A MEDALHA MILAGROSA PREPARA O DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
A
15 de Dezembro de 1836, o ilustre Prelado anunciava a consagração
da igreja paroquial de Nossa Senhora de Loreto como santuário
dedicado a Maria, honrada na sua puríssima Conceição, e exortava
os fieis a trazerem a Medalha Milagrosa, repetindo a oração: Ó
Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
O
Padre Aladel teve autorização de transcrever a Carta Pastoral do
Arcebispo, na nova edição da Notícia
histórica,
já na sétima edição. Os cento e vinte três mil exemplares não
bastaram para atender à grande e sempre crescente procura deste
opúsculo, destinado à edificação das famílias cristãs pela
apresentação que fez de Maria, como dispensadora das graças, a
encher-lhe as mãos1.
A
22 de Agosto de 1837, foi colocado na igreja de S. Gervário em Paris
um quadro da Santíssima Virgem, semelhante ao da Medalha Milagrosa.
O quadro, pintado por Vibert, tem um metro de altura, e representa
exatamente a Medalha. Tanto a execução do quadro, como a cerimônia
da bênção, foram aprovadas, com prazer, pelo fervoroso Prelado.
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A Medalha da Imaculada Conceição que, pouco tempo depois de suas primeiras cunhagens passou a ser chamada de "milagrosa" |
Em
1838, tendo em vista o movimento cada mais acentuado, em Paris e nos
arredores, da piedade do fieis para Maria concebida sem pecado, e
reconhecendo os preciosos resultados desta devoção na conversão
dos pecadores, o Arcebispo dirige-se ao Sumo Pontífice Gregório
XVI, pedindo-lhe para sua diocese três favores: 1º. A transferência
para o 1º domingo do Advento da solenidade da Imaculada Conceição,
“a fim de manter e de fortificar a devoção dos fieis”; 2º. A
licença de acrescentar ao Prefácio da Missa da festa Et
te in Immaculata Conceptione;
3º. A concessão de uma indulgência plenária, perpetuamente, para
o mesmo dia.
Por
um Rescrito de 7 de Dezembro de 1838, foi concedido, para a cidade e
arquidiocese de Paris, tudo quanto o Prelado pedia.
Logo
depois, Monsenhor de Quelen transvazou a sua alegria numa [Carta]
Pastoral, datada de 1º de Janeiro de 1839. Esse monumento de
piedade, um dos mais eloquentes, que se tem elevado em honra e glória
da Virgem de 1830, é uma análise brilhantíssima da invocação
escrita na Medalha: Ó
Maria concebida sem pecado.
A
Pastoral termina por esta prece admirável: em forma de hino
inspirado nas figuras bíblicas da Santíssima Virgem, nas palavras
da Saudação Angélica, na invocação gravada na Medalha Milagrosa,
e no ato de fé na Imaculada Conceição, composto por S. Luísa de
Marillac, que as Irmãs da Caridade recitam diariamente:
«Oh!
Maria Virgem, possuída de sabedoria, desde o início do caminho,
nuvem divinamente fecunda, sempre luminosa e nunca sombria, nova Eva
que esmagastes a cabeça infernal da serpente, corajosa Judite,
glória de Jerusalém, alegria de Israel, honra do nosso povo, amável
Ester, isenta da lei comum que pesa, como jugo de anátema, sobre
todos os filhos de Adão, cheia de graças, bendita entre todas as
mulheres, Maria
concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós;
por vossa virgindade santíssima, por vossa imaculada conceição,
Virgem puríssima, obtende-nos a pureza do coração e do corpo; em
nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.»
Pouco
tempo depois desta Carta Pastoral, Monsenhor de Quelen recebia, por
intermédio de um padre espanhol, da Congregação da Missão, uma
carta do Cardeal Francisco Xavier de Cienfuegos. O Arcebispo de
Sevilha, cheio de entusiasmo e admiração pela Patoral do Arcebispo
de Paris, convidava-o a fazer novo pedido à Santa Sé. Tratava-se de
alcançar do Papa a adição, à Ladainha de Nossa Senhora, de mais
essa invocação: Regina
sine
labe concepta, ora pro nobis.
Este
pedido parecia ao Cardeal conforme aos sentimentos de Monsenhor de
Quelen, e “ouso mesmo dizer, escreve ele, conforme aos desígnios
da divina providência na manifestação da Medalha Milagrosa, tão
célebre hoje em todo o mundo cristão.”
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Antiga gravura da invocação da Ladainha Lauretana: "Regina sine labe concepta, ora pro nobis". |
A
resposta do Arcebispo de Paris, foi a sua ação imediata. A 24 de
Julho de 1839, em nova Carta Pastoral, o virtuoso Prelado anunciava
aos fieis de sua Arquidiocese que a Santa Sé concedera a faculdade
de saudar a Santa Virgem, na Ladainha, com a invocação Regina
sine
labe concepta, ora pro nobis2.
Quanto
ao Inquérito Canônico, ah! Era impossível, então, continuá-lo.
Desde 15 de Agosto, o Arcebispo de Paris se encontrava em Conflans,
lutando com a moléstia que havia de arrebatá-lo. No último dia de
1839, o bom pastor exalou o derradeiro suspiro.
Antes,
porém, de sua morte, o piedoso Prelado concentrou o resto de seu
alento para escrever a terceira Carta Pastoral. Datada de 21 de
Novembro, esta Carta lembrava as solenidades próximas da Imaculada
Conceição.
Havia
algum tempo que o Arcebispo mandara fundir em bronze uma estátua
modelada pela visão da Irmã Catarina. Durante a oitava da
solenidade, mandou que expusessem num trono, ornado de flores, em
Notre-Dame, e que a levassem em procissão. Este costume tem se
conservado até hoje nas festas de Nossa Senhora na Catedral de
Paris.
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Fotografia autêntica tirada de Santa Catarina Labouré, em 1876, pouco antes de sua morte, e fac-símile da sua assi- natura |
O
mundo desconhecia, de fato, o nome de Catarina Labouré. Aos olhos
das próprias companheiras, ela não se distinguia em nada das outras
Irmãs de Caridade, senão talvez por um pouco a mais de sofrimento,
de fervor, de amor à vida humilde e obscura.
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FONTE:
livro “Santa
Catarina Labouré e a Medalha Milagrosa”,
Pe. Jerônimo Pereira de Castro, C.M., editora Vozes, 2ª
edição/1951, p. 140 a 144 – Texto revisto e atualizado, e
destaques acrescentados por nós.
2
A
invocação “Rainha Concebida sem Pecado Original” foi
introduzida na Ladainha de Nossa Senhora (Lauretana) pelo Papa
Gregório XVI em 1843.
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