misericórdia, não só de nome, senão de fato, e em verdade tal se mostra pela ternura e pelo amor com que nos socorre. A própria Virgem Santíssima assim o revelou a Santa Brígida. Por mais culpado que seja um homem, se vem a mim com sincero arrependimento, estou sempre pronta a acolhê-lo. Não considero a enormidade de suas faltas, mas tão somente as disposições do seu coração. Não recuso ungir e curar as suas feridas, porque me chamo e realmente sou Mãe de Misericórdia”.
É Maria a Mãe dos pecadores que se querem converter. Como tal não pode deixar de compadecer-se deles. Parece até que sente como próprios os males de seus pobres filhos. A cananéia, ao pedir que o Senhor lhe livrasse a filha do demônio que a atormentava, disse-lhe:Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim; minha filha está muito atormentada pelo demônio(Mt 15, 22). Mas se a filha, e não a mãe, era atormentada pelo demônio, parece que deveria dizer: Senhor, tem piedade de minha filha!Mas não; ela disse: Tem compaixão de mime com muita razão. Pois sentem as mães como próprios os sofrimentos dos filhos. Ora, do mesmo modo, disse Ricardo de São Lourenço, pede Maria a Deus quando intercede por qualquer pecador que a Ela recorre. Pede-lhe que dela se compadeça. Meu Senhor — parece dizer-lhe — esta pobre alma, que está em pecado, é minha alma; por isso compadecei-vos não tanto dela, como de mim, que sou sua mãe. […]

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VIDA E DOÇURA NOSSA
A oração de Maria obtém-nos a graça da justificação. Para a exata compreensão do porquê a Santa Igreja nos ordena que chamemos Maria de nossa vida, é necessário saber que, assim como a alma dá vida ao corpo, assim também a graça divina dá vida à alma. Uma alma sem a graça divina só tem nome de viva, mas na realidade está morta, como foi dito àquele bispo no Apocalipse: Tens reputação de que vives, mas estás morto(Apoc. 3,1). Obtendo Maria, por meio de sua intercessão, a graça aos pecadores, deste modo lhes dá vida. Ouçamos as palavras que a Igreja lhe põe na boca, aplicando-lhe a seguinte passagem do livro dos Provérbios: Os que vigiam desde manhã por me buscarem, achar-me-ão.(8, 17). Os que recorrem a mim desde manhã, isto é, sem demora, certamente me acharão. Ou, segundo a tradução grega: encontrarão a graça. De modo que, recorrer a Maria é recorrer à graça de Deus. Lemos por isso pouco depois: Quem me encontra, encontra a vida e receberá do Senhor a salvação(Prov. 8, 35). Ouvi-o, vós que procurais o reino de Deus — exclamou São Boaventura honrai a Santíssima Virgem Maria e achareis a vida juntamente com a eterna salvação”.
Na afirmação de São Bernardino de Siena, Deus não destruiu o homem logo após o pecado, devido ao singular amor para com esta sua futura filha. Não lhe resta a menor dúvida de que todas as misericórdias e mercês, em favor dos pecadores na Antiga Lei, só lhes tinham sido feitas por Deus em consideração desta abençoada Virgem. […]

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MARIA É TAMBÉM NOSSA VIDA, PORQUE NOS ALCANÇA A PERSEVERANÇA
A perseverança final é um dom divino tão grande que, como disse o santo Concílio de Trento, é um dom todo ele gratuito que de nenhum modo podemos merecer. Contudo, Santo Agostinho diz que alcançam de Deus a perseverança todos aqueles que lha pedem. E conforme diz o Padre Suárez, infalivelmente a alcançam os que são diligentes até ao fim da vida em pedi-la a Deus. Por isso escreve São Belarmino: Peça-se a perseverança todos os dias, para que ela seja obtida cada dia. Ora, se é verdade — como eu o tenho por certo, conforme sentença hoje comum que depois mostrarei — que todas as graças que Deus nos dispensa passam pelas mãos de Maria, é também verdade que só por meio de Maria podemos esperar e conseguir esta sublime graça da perseverança. Esta mesma graça Ela promete a todos aqueles que fielmente a servem nesta vida. Os que agem por mim não pecarão; aqueles que me tornam conhecidos, terão a vida eterna(Ecli. 24, 30). […]
A Virgem Imaculada com a coroa do martírio a
São Maximiliano M. Kolbe

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POR INTERMÉDIO DE MARIA OBTEREMOS A GRAÇA DA PERSEVERANÇA
Com as palavras do livro dos Provérbios, a nós se dirige Maria: Feliz aquele que me ouve e que vela todos os dias à entrada da minha casa(8, 34). Feliz quem escuta a minha voz e por isso está alerta para vir sempre à porta da minha misericórdia, em busca de socorro e de luzes. Sem dúvida não deixará Maria de obter-lhe luzes e força para sair do vício e trilhar a vereda da virtude. Pelo que graciosamente Inocêncio III a chama lua de noite, aurora de manhã, sol de dia”. É lua para quem está cego na noite do pecado, a fim de esclarecê-lo e mostrar-lhe o miserável estado de condenação em que se acha. É aurora, isto é, precursora do sol para quem já está iluminado, a fim de fazê-lo sair do pecado e recuperar a divina graça. Para quem já está em graça é finalmente sol, cuja luz o livra de cair em algum precipício. […]
Concluamos, pois, com as palavras de São Bernardo: Homem, quem quer se sejas, já sabes que nesta vida vais flutuando mais entre perigos e tempestades, do que caminhando sobre a terra. Se não queres ser submergido, não apartes os olhos dos resplendores desta estrela. Olha para a estrela, chama por Maria. Nos perigos de pecar, nas moléstias das tentações, nas dúvidas do que deves resolver, considera que Maria te pode ajudar, chama logo por Ela para que te socorra. O seu poderoso nome nunca se aparte do teu coração pela confiança, nem da tua boca para o entoares. Seguindo a Maria, não errarás o caminho da salvação. Quando te encomendares a Ela, não desconfies; sustendo-te, não cairás. Protegendo-te Ela, não temas perder-te; sendo tua guia, sem fadiga te salvarás. Em suma, pretendendo Maria defender-te, certamente chegarás ao reino dos bem-aventurados”. […]

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DOÇURA NOSSA, SALVE
Aquele que é amigo o é em todo tempo; e nos transes apertados conhece-se o irmão(Prov. 17, 17). Os amigos verdadeiros e os verdadeiros parentes não se conhecem no tempo de prosperidades, mas sim no das angústias e das desventuras. Os amigos do mundo não deixam o amigo, enquanto ele está na prosperidade. Mas o abandonam imediatamente, se lhe acontece uma desgraça ou dele se avizinha a morte. Tal não é o procedimento de Maria para com seus devotos. Nas suas angústias e especialmente nas da morte, que de todas são as piores, essa boa Senhora e Mãe não abandona seus fiéis servos. […]
Quando uma alma está para sair desta vida, diz Isaías, o inferno todo se conturba e manda os demônios mais terríveis a tentá-la antes de sair do corpo para depois acusá-la, quando se apresentar ao tribunal de Jesus Cristo. O inferno lá embaixo se agita para receber-te à tua chegada e diante de ti levanta gigantes(Is 14, 9). Mas Ricardo diz que os demônios, em se tratando de uma alma patrocinada por Maria, não terão atrevimento, nem mesmo para acusá-la. Pois sabem muito bem que o Juiz nunca condenou, nem condenará jamais uma alma patrocinada por sua grande Mãe.

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ESPERANÇA NOSSA, SALVE
Não suportam os hereges que saudemos e chamemos a Maria nossa esperança. Dizem que só Deus é nossa esperança, e que Ele amaldiçoa quem põe sua confiança na criatura. Maldito o homem que confia no homem(Jer 17, 5). Maria é criatura, objetam eles; como, pois, uma criatura há de ser a nossa esperança? Isto dizem os hereges. Entretanto a Santa Igreja quer que cada dia todos os eclesiásticos e todos os religiosos em voz alta, e em nome de todos os fiéis, invoquem e chamem a Maria com este nome de esperança nossa.
De dois modos — diz o angélico Santo Tomás — podemos pôr nossa esperança numa pessoa: como causa principal ou como causa mediata. Quem deseja obter do rei uma graça, espera alcançá-la dele como soberano senhor, e espera obtê-la do seu ministro ou válido, como intercessor. No último caso a graça concedida veio do rei, mas por intermédio do seu valido. Portanto, quem pretende a graça, com razão chama aquele seu intercessor de sua esperança. Por ser de infinita bondade, o Rei do Céu deseja sumamente nos enriquecer com as suas graças. Mas porque para isso é necessária da nossa parte a confiança, para aumentá-la deu-nos o Senhor sua própria Mãe por advogada e intercessora, e concedeu-lhe plenos poderes a fim de nos valer. Por esta razão quer também que nela coloquemos a esperança de nossa salvação e de todo nosso bem. Sem dúvida são amaldiçoados pelo Senhor — como diz Jeremias — aqueles que põem sua confiança unicamente na criatura.
Tal é o procedimento dos pecadores que, em troca da amizade e dos préstimos de um homem, não se incomodam de ofender a Deus. São abençoados pelo Senhor e lhe são agradáveis, porém, os que esperam em Maria, tão poderosa como Mãe de Deus, para impetrar-lhe as graças e a vida eterna. Pois assim Deus quer ver aquela excelsa criatura honrada, Ela que neste mundo o amou e honrou mais do que todos os anjos e homens juntos.
É, portanto, com muita razão que chamamos a Virgem de esperança nossa, porque, como diz o Cardeal São Roberto Belarmino, esperamos pela sua intercessão obter o que não alcançaríamos só com nossas orações”. Invocamo-la, observa Suárez, para que a dignidade da intercessora supra a nossa falta de méritos. De modo que, continua ele, “invocar a Virgem com tal esperança não é desconfiar da misericórdia de Deus, senão temer pela própria indignidade”. […]

Continua …




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FONTE: Revista “Catolicismo”, nº 725, Maio de 2011.

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